O letramento em IA ganhou urgência com a evolução da IA generativa. Além de usar ferramentas, profissionais precisam compreender seu funcionamento, limites e riscos, um requisito que hoje se aplica a todas as empresa.
As ferramentas de IA como ChatGPT e Copilot passaram a integrar tarefas comuns de comunicação, análise e tomada de decisão, tornando o domínio básico de IA uma habilidade necessária em todas as camadas da organização.
Mais do que saber usar uma ferramenta, o letramento em inteligência artificial envolve saber interpretar respostas, identificar vieses, avaliar qualidade de dados e aplicar soluções de forma ética e alinhada ao negócio.
A própria UNESCO, reforça essa urgência ao posicionar a alfabetização em IA como uma prioridade global para garantir que tecnologias emergentes sejam usadas de forma segura, transparente e benéfica para a sociedade.
Isso vale tanto para o ambiente educacional quanto para o empresarial, onde o gap de alfabetização digital ainda é grande.
Neste artigo, será possível compreender com profundidade o desafio (e a oportunidade) de preparar pessoas e organizações para operar com inteligência artificial de forma responsável.
Os tópicos a seguir construirão o entendimento:
- O que é letramento em IA e por que é importante?
- Quais são os 3 pilares do letramento em IA?
- Por que o alfabetismo em IA virou tema nas empresas?
- Benefícios e impactos do letramento em IA
- Como implementar o letramento em IA nas empresas?

Continue a leitura para entender por que o letramento em IA se tornou um tema estratégico, quais são seus pilares e como começar essa jornada na sua empresa.
O que é letramento em IA e por que é importante?
O letramento em IA é a capacidade de entender, analisar e aplicar inteligência artificial de maneira crítica, ética e funcional. Ele amplia a autonomia no trabalho diante das tecnologias emergentes.
Enquanto a alfabetização tradicional se limita à compreensão de informações, o letramento em IA inclui habilidades práticas para interagir com sistemas inteligentes: formular boas instruções, validar respostas, identificar vieses e discernir quando a intervenção humana deve prevalecer.
Na cultura organizacional, essa competência ajuda profissionais a interpretar os usos e limites da IA, evitando tanto a desinformação quanto o deslumbramento tecnológico, promovendo decisões mais conscientes e alinhadas aos objetivos da empresa
Como surgiu o conceito de “literacIA”?
O termo “literacIA” surgiu da fusão entre “literacy” (letramento) e “IA”, quando pesquisadores perceberam que habilidades tradicionais de alfabetização não eram suficientes para lidar com sistemas inteligentes.
Ele foi adotado por educadores e instituições internacionais, como a UNESCO e a Organisation for Economic Co-operation and Development (OCDE), que defendem sua inclusão em currículos escolares e programas de capacitação profissional.
No Brasil, o debate ganhou força em estudos acadêmicos e pautas educacionais. Segundo a Revista Educação, o letramento em IA precisa formar pessoas que saibam interagir criticamente com algoritmos, e não apenas operá-los.
Quais são os 3 pilares do letramento em IA?

O letramento em IA é sustentado por três pilares:
- Compreensão técnica;
- Compreensão ética;
- Capacidade de aplicação
Juntos, eles estruturam uma formação que vai além da usabilidade, promovendo pensamento crítico e responsabilidade.
Compreensão técnica
A compreensão técnica diz respeito ao conhecimento básico sobre como os sistemas de IA funcionam: o que são algoritmos, como os dados são processados e quais os limites das máquinas.
Não se trata de aprender a programar, mas de saber como interpretar modelos de IA, reconhecer vieses e avaliar a confiabilidade dos resultados.
Compreensão ética
Já a compreensão ética envolve refletir sobre os impactos sociais, econômicos e culturais da IA. Questões como viés algorítmico, privacidade de dados e transparência precisam fazer parte do repertório dos colaboradores.
Em outras palavras, a compreensão ética diz respeito à capacidade de reconhecer os riscos e implicações do uso de IA não só no ambiente organizacional, como no cotidiano.
Essa dimensão está alinhada com diretrizes como a da OCDE para o uso responsável de IA, que destacam valores como equidade, segurança, explicabilidade e supervisão humana, fundamentais para evitar danos e orientar práticas corporativas maduras.
Capacidade de aplicação
A capacidade de aplicação é a habilidade de aplicar soluções de IA a contextos reais de trabalho, de forma crítica e estratégica.
Envolve identificar problemas que podem ser resolvidos com IA, escolher a ferramenta adequada, adaptar modelos ao contexto da empresa e interpretar os resultados para orientar decisões.
Também envolve acompanhar os impactos das soluções implementadas, medindo ganhos, detectando falhas, ajustando parâmetros e garantindo que a IA continue alinhada às práticas da organização.
Por que o alfabetismo em IA virou tema nas empresas?
O uso massivo da inteligência artificial está impactando o futuro do trabalho, exigindo que empresas desenvolvam letramento digital e novas competências em todos os níveis.
Segundo o Future of Jobs Report 2023, do World Economic Forum, e 6 em cada 10 trabalhadores vão precisar de treinamento até 2027, e que 82% das empresas planejam investir em aprendizagem e capacitação nesse período, com foco em pensamento analítico, criatividade e habilidades ligadas a IA e big data.
Com a popularização de ferramentas baseadas em IA, muitas atividades operacionais passaram a ser automatizadas. Ao mesmo tempo, surgem novas funções que exigem análise crítica, criatividade e tomada de decisões orientada por dados.
Nesse cenário, o alfabetismo em IA se tornou condição para a relevância profissional e a competitividade empresarial.
“A inteligência artificial só vai substituir quem não sabe usar, assim como qualquer tecnologia.”, comenta Tuanny Honesko, coordenadora de Marketing da Feedz. “O que a inteligência artificial não vai substituir é o cérebro humano, que é a maior máquina que existe. Então, vamos usá-lo para coisas mais estratégicas, mais interessantes e, eventualmente, para treinar essa inteligência artificial para o que realmente precisamos.””
O Fórum Econômico Mundial estima que, até 2025, cerca de 44% das habilidades exigidas no trabalho atual serão alteradas e tecnologias como a IA são protagonistas dessa mudança. Isso demanda um esforço coordenado de upskilling (aprimoramento de habilidades) e reskilling (requalificação profissional), principalmente entre lideranças.
Níveis organizacionais do alfabetismo em IA
O alfabetismo em inteligência artificial nas empresas costuma ser dividido em três níveis complementares, que representam diferentes formas de interação com a tecnologia: AI Leaders, AI Builders e AI Users.
- AI Leaders são os responsáveis por traçar a visão estratégica de IA na empresa, estabelecer diretrizes estratégicas, criar políticas internas e supervisionar os riscos relacionados à automação e uso de dados. Assim, eles garantem que iniciativas de IA estão alinhadas às metas do negócio.
- AI Builders são profissionais técnicos (desenvolvedores, cientistas de dados, engenheiros de ML) que projetam, treinam e ajustam soluções de IA. São eles quem traduzem as necessidades do negócio em aplicações tecnológicas viáveis e integráveis ao fluxo operacional.
- AI Users são colaboradores que utilizam as ferramentas de IA no dia a dia, como chatbots, plataformas preditivas, CRMs inteligentes ou sistemas de análise. São essenciais para que a tecnologia gere valor real, adotada de forma prática, consciente e produtiva.
Compreender essas três camadas ajuda o RH a desenvolver trilhas de capacitação mais eficazes, respeitando o nível de interação de cada grupo com a tecnologia. Ao invés de treinamentos genéricos, o letramento em IA pode ser aplicado de forma segmentada, estratégica e com resultados mais tangíveis.
Benefícios e impactos do letramento em IA

Investir em letramento em IA gera ganhos operacionais, estratégicos e sociais, mas exige atenção a riscos e limites éticos.
Entenda, a seguir, os benefícios e impactos com profundidade.
Benefícios do letramento em IA
Alguns dos impactos positivos diretos para empresas que investem nessa competência são:
- Maior autonomia das equipes no uso de IA;
- Redução de erros por má interpretação de ferramentas;
- Mais alinhamento entre tecnologia e valores organizacionais;
- Aumento da inovação interna e competitividade no mercado;
- Melhoria da governança e da segurança de dados
Segundo a EY Brasil, 64% das empresas que implantaram IA relataram aumento de produtividade quando houve capacitação prévia dos colaboradores.
Impactos e cuidados ao adotar IA
Apesar dos benefícios, a adoção de IA exige cuidados específicos. O principal é o risco de automatizar decisões com viés, especialmente em áreas como recrutamento, crédito ou segurança. Além disso, o uso indevido de dados pessoais pode gerar sanções legais e danos reputacionais.
Por isso, o letramento em inteligência artificial deve vir acompanhado de políticas internas sobre ética digital, comitês de tecnologia e uma governança que definam quem valida, supervisiona e assume responsabilidade pelas decisões apoiadas por IA.
Como implementar o letramento em IA nas empresas?
Mais do que oferecer cursos genéricos, implementar o letramento em inteligência artificial exige planejamento alinhado ao contexto e ao clima organizacional.
O objetivo não é formar especialistas, mas garantir que cada grupo desenvolva as competências necessárias para interagir com a IA de forma consciente e produtiva.
Os quatro passos principais para estruturar essa jornada são:
- Diagnóstico de maturidade: Mapear o grau de familiaridade dos colaboradores com temas como automação, algoritmos, éticae ferramentas generativas. Isso pode ser feito por pesquisas internas, entrevistas e análise do uso atual de tecnologias, identificando lacunas e oportunidades de melhoria;
- Treinamento por perfis: com base no diagnóstico, dividir os colaboradoresem AI Users, AI Builders e AI Leaders, oferecendo trilhas específicas para cada perfil. Isso aumenta o engajamento e evita treinamentos genéricos que não se conectam ao dia a dia de cada grupo.;
- Projetos-piloto com IA generativa: após os treinamentos iniciais, aplicar o conhecimento em tarefas reais. Testes com copilotos de produtividade, chatbots internos ou automações em áreas como RH, finanças e atendimento ajudam a consolidar o aprendizado e demonstram valor imediato.;
- Governança e ética: estabelecer diretrizes claras para uso responsável de IA, incluindo políticas de dados, critérios de validação de algoritmos, supervisão de riscos e revisão periódica da governança, acompanhando mudanças tecnológicas e regulatórias.
As empresas que seguem esse caminho conseguem transformar o letramento em IA em um ativo estratégico, alinhando inovação com responsabilidade e capacitando pessoas para liderar o futuro digital.
Conclusão
O letramento em IA deixou de ser uma escolha técnica para se tornar uma competência estratégica no mercado de trabalho. Ele habilita pessoas e empresas a lidarem com tecnologias complexas de forma consciente, segura e produtiva.
Para o RH, promover o alfabetismo em IA significa preparar o time para o presente, e não apenas para o futuro. Significa também garantir que a inovação tecnológica caminhe ao lado de valores humanos, transparência e responsabilidade.
Esse processo não é imediato, mas quanto antes começar, maiores as chances de usar a IA como um diferencial competitivo sustentável e não como um risco mal compreendido.
Continue acompanhando o blog Pontotel para se manter sempre atualizado sobre as mudanças tecnológicas que podem transformar a sua empresa e o seu ambiente de trabalho!

O Time Pontotel é composto por especialistas em administração, recursos humanos, direito e tecnologia, com experiência em controle de ponto digital e legislação trabalhista. Nossos recursos vêm de fontes oficiais, como o site do Governo Federal e a CLT. Além disso, passam por uma revisão conjunta do departamento jurídico e de Recursos Humanos. Esse processo assegura dados precisos e atualizados, convertendo alterações legislativas em diretrizes claras para empresas que desejam eficiência e conformidade.



