Benefícios de ter um conselho consultivo na empresa
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Time Pontotel 24 de outubro de 2025 Gestão de Pessoas

Conselho consultivo: o que é e quais são as estratégias para montar um advisory board na empresa?

Descubra como estruturar um conselho consultivo e quais estratégias tornam o advisory board um diferencial competitivo para organizações em crescimento.

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Nos bastidores das empresas em crescimento, existe um ponto em comum: chega a hora em que os desafios ficam grandes demais para serem resolvidos dentro da diretoria. Não é à toa que o número de empresas com conselho consultivo está aumentando.

Segundo o State of the Market Report 2019, elaborado pela Advisory Board Centre, existem aproximadamente 434.000 conselhos consultivos ativos no mundo, com 1,3 milhão de profissionais envolvidos nesse tipo de conselho.

Este guia traz mais detalhes sobre como esses conselhos funcionam, quais são as estratégias para montá-los e em que momento eles se tornam essenciais:

Saiba como estruturar um conselho consultivo!

O que faz um conselho consultivo?

Homem apresentando ideias para um grupo de pessoas em uma reunião de trabalho, ambiente de escritório moderno e colaborativo.

Conselho consultivo (advisory board) é um grupo de especialistas que apoiam uma empresa com orientações estratégicas.

Diferente do conselho de administração, ele não possui caráter deliberativo ou poder formal de decisão, sua função é oferecer análises e sugestões que ajudam os líderes a tomar decisões mais embasadas.

Como destaca o especialista Owen Jonathan, executivo da PwC no Reino Unido, no manual da empresa de gestão de executivos Odgers Berndtson:

Um conselho consultivo é um conjunto de indivíduos que está ali, fundamentalmente, para oferecer serviços de aconselhamento. Eles atuam como um grupo diverso de especialistas interessados.

Normalmente, fazem parte de um conselho consultivo:

  • Executivos de alto nível;
  • Empreendedores,
  • Especialistas de mercado;
  • Ex-CEOs que possuem visão ampla em gestão, finanças, marketing ou tecnologia.

Em algumas empresas, os membros do conselho consultivo atuam de forma pró-bono (ou seja, sem remuneração financeira, atuando de maneira voluntária em troca de aprendizado, networking ou impacto no projeto).

Em outros casos, a remuneração é feita em forma de honorários por participação em reuniões, pagamento mensal fixo ou até participação acionária, dependendo da relevância da atuação e do porte da empresa.

Qual o papel do conselho consultivo no RH?

O conselho consultivo pode analisar dados e fornecer sugestões ao RH sobre a definição de políticas de atração, retenção e desenvolvimento de talentos. Também pode trazer visões externas sobre temas atuais, como diversidade, saúde mental e engajamento.

Em muitos casos, os membros contribuem com o acompanhamento de indicadores de capital humano, como turnover, absenteísmo, produtividade e clima organizacional. O conselho ajuda a interpretar esses dados e a indicar estratégias de correção ou aprimoramento.

Em situações críticas, como sucessão de lideranças ou processos de reestruturação, os membros podem ser uma fonte independente de informações que reduz vieses e dá mais segurança às decisões da empresa.

Benefícios de ter um conselho consultivo nas empresas

Os efeitos aparecem tanto de forma direta, em decisões mais inteligentes e estratégicas, quanto de forma indireta, fortalecendo a cultura e o engajamento do time:

Tomada de decisões mais assertiva

Se a empresa tem um conselho consultivo, os gestores ganham um “filtro externo” que amplia o campo de visão para novas decisões. Os membros oferecem uma validação de ideias, apresentam sugestões e desafiam suposições anteriores, o que reduz vieses internos.

Um estudo da BDC (Business Development Bank of Canada) revelou que empresas com advisory board tiveram vendas 24% maiores e produtividade 18% superior comparadas às que não tinham essa estrutura.

Melhora na cultura organizacional e no clima interno

Nem sempre o problema está na estratégia; muitas vezes, é o ambiente que não favorece com que pessoas façam o melhor trabalho possível. Um conselho consultivo ajuda a provocar a liderança e confronta práticas que não conversam com os valores.

Em empresas com equipes altamente engajadas (um efeito direto de culturas bem cuidadas), há 78% menos absenteísmo e quedas expressivas de rotatividade: −21% em setores naturalmente mais rotativos e −51% em contextos de baixa rotatividade, quando comparadas às unidades de menor engajamento, segundo dados da Gallup.

Retenção e engajamento de colaboradores

Pessoas não ficam em empresas apenas pelo salário. Elas ficam quando se sentem parte de um propósito, quando percebem que são ouvidas e quando enxergam oportunidades de crescimento. Um conselho consultivo pode ajudar a construir esse ambiente porque amplia a visão do RH e da liderança sobre como reter talentos de forma estratégica.

Uma análise da Gallup com 183.806 unidades de negócio mostrou que os times com maior engajamento conquistaram 23% mais lucro, devido a menor rotatividade, menos faltas e maior produtividade. Um conselho consultivo pode catalisar esse tipo de cultura, trazendo insights para reforçar práticas internas e fortalecer a gestão de pessoas.

Como montar um conselho consultivo na empresa?

Reunião de equipe empresarial em sala de reuniões moderna com profissionais discutindo estratégias de negócios e inovação.

Nem toda empresa precisa de um conselho consultivo desde o primeiro dia. No início, quando o foco ainda está em validar o modelo de negócio e colocar a operação de pé, muitas vezes os próprios fundadores conseguem dar conta das principais decisões.

Mas, à medida que a empresa cresce, conquista mercado e passa a lidar com escolhas mais complexas, surge a necessidade de contar com um grupo de especialistas externos que ofereça novas perspectivas.

É nesse momento que montar um advisory board deixa de ser um “luxo” e passa a ser uma ferramenta estratégica para orientar o futuro da organização:

Escolha conselheiros estratégicos

A seleção dos conselheiros é o ponto de partida. Geralmente, quem assume esse papel já tem alguma conexão prévia com a empresa: pode ser um ex-executivo da organização que conhece o negócio, um parceiro de longa data, um investidor que já acompanha os resultados ou um mentor que já orientou os fundadores em outros momentos.

As relações prévias trazem confiança e reduzem a curva de adaptação, ao mesmo tempo que permitem que o conselheiro tenha a liberdade de opinar de forma independente.

Quantos conselheiros é o ideal? Segundo dados do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a recomendação é que a composição tenha de três a cinco conselheiros, número que garante diversidade de perspectivas sem tornar as discussões excessivamente complexas.

É importante buscar perfis que tragam visões diferentes daquelas que já existem na diretoria, para evitar a repetição de ideias e aumentar o valor estratégico do debate.

Integre o advisory board aos líderes

Não adianta montar um conselho consultivo se ele não estiver conectado ao dia a dia da gestão. Para gerar impacto real, é preciso criar pontes entre conselheiros e líderes internos. Algumas estratégias para tornar isso possível:

  • Organizar reuniões (bimestrais, trimestrais ou semestrais);
  • Compartilhar relatórios de desempenho;
  • Manter canais abertos para troca de informações.

Os executivos podem envolver o conselho nos principais dilemas estratégicos e estar dispostos a incorporar os aprendizados nas decisões. Quando existe integração, o conselho deixa de ser um órgão paralelo e se torna parte viva da estratégia.

Formalize a relação com os conselheiros

Mesmo que o conselho não tenha responsabilidades legais ou fiduciárias perante a empresa, é recomendável estabelecer um instrumento contratual para formalizar a relação com os conselheiros.

É necessário proteger as informações sensíveis da empresa e assegurar que os conselheiros não entrem em conflito com interesses concorrentes. Isso passa por:

  • Acordos de confidencialidade (NDAs), definindo claramente o que é confidencial, por quanto tempo e os procedimentos em caso de término da relação;
  • Cláusulas de propriedade intelectual, assegurando que qualquer conteúdo ou inovação desenvolvida dentro das atribuições do conselho pertença à empresa;
  • Políticas de conflito de interesse que obriguem à divulgação de possíveis impedimentos e permitam aval da empresa antes de o conselheiro assumir atividades que possam ser conflitantes.

O acordo formal pode ser um contrato de prestação de serviços, estatuto ou carta de intenções. O mais importante é definir expressamente que o conselheiro atua como consultor independente (independent contractor).

Perguntas frequentes sobre conselho consultivo

O conselho consultivo ainda é uma prática relativamente nova para muitas empresas brasileiras e, por isso, é natural que surjam dúvidas. Para ajudar a explicar os pontos mais comuns, aqui está um FAQ com respostas às perguntas frequentes:

É obrigatório ter conselho consultivo?

Não. O conselho consultivo não é uma exigência legal e sua criação é opcional. Diferentemente do conselho de administração (obrigatório em sociedades anônimas de capital aberto), o advisory board é uma prática de governança voluntária.

Qual a diferença entre mentor e conselheiro consultivo?

O mentor atua geralmente de forma individual, orientando o desenvolvimento pessoal ou profissional de um empreendedor ou executivo. Já o conselheiro consultivo participa de um órgão coletivo, com foco na estratégia do negócio todo, contribuindo com análises estruturadas e recomendações para a empresa em diferentes áreas.

Qual é o tempo de mandato de um conselheiro consultivo?

Não há obrigatoriedade legal de mandato, mas a boa prática é definir períodos de 1 a 2 anos, renováveis, permitindo rotatividade saudável de conselheiros e atualização de perspectivas.

Conclusão

Apesar de não ser obrigatório, o impacto de um conselho consultivo bem estruturado é sentido em todos os setores. As empresas que adotam esse modelo conseguem ampliar sua visão estratégica e criar um espaço de debate que enriquece as decisões da liderança.

Porém, para que isso aconteça, é necessário que a montagem do conselho siga critérios e que a relação com os conselheiros seja formalizada. Sem esse cuidado, o conselho corre o risco de se tornar apenas um fórum de boas intenções, sem impacto real.

Se quiser ficar por dentro das novidades sobre gestão empresarial e tecnologia para as empresas brasileiras, confira os últimos guias publicados no blog Pontotel.

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