Cresce o interesse por escalas de trabalho que propõem aumentar o tempo de descanso dentro da jornada semanal dos colaboradores. Mas, diante de propostas radicais que dependem da redução de carga horária, muitas organizações têm buscado alternativas mais viáveis no curto prazo, como o modelo nine-day fortnight.
Em 2024, o Brasil foi o primeiro país da América do Sul a realizar um piloto da semana de 4 dias de trabalho, com 19 empresas e 252 colaboradores. Dados da CNN mostram que os resultados indicaram que 97% gostariam de trabalhar nessa jornada reduzida.
O alto índice de aprovação da semana de 4 dias pressiona os empregadores a oferecerem escalas mais flexíveis. E uma das soluções mais simples de colocar isso em prática, sem precisar alterar a carga horária total ou a estrutura das operações, é o nine-day fortnight.
Este guia explica mais sobre como funciona esse modelo, os desafios para sua implementação e como adotá-lo na empresa. Confira o que será explicado mais adiante:
- O que é a escala nine-day fortnight?
- Quais os benefícios da nine-day fortnight para empresas e colaboradores?
- Desafios na implementação da nine-day fortnight
- Como implementar a nine-day fortnight na sua empresa?
- Como fazer o acompanhamento dessa jornada de trabalho?
- Conclusão
Continue a leitura e descubra os benefícios do modelo nine-day fortnight

O que é a escala nine-day fortnight?

A escala nine-day fortnight é um modelo de jornada de trabalho no qual o funcionário cumpre suas horas semanais em nove dias, dentro de um período de duas semanas, em vez de dez dias úteis tradicionais.
Na prática, isso significa que, a cada quinzena, o colaborador trabalha nove dias e folga um (geralmente uma sexta-feira). O arranjo é possível porque os dias trabalhados costumam ter uma carga horária ligeiramente maior do que a habitual.
Por exemplo, em vez de trabalhar 8 horas por dia durante 10 dias (totalizando 80 horas), o profissional trabalha 8 horas e 53 minutos por dia durante 9 dias, mantendo as mesmas 80 horas quinzenais. Assim, ele conquista um dia extra de folga sem redução salarial.
O modelo tem ganhado atenção por oferecer mais tempo para descanso, lazer ou compromissos pessoais, o que pode reduzir o estresse e aumentar a satisfação no trabalho.
Diferenças entre nine-day fortnight e semana de 4 dias
A nine-day fortnight oferece uma escala de trabalho mais leve e fácil de aplicar, sendo ideal para empresas que querem testar novos formatos sem grandes rupturas, enquanto a semana de 4 dias (escada 4×3) representa um salto mais ambicioso rumo a um modelo de trabalho que valoriza mais o tempo livre e o foco nas entregas.
Abaixo, confira uma tabela com as principais diferenças entre os dois modelos:
Critérios | Nine-day fortnight | Semana de 4 dias |
Horas semanais | 9 dias em 14 (quinzena) | 4 dias por semana |
Dia de folga | Mantém a carga horária total (ex: 40h semanais em 9 dias) | Reduz a carga horária (ex: de 40h para 32h semanais) |
Redução salarial | 1 sexta-feira a cada duas semanas | 1 dia fixo por semana (geralmente sexta ou segunda) |
Impacto na operação | Moderado: exige apenas redistribuição de horas | Alto: exige revisão de metas, processos e indicadores |
Adesão empresarial | Visto como um modelo de transição ou teste | Considerado mais disruptivo e exige mudança cultural |
Popularização no Brasil | Ainda pouco conhecido | Ganhou notoriedade após mobilização nas redes sociais e projeto de lei |
Quais os benefícios da nine-day fortnight para empresas e colaboradores?
Diferentemente de mudanças radicais que assustam gestores ou exigem reestruturações profundas, o modelo de nine-day fortnight oferece um meio-termo estratégico, que gera valor tanto para quem emprega quanto para quem trabalha. Veja abaixo!
Redução do estresse e melhora no equilíbrio vida-trabalho
Um dos impactos mais imediatos percebidos por quem adota a nine-day fortnight é a melhora no bem-estar emocional. Ter um dia de folga a cada duas semanas permite ao colaborador organizar compromissos pessoais, descansar ou simplesmente aproveitar um tempo livre sem precisar esperar as férias.
A flexibilidade no trabalho tem um efeito direto sobre o estresse e a qualidade dos resultados, como destaca Carla Souza, coordenadora de marketing da Pontotel, “uma jornada flexível permite um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, proporcionando satisfação e felicidade tanto no trabalho quanto em casa.”.
Atração e retenção de talentos
A escala nine-day fortnight sinaliza que uma empresa está alinhada com as transformações do mundo do trabalho e preocupada com a experiência de quem faz parte do time. Isso pesa na decisão de aceitar uma proposta ou continuar em um cargo.
Mariá Menezes Boaventura, diretora de pessoas e cultura da Sankhya, resume bem esse posicionamento:
“Considerando o contexto de muitas mudanças no mercado e uma competição acirrada, as empresas estão constantemente buscando se diferenciar. Na minha opinião, a chave para essa diferenciação reside na capacidade das empresas de atrair e manter as melhores pessoas engajadas em seus negócios, que são altamente relevantes.”.
Aumento da produtividade e motivação
Com mais tempo para si, o colaborador tende a entregar mais e melhor. Isso não é uma suposição: é resultado direto da relação entre bem-estar e desempenho. Em vez de controlar horários rigidamente, o modelo nine-day fortnight dá liberdade com responsabilidade.
Como explica Lara Avelino, psicóloga organizacional:
“Quanto mais bem-estar proporcionamos para um colaborador, maior será a produtividade que ele trará.”.
O que parece contraintuitivo à primeira vista (trabalhar menos dias e produzir mais) se revela uma equação de alto rendimento quando a empresa entende que desempenho não se mede apenas por horas sentadas em frente ao computador.
Desafios na implementação da nine-day fortnight
As empresas que adotam esse modelo colhem benefícios importantes, mas não sem antes enfrentar ajustes internos. A seguir, entenda quais são alguns dos principais desafios que surgem no processo de transição para o modelo nine-day fortnight.
Reorganização das equipes e redistribuição de tarefas
Em empresas onde há interdependência entre setores ou funções que exigem presença contínua, não é possível simplesmente liberar todos ao mesmo tempo. Isso significa que gestores precisam coordenar escalas, reavaliar cronogramas e garantir que os prazos sigam sendo cumpridos mesmo com menos dias de trabalho.
Além disso, pode ser necessário treinar colaboradores para que cubram múltiplas funções ou otimizem seu tempo com mais precisão, o que exige planejamento detalhado e acompanhamento próximo nos primeiros ciclos.
Adaptação da cultura organizacional
Algumas empresas ainda operam sob uma lógica de controle rígido, onde tempo de presença é confundido com produtividade. Nessas estruturas, propor uma mudança como a nine-day fortnight pode gerar resistência, sobretudo em cargos de liderança que associam longas jornadas a comprometimento.
Mudar esse pensamento exige não só ajustes operacionais, mas também uma transformação cultural: trocar o foco em horas por foco em entregas. Esse processo pode ser lento e requer comunicação interna transparente, alinhamento de expectativas e, muitas vezes, uma revisão das métricas de desempenho.
Avaliação de impacto na operação e nos resultados
A nine-day fortnight precisa ser tratada como um experimento com objetivos e indicadores bem definidos. É necessário observar como a produtividade se comporta, como os clientes percebem eventuais mudanças nos prazos e como o time responde emocional e tecnicamente à nova dinâmica.
A falta de dados pode gerar insegurança em negócios mais tradicionais. Por isso, o acompanhamento próximo dos primeiros meses e a disposição para ajustar o modelo conforme os aprendizados são critérios para o sucesso da implementação.
Como implementar a nine-day fortnight na sua empresa?

A adesão ao modelo nine-day fortnight começa com um ajuste estratégico: garantir que a nova escala seja compatível com a carga horária legal e operacional, ou seja, redistribuir as horas de trabalho semanais (geralmente 40 horas) ao longo de 9 dias.
Na prática, os colaboradores passam a trabalhar cerca de 8 horas e 53 minutos por dia durante duas semanas, conquistando uma sexta-feira livre a cada quinzena sem redução de salário ou produtividade. Outras estratégias para implementar a nine-day fortnight com eficiência:
- Realinhar contratos de trabalho para adaptar cláusulas sobre jornada e compensações, seguindo o que está previsto na legislação trabalhista;
- Identificar áreas que exigem cobertura contínua e definir escalas alternadas para que as operações não sejam interrompidas;
- Substituir métricas baseadas em presença por indicadores de entregas, qualidade e produtividade;
- Testar um projeto-piloto, ou seja, adotar a nova escala em um setor específico ou em uma equipe reduzida para avaliar impactos e fazer ajustes;
- Criar reuniões, treinamentos e materiais de apoio para garantir que gestores estejam preparados para conduzir a transição.
Se a empresa ainda mede performance apenas por presença física ou tempo online, o modelo tende a enfrentar resistência e até retrocessos. Por isso, mais do que mudar o calendário, é preciso mudar o modo de pensar a produtividade.
Como fazer o acompanhamento dessa jornada de trabalho?

O acompanhamento da jornada nine-day fortnight exige uma estrutura de gestão tão flexível quanto o próprio modelo. Como se trata de uma jornada que redistribui as horas em nove dias em um ciclo quinzenal, o ideal é adotar uma ferramenta digital para o controle de ponto que vá além da simples marcação de entradas e saídas.
A Pontotel é a plataforma de controle de ponto online mais completa do mercado. Com ela, você pode centralizar dados sobre a jornada de trabalho em tempo real, como horários de entrada, pausas, saídas, faltas, atrasos e bancos de horas. Também é possível cruzar esses dados com os indicadores de desempenho para a tomada de decisões.
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Conclusão
Fica claro que o nine-day fortnight é uma solução viável para atender à crescente demanda de profissionais que buscam mais flexibilidade na jornada de trabalho, sem que isso dependa, necessariamente, da redução da carga horária total.
Porém, para que essa estratégia funcione de forma sustentável, os líderes precisam estar munidos das ferramentas certas. E uma delas é indispensável: um sistema de controle de ponto online que centralize a gestão da jornada dos colaboradores.
Se quiser obter mais insights sobre gestão da jornada dos colaboradores e tecnologias para as empresas, confira as novidades recentes do blog Pontotel.