A economia compartilhada vem ganhando espaço nas discussões sobre novas formas de trabalho, consumo e modelos de negócio. Trata-se de uso compartilhado de bens e serviços, com ênfase no acesso em vez da posse.
Plataformas colaborativas tornaram-se intermediárias centrais entre ofertantes e demandantes. Contudo, apesar de suas promessas, surgem desafios, desde regulação até viabilidade econômica no longo prazo. Vale analisar tanto os pontos fortes quanto os limites desse modelo.
Este texto explica o que é economia compartilhada, como ela funciona na prática, seus benefícios e desafios, se pode ser sustentável a longo prazo, e apresenta cases brasileiros para exemplificar. Conheça o tema através dos seguintes tópicos:
- O que é economia compartilhada?
- Como funciona a economia compartilhada na prática?
- A economia compartilhada é sustentável a longo prazo?
- Cases brasileiros de economia compartilhada

Boa leitura!
O que é economia compartilhada?
É um sistema em que indivíduos ou organizações compartilham o uso de bens, serviços ou recursos ociosos, geralmente por meio de plataformas digitais, focando o acesso temporário ao invés de permanente.
Como a economia compartilhada surgiu?
As raízes da economia compartilhada remontam a práticas antigas de cooperação e escambo (troca direta de bens).
No século XX, movimentos de economia solidária e organizações comunitárias usavam modelos de empréstimos coletivos ou compartilhamento. Com a popularização da internet e dos smartphones, essas práticas ganharam escala digital e passaram a permitir o emparelhamento eficiente entre oferta e demanda.
A crise financeira de 2008 também foi catalisadora: consumidores e empresas buscaram formas de reduzir custos e aproveitar ativos subutilizados. Isso impulsionou o surgimento de plataformas que intermediaram o compartilhamento de carros, imóveis, espaços de trabalho, entre outros.
Qual a diferença entre economia compartilhada e colaborativa?
Os termos economia compartilhada e economia colaborativa são muitas vezes usados como sinônimos, mas há distinções sutis:
- A economia colaborativa enfatiza cooperação, cocriação e compartilhamento entre pares com foco coletivo;
- A economia compartilhada refere-se ao uso eficiente de recursos, intermediado por plataformas digitais, com modelos de negócio.
Os dois termos se fundem, e plataformas como Uber e Airbnb, por exemplo, são classificadas em ambos os contextos. Além disso, “gig economy” (economia de trabalhos esporádicos) é frequentemente associada à economia compartilhada, ao conectar trabalhadores a demandas pontuais via plataformas.
Práticas como o Job Sharing, que permitem a divisão de jornada entre profissionais, são influenciadas por conceitos de economia colaborativa.
Como funciona a economia compartilhada na prática?

Na prática, as plataformas conectam ofertantes (que disponibilizam bens ou serviços) aos usuários que pagam pelo uso temporário, dividindo receitas, tarifas e responsabilidades, com avaliações e contratos digitais.
Além de promover sustentabilidade e inovação, a economia compartilhada favorece formatos de trabalho mais autônomos e adaptáveis. Como destaca Bruno Rodrigues, CEO da GoGood, “a flexibilidade é um fator de atração, de retenção de talentos e é especialmente uma questão de bem-estar”.
Quais são os benefícios desse modelo?
- Redução de custos: empresas ou indivíduos podem alugar ou compartilhar bens em vez de comprar;
- Melhor aproveitamento de ativos ociosos: por exemplo, um imóvel vago ou um carro parado podem gerar receita;
- Acesso facilitado: consumidores conseguem usufruir bens sem precisar possui-los, promovendo flexibilidade;
- Flexibilidade para trabalhadores: a economia de plataformas cria oportunidades para renda complementar, estimulando o desenvolvimento de uma mentalidade Gig;
- Impacto ambiental positivo: menos produção de bens novos e uso mais eficiente de recursos;
- Cultura de confiança e comunidade: as transações envolvem avaliações, reputação e feedback, incentivando comportamentos positivos.
Desafios e limitações da economia compartilhada
- Regulação e legalidade: muitos modelos operam em áreas legais cinzentas, como transporte ou hospedagem;
- Concentração de poder: poucas plataformas dominam o mercado, reduzindo a autonomia dos ofertantes;
- Sustentabilidade financeira: tarifas, comissões e monetização podem sufocar os ofertantes;
- Desigualdade e precarização: trabalhadores podem ter insegurança de renda, sem benefícios trabalhistas;
- Resistência cultural: algumas pessoas ainda valorizam a posse e desconfiam do compartilhamento;
- Conflitos de interesse com modelos tradicionais: por exemplo, hotéis e taxistas contestam plataformas como Airbnb e Uber.
A economia compartilhada é sustentável a longo prazo?
A sustentabilidade depende do equilíbrio entre receita das plataformas, modelo regulatório adaptado, participação ativa dos usuários e evolução constante para valores sociais e ambientais.
Como empreender na economia compartilhada?
- Identifique ativos ou serviços com demanda latente e oferta ociosa (por exemplo, veículos, espaços, ferramentas);
- Desenvolva uma plataforma digital que conecte ofertantes a consumidores, com mecanismo de confiança (avaliações, garantias);
- Estabeleça modelo de receita (comissão, assinatura, transação);
- Garanta governança clara, contratos, seguros e regulamentação;
- Invista em marketing e rede de usuários para atingir efeito de rede (quanto mais usuários, maior valor para cada parte);
- Monitore métricas como taxa de utilização, retenção, CAC (custo de aquisição de cliente), LTV (valor de vida do cliente).
Impacto cultural e econômico da economia compartilhada
Culturalmente, a economia compartilhada promove a mentalidade de uso coletivo, a confiança em redes e o comportamento colaborativo. Economicamente, pode gerar novas fontes de renda, distribuir ativos e incentivar inovação.
No Brasil, 24% dos brasileiros afirmam que alugariam seus pertences (ex.: roupas, ferramentas), segundo uma pesquisa da Casa do Construtor e AGP Pesquisas. Estima-se que, até 2025, a economia colaborativa responda por 30% do PIB de serviços brasileiros, de acordo com dados da PwC.
Relação com sustentabilidade, ESG e economia circular
O modelo dialoga fortemente com ESG (ambiental, social e governança) ao fomentar uso eficiente de recursos, redução de desperdício e acesso colaborativo. Também se conecta à economia circular: ao estender a vida útil de produtos por meio de compartilhamento, reduz-se a extração de novos insumos e a geração de resíduos.
Empresas que incorporam práticas de compartilhamento em suas cadeias podem melhorar sua performance ESG, reputação e competitividade.
Cases brasileiros de economia compartilhada

No Brasil, diversas empresas representam modelos de sucesso de economia compartilhada:
- Uber: conecta motoristas a passageiros, com sistema de tarifas dinâmicas;
- Airbnb: permite que proprietários aluguem imóveis para visitantes;
- Enjoei: marketplace de compra e venda de usados entre pessoas;
- DogHero: conecta cuidadores de animais a donos que viajam;
- Turbi: aluguel de carros por hora entre usuários;
- Coworkings: espaços compartilhados de trabalho para profissionais autônomos.
Futuro da economia compartilhada
Espera-se que novas verticais surjam, como o compartilhamento de energia (eletromobilidade), mobilidade elétrica, plataformas de utensílios domésticos e equipamentos industriais.
De acordo com a IEA, a eletrificação e a expansão de infraestrutura de recarga (com previsão de mais de 20 milhões de carros elétricos vendidos em 2025) abrem espaço para novas verticais como compartilhamento de energia e modelos de mobilidade elétrica em plataforma
Tecnologia blockchain, IoT e contratos inteligentes também prometem fortalecer a confiança e automação. De acordo com a Scientific Reports (Nature), blockchain, IoT e contratos inteligentes já viabilizam negociação P2P de energia com rastreabilidade e automação, fortalecendo a confiança entre pares.
Empreendimentos híbridos (modelo compartilhado + modelo tradicional) também serão frequentes, de acordo com o World Economic Forum. Modelos de “sharing” e “product as a service” tendem a se expandir em bens domésticos e equipamentos industriais, inclusive em arranjos híbridos que combinam oferta tradicional e compartilhada.
Conclusão
O conceito de economia compartilhada reconfigura como bens e serviços são acessados, priorizando o uso colaborativo em vez da posse individual. Ao conectar ofertantes a usuários por meio de plataformas digitais, esse modelo propõe eficiência econômica, sustentabilidade e novas formas de geração de valor.
Para funcionar bem no longo prazo, depende de equilíbrio entre monetização, regulação apropriada, confiança e compromisso social. O Brasil já conta com casos expressivos e potencial para expansão em múltiplos setores.
Empresas e profissionais de RH devem observar essa tendência e pensar como incorporar práticas colaborativas, incentivar habilidades digitais e preparar estruturas de captação e retenção de talentos nesse novo cenário.
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