“Agora me fale: quais são os seus pontos fortes e fracos?”. A pergunta, que é um ritual obrigatório nas entrevistas de emprego, esconde a intenção de saber mais sobre a autopercepção e a maturidade profissional dos candidatos em entrevistas de emprego.
Apesar disso, as respostas nem sempre cumprem esse papel. Muitos candidatos recorrem a fórmulas prontas, elogiam a si mesmos de forma disfarçada ou mencionam fraquezas irrelevantes, na tentativa de se proteger ou de parecer inteligentes.
Para todos os profissionais que enfrentam processos seletivos, entender a lógica por trás dessa questão pode ser o diferencial entre uma entrevista e uma oportunidade conquistada. Veja o que este guia explicará mais adiante sobre o tema:
- O que são pontos fortes e fracos?
- Por que os recrutadores fazem essa pergunta?
- Como identificar os pontos fortes e fracos?
- O que dizer sobre pontos fortes e fracos em uma entrevista?
- Erros comuns ao falar sobre pontos fortes e fracos

A seguir, saiba como responder a essa pergunta nas próximas entrevistas de emprego.
O que são pontos fortes e fracos?
Os pontos fortes e fracos são comportamentos, habilidades ou atitudes que influenciam o desempenho individual de um profissional no ambiente de trabalho. Ambos estão diretamente ligados à autopercepção, ou seja, à capacidade do indivíduo de reconhecer e compreender suas próprias qualidades e limitações.
Exemplos de pontos fortes
Os pontos fortes geralmente são qualidades que favorecem o alcance de bons resultados profissionais. Eles podem estar ligados tanto a habilidades técnicas (hard skills) quanto a comportamentais (soft skills). Confira alguns exemplos:
- Capacidade analítica;
- Facilidade para comunicação por meio de fala e escrita;
- Adaptabilidade e flexibilidade;
- Gestão do tempo e pontualidade;
- Resolução de problemas;
- Bom em trabalho em equipe;
- Facilidade para trabalhar com metas;
- Criatividade;
- Liderança;
- Disposição para aprender de forma contínua.
Exemplos de pontos fracos
Pontos fracos são limitações, dificuldades ou aspectos que, se não forem gerenciados, podem comprometer o desempenho profissional, como:
- Dificuldade em delegar tarefas;
- Excesso de autocrítica;
- Procrastinação em tarefas rotineiras;
- Ansiedade em situações de pressão;
- Timidez em reuniões presenciais;
- Resistência inicial a mudanças;
- Dificuldade com feedback negativo;
- Impaciência com processos lentos;
- Foco excessivo em detalhes;
- Baixa familiaridade com ferramentas do seu nicho.
Por que os recrutadores fazem essa pergunta?
Os recrutadores fazem a pergunta sobre pontos fortes e pontos fracos para avaliar o nível de autoconhecimento, a maturidade emocional e a capacidade do candidato de refletir sobre sua própria trajetória profissional.
Apesar de ainda ser usada de forma direta em muitas entrevistas, essa pergunta representa apenas uma das formas de chegar a um objetivo mais amplo: entender o perfil comportamental do candidato.
Em boa parte dos casos, o recrutador já conhece o currículo, o histórico profissional e as habilidades técnicas do candidato. O que falta descobrir na entrevista é como essa pessoa se comunica, reage a pressões, lida com conflitos, se adapta a mudanças e trabalha em equipe. Ou seja, a entrevista é uma ferramenta de análise comportamental.
Essa abordagem é confirmada por dados. Conforme o LinkedIn’s 2019 Global Trends Report, 75% dos profissionais de aquisição de talentos utilizam perguntas comportamentais para avaliar habilidades sociais.
A leitura da linguagem corporal também é muito valorizada, sendo usada por 70% desses profissionais. Em seguida, aparecem as perguntas situacionais (58%), a análise de projetos práticos (31%) e as avaliações baseadas em tecnologia (19%).
Como identificar os pontos fortes e fracos?

Quando o recrutador pergunta sobre pontos fortes e fracos, ele não espera perfeição, ele espera uma autoavaliação genuína do candidato. E essa consciência não aparece de um dia para o outro. Ela é construída com análise e reflexão.
A boa notícia é que existem caminhos claros para adquirir mais autoconhecimento. Veja três estratégias para quem quer chegar mais preparado ao momento decisivo:
Faça uma autoavaliação
Em muitos casos, os comportamentos automáticos do dia a dia escondem tanto as maiores qualidades quanto os principais desafios de uma pessoa. Reconhecer o que funciona e o que ainda precisa evoluir depende de pausa, análise e intenção. O que fazer para uma autoavaliação mais honesta:
- Anote suas conquistas profissionais dos últimos anos e identifique que tipo de competência foi essencial em cada uma;
- Pense em desafios profissionais já enfrentados e reflita sobre como lidou com eles;
- Liste situações em que houve frustração ou dificuldade constante e tente identificar padrões de comportamento.
Tente não fazer a autoavaliação em um único dia. Voltar aos pontos depois de algumas horas ou até dias ajuda a revisar as percepções com mais clareza e menos autocrítica.
Peça feedback de terceiros
Colegas, líderes e até clientes têm experiências diretas com o seu trabalho e podem ajudar a revelar qualidades que passam despercebidas ou comportamentos que poderiam ser ajustados. O segredo está em pedir e saber ouvir com neutralidade. Veja cinco maneiras de usar o feedback dos outros em favor próprio:
- Pergunte a colegas de confiança quais são os seus três principais pontos de destaque no dia a dia profissional;
- Peça a um gestor (atual ou anterior) para citar situações em que suas ações foram decisivas em um projeto ou impactaram os resultados;
- Solicite exemplos de comportamentos que poderiam ser melhorados e pergunte como isso afeta a equipe.
Quando um ponto negativo aparecer mais de uma vez, tente investigar em quais contextos ele surge, pois isso ajuda a separar fraquezas estruturais de dificuldades pontuais.
Utilize ferramentas e testes
Testes de personalidade, assessment de competências e plataformas de mapeamento comportamental podem oferecer insights sobre pontos fortes e fracos. Aqui estão algumas formas para aproveitar bem esses recursos:
- Faça o teste de personalidade MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) para entender suas preferências de comportamento e tomada de decisão;
- Experimente o teste DISC para descobrir seu perfil predominante em ambientes profissionais (dominância, influência, estabilidade ou conformidade);
- Compare os resultados dos testes com situações reais já vividas no trabalho para validar o que faz sentido.
Resultados de testes não devem ser tratados como verdades absolutas. O mais importante é usar as informações como ponto de partida para reflexões mais profundas sobre sua atuação profissional.
O que dizer sobre pontos fortes e fracos em uma entrevista?
A clássica pergunta sobre pontos fortes e fracos deixa de ser uma armadilha ao conhecer o próprio valor e saber em que se pode crescer. Veja o que responder no momento certo:
Estratégias para apresentar seus pontos fortes
Existe um jeito certo de falar sobre os pontos fortes: o segredo está em ser específico e trazer exemplos reais. Em vez de usar palavras genéricas como “sou proativo” ou “tenho espírito de equipe”, o ideal é mostrar essas características em ação. Algumas estratégias para destacar pontos fortes:
- Relacione seus pontos fortes com o que a vaga exige para mostrar que o perfil procurado foi compreendido;
- Traga situações em que esses pontos foram úteis, como em projetos bem-sucedidos ou metas atingidas;
- Use verbos de ação e resultados quantificáveis sempre que possível;
- Evite exageros ou uma lista extensa demais (dois ou três pontos fortes bem explicados são mais eficazes que um discurso inflado);
- Pontos fortes funcionam melhor quando estão conectados a resultados. Mostrar impacto é sempre mais convincente do que apenas declarar qualidades.
Estratégias para abordar seus pontos fracos
Existe também um jeito certo de falar sobre os pontos fracos: sinceridade. Não se trata de se expor ou se autossabotar, mas de reconhecer pontos que já estão em desenvolvimento e demonstrar que há atenção quanto a eles.
O foco deve estar na superação e no aprendizado, não apenas na limitação. Veja algumas estratégias para tratar os pontos fracos de forma estratégica:
- Escolha um ponto que seja verdadeiro, mas que não comprometa diretamente a vaga para a qual está se candidatando;
- Mostre o que tem sido feito para melhorar esse aspecto, como cursos, mudança de hábitos ou novos métodos de trabalho;
- Evite clichês como “sou perfeccionista demais” ou “trabalho demais”, pois eles soam forçados e não revelam autoconhecimento real;
- Foque em comportamentos e não em traços fixos de personalidade, pois comportamentos são mais fáceis de desenvolver.
A maneira como os pontos fracos são usados pode ser mais importante do que o conteúdo em si. Como diz uma publicação da Harvard Business Review, os recrutadores podem usar as fraquezas do candidato para testar suas habilidades:
“Um entrevistador pode se lembrar da sua fraqueza e usá-la contra você — mesmo inconscientemente —, então você precisa limitar e mitigar quaisquer impressões potencialmente prejudiciais.”
Erros comuns ao falar sobre pontos fortes e fracos
Mesmo com preparo, é fácil escorregar na hora de falar sobre pontos fortes e fracos. Às vezes, por querer parecer o candidato ideal. Outras, por tentar evitar qualquer brecha que possa parecer negativa. Só que, nesse esforço, muita gente acaba dizendo exatamente o que o recrutador não quer ouvir.
Os 6 erros comuns que podem comprometer a resposta em uma entrevista de emprego e deixar uma impressão ruim:
- Falar que é “perfeccionista”, “proativo” ou “trabalhador demais” sem contextualizar soa ensaiado;
- Listar várias qualidades sem demonstrar como elas se aplicam na prática pode parecer vaidade, insegurança ou tentativa de disfarçar algo;
- Dizer que “não consegue pensar em nada” ou que “não tem nenhum defeito relevante” demonstra falta de autocrítica;
- Mencionar uma dificuldade ligada à função, como dizer que tem problemas com prazos para uma vaga de gestor de projetos, pode ser um tiro no pé;
- Citar uma limitação sem dizer o que se está fazendo para superá-la dá a impressão de que o problema está parado, sem iniciativa de mudança.
Os erros não significam que o profissional seja despreparado, mas podem dar essa impressão se não forem corrigidos a tempo.
Conclusão
A clássica pergunta sobre pontos fortes e fracos pode parecer previsível nas entrevistas de emprego, mas isso não significa que é preciso dar respostas óbvias para os recrutadores. Pelo contrário: justamente por ser tão comum, essa é uma chance de mostrar que um candidato tem o perfil para a vaga.
Não é preciso decorar frases prontas nem tentar esconder fragilidades, basta se preparar para o que será dito. Se bem trabalhadas, as qualidades ganham força, e até as limitações passam a contar pontos.Se quiser mais dicas sobre recrutamento e seleção ou conhecer tecnologias que otimizam a rotina de trabalho, confira as novidades do blog Pontotel.