Carreira não linear: por que esse modelo está em alta?
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Time Pontotel 21 de março de 2025 Gestão de Pessoas

Carreira não linear: o que é, tipos e por que esse modelo está ganhando espaço no mercado de trabalho

Entenda o que é carreira não linear, como esse modelo surgiu, suas características e por que empresas e profissionais devem se preparar para essa tendência.

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A ideia tradicional de crescimento profissional segue um caminho reto e previsível. No entanto, a realidade nem sempre acompanha esse roteiro.

Mudanças no mercado de trabalho e na forma como os profissionais enxergam suas carreiras levaram ao surgimento da chamada carreira não linear.

Esse conceito define trajetórias profissionais que fogem do modelo tradicional de ascensão hierárquica. Este artigo explicará as características desse modelo de carreira e os fatores que explicam por que ele é uma tendência. Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:

Boa leitura!

O que é uma carreira não linear?

Miniaturas de pessoas em uma encruzilhada, ilustrando escolhas na carreira não linear.

A carreira não linear é um modelo de desenvolvimento profissional que rompe com a ideia tradicional de progressão vertical, cujo foco é subir na hierarquia dentro de uma mesma área ou empresa.

Em vez disso, esse modelo valoriza movimentos laterais intencionais e planejados, que podem incluir mudanças de setor, área, pausas e até recomeços. Isso não significa trocar de emprego o tempo todo sem planejamento, mas sim tomar decisões intencionais.

Na prática, esse modelo permite que os profissionais explorem diferentes áreas, desenvolvam habilidades interdisciplinares e se adaptem às constantes mudanças do mercado. 

Como surgiu esse conceito?

O conceito de carreira não linear surgiu como resposta às transformações do mercado de trabalho e às novas expectativas de profissionais e empresas. 

Nas últimas décadas, muitas organizações passaram por um processo de “achatamento” de suas estruturas, reduzindo os níveis hierárquicos para aumentar a eficiência operacional. 

O problema é que isso resultou em menos oportunidades de crescimento tradicional. Ao mesmo tempo, a busca por desenvolvimento profissional tem aumentado. O relatório Workpulse 2024 revelou que colaboradores sem acesso a programas de desenvolvimento têm 2x mais chances de buscar um novo emprego

Em outras palavras, a falta de crescimento pode impactar diretamente a retenção de talentos. Nesse cenário, a carreira não linear surgiu como uma alternativa viável, permitindo que os profissionais expandam suas habilidades e aumentem sua visibilidade, mas sem depender exclusivamente de promoções.

Quais os tipos de carreiras não lineares?

Existem diferentes tipos de carreiras não lineares. Todas oferecem flexibilidade, mas cada uma segue um caminho distinto de desenvolvimento profissional. Conheça a seguir as principais variações:

Carreira em X

A carreira em X prioriza a versatilidade e a adaptação do profissional a diferentes funções e áreas dentro de uma organização. Em vez de buscar um cargo específico, o foco está em atingir um propósito de longo prazo. Nesse modelo, o profissional transita por diversas áreas da empresa conforme as necessidades surgem. 

Carreira em Y

A carreira em Y oferece duas opções de crescimento a partir de um determinado ponto da trajetória profissional: liderança ou especialização técnica. O formato da letra “Y” representa essa bifurcação, mostrando que os dois caminhos têm a mesma importância e reconhecimento. 

Esse modelo permite que profissionais altamente qualificados cresçam sem a obrigação de assumir cargos de gestão. Em vez disso, eles podem escolher o caminho que melhor se alinha ao seu perfil e interesses. 

Carreira em W

A carreira em W pode ser considerada uma evolução da Y. Nesse modelo, o profissional pode transitar entre liderança e especialização. Isso significa que ele pode atuar como líder, mas sem abandonar sua expertise técnica. 

Carreira linear vs. não linear: quais as diferenças?

A principal diferença entre carreira linear e não linear está na forma como o crescimento profissional acontece. O modelo linear segue um caminho previsível e hierárquico, com foco na ascensão vertical dentro de uma mesma área ou empresa. Por isso, tende a ser menos flexível. 

Já a carreira não linear segue uma dinâmica diferente. Conforme explicado, ela não tem uma trajetória fixa ou hierárquica. O profissional pode transitar entre áreas, funções e setores, adquirindo experiências diversas enquanto desenvolve múltiplas habilidades. Esse modelo é mais flexível e adaptável às mudanças do mercado. 

Por que as carreiras não lineares estão se popularizando?

Mulher trabalhando remotamente e sorrindo, refletindo flexibilidade em uma carreira não linear.

As carreiras não lineares estão se popularizando devido a uma série de fatores que refletem as transformações no mercado de trabalho, as expectativas dos profissionais e as necessidades das empresas. Entenda a seguir os principais motivos dessa mudança:

Aumento da expectativa de vida

A população está vivendo mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050, duas em cada seis pessoas terão 60 anos ou mais. Com esse aumento na longevidade, a tendência é que a vida profissional também se estenda. A projeção é que muitas pessoas sigam trabalhando por até 60 anos. 

Para se manterem ativos por tanto tempo, os profissionais precisarão investir em aprendizado contínuo e buscar posições que não sejam extenuantes. As carreiras não lineares oferecem essa flexibilidade, permitindo que os trabalhadores se reinventem e explorem novos caminhos ao longo de décadas.

Mudança nos valores do trabalho

Os profissionais estão buscando mais do que um bom salário. Segundo uma pesquisa da WeWork, para 46% dos entrevistados, a flexibilidade é um valor inegociável para profissionais de todas as gerações, de Baby Boomer à Geração Z

“Falamos da geração Z, dos millennials, que realmente vêm buscando sentido, propósito e um ambiente alinhado aos seus valores. Hoje, o salário por si só não é suficiente. Começamos a falar, por exemplo, da flexibilidade de horários”, comenta Lara Avelino, analista de RH e psicóloga organizacional.

Além de modelos de trabalho mais flexíveis, as pessoas valorizam cada vez mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. E as carreiras não lineares atendem a essa demanda. 

Maior peso das habilidades 

As empresas estão cada vez mais focadas em contratar com base nas habilidades dos candidatos, em vez de considerar apenas diplomas ou tempo de experiência. Nesse cenário, as carreiras não lineares ganham força, já que valorizam a diversidade de experiências e a capacidade de adaptação.

Alteração da força de trabalho

Os níveis de engajamento e lealdade dos trabalhadores às empresas estão diminuindo. Segundo o Índice de Confiança Robert Half (ICRH), 54% dos profissionais pretendem mudar de emprego em 2025. 

Esse movimento pode ser impulsionado por diversos fatores, como melhores salários, benefícios mais atrativos e oportunidades de crescimento. Mais uma vez, a carreira não linear surge como uma alternativa para atender a essas expectativas.

Conclusão

A carreira não linear é um modelo profissional flexível, que permite ao trabalhador transitar entre áreas, setores e funções conforme seus interesses, habilidades e as demandas do mercado. Ela pode seguir diferentes formatos, como as carreiras em X, Y e W, cada uma com características específicas.

Esse modelo surge como uma resposta a transformações do mercado de trabalho e fatores como aumento de expectativa de vida e busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A tendência é que ele se torne cada vez mais comum, exigindo que empresas e trabalhadores se adaptem a essa nova realidade.

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