As atividades de treinamento vivencial estão mais populares do que nunca. Isso porque os métodos tradicionais de capacitação do mundo corporativo, que costumam ser mais teóricos e pouco interativos, não se mostraram capazes de lidar com a falta de engajamento das novas gerações com o mundo do trabalho.
Segundo a pesquisa mundial da Gallup “State of the Global Workplace” (Estado do Local de Trabalho Global, na tradução do inglês), apenas 23% dos funcionários no mundo estão engajados. Os resultados também mostram que a grande maioria, 62%, não está engajada, e 15% dos funcionários estão ativamente desengajados em seus trabalhos.
Para enfrentar esse cenário, o departamento de Recursos Humanos (RH) e as lideranças das empresas têm a opção de usar o treinamento vivencial para fornecer experiências de aprendizado que façam a diferença no engajamento e no desempenho dos colaboradores.
Este artigo explica em mais detalhes o que é o treinamento vivencial e como ele pode ser implementado nas empresas. Entenda os benefícios dessa abordagem, as etapas necessárias, além de exemplos que podem ser adaptados a diferentes contextos:
- O que é um treinamento vivencial?
- Quando os treinamentos vivenciais são indicados para as empresas?
- Quais são os 4 tipos de treinamento?
- Quais as vantagens do treinamento vivencial para empresas?
- Exemplos de treinamentos vivenciais
- Como o RH pode realizar um treinamento vivencial?
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O que é um treinamento vivencial?
O treinamento vivencial é uma metodologia de capacitação fora do ambiente convencional de trabalho que utiliza técnicas experimentais e dinâmicas de grupo para desenvolver habilidades e competências.
Ao invés de focar em aulas teóricas, o treinamento vivencial busca proporcionar experiências práticas e interativas, nas quais os participantes vivenciam situações reais ou simuladas. Geralmente, são usados jogos cooperativos e desafios ao ar livre, como trilhas ou atividades de escalada.
O treinamento vivencial tem sua base na teoria da aprendizagem experimental, desenvolvida por David A. Kolb. Essa teoria defende que o aprendizado é mais eficaz quando ocorre por meio da experiência direta.
Segundo a aprendizagem experimental, o conhecimento é adquirido por meio de um ciclo contínuo de quatro etapas: a experiência concreta, a reflexão sobre essa experiência, a formação de conceitos a partir das reflexões e, por fim, a aplicação prática desses conceitos em novas situações.
Para David A. Kolb, no livro Experiential Learning Theory (1984), a aprendizagem pode ser definida como “o processo pelo qual o conhecimento é criado por meio da transformação da experiência. O conhecimento resulta da combinação de apreender a experiência e transformá-la”.
A experiência de estar fora do contexto do trabalho contribui para uma maior conexão entre os participantes, que têm a oportunidade de interagir de forma mais espontânea e construir laços que podem beneficiar o ambiente de trabalho quando retornam à rotina.
Quando os treinamentos vivenciais são indicados para as empresas?
Os treinamentos vivenciais são muito usados nas empresas quando os líderes e o RH sentem que precisam auxiliar o desenvolvimento da equipe, mas a verdade é que não existe uma motivação exata para aplicá-los.
Treinamentos não servem apenas para lidar com momentos desafiadores ou quando tudo está dando errado. Pelo contrário, as capacitações podem ser úteis em várias situações. Às vezes, as equipes estão cumprindo metas de desempenho, mas os líderes precisam fortalecer a integração entre os times ou preparar os colaboradores para novos desafios.
Mas, mesmo sem uma grande motivação por trás, o treinamento vivencial pode ser uma boa opção de capacitação para sair da rotina, renovar o ânimo da equipe e trazer um novo olhar para os desafios do dia a dia.
Quais são os 4 tipos de treinamento?
No contexto corporativo, o treinamento é uma parte fundamental para o desenvolvimento das habilidades dos colaboradores e a melhoria do desempenho organizacional. Ele pode ser dividido em quatro tipos principais.
1. Treinamento de integração
Esse tipo de treinamento é como um “boas-vindas” para novos colaboradores. A ideia aqui é apresentar a empresa, seus valores, a cultura organizacional e as expectativas em relação ao trabalho do colaborador recém-contratado.
2. Treinamento comportamental
O foco do treinamento comportamental é desenvolver habilidades interpessoais. Esses treinamentos geralmente incluem workshops e role-playing, que permitem aos participantes praticar a comunicação, o trabalho em equipe e a liderança em um ambiente seguro.
3. Treinamento técnico
Este tipo de treinamento é o mais objetivo de todos, pois serve para garantir que os colaboradores possuam as habilidades técnicas necessárias para desempenhar suas funções de forma eficiente.
4. Treinamento motivacional
Diferentemente de outros tipos de treinamento, que têm um foco mais técnico ou funcional, o treinamento motivacional tem o objetivo de ajudar o colaborador a se automotivar e identificar inspirações para sua carreira.
Quais as vantagens do treinamento vivencial para empresas?
As atividades baseadas no treinamento vivencial têm ganhado popularidade devido à capacidade de proporcionar experiências de aprendizado únicas. Os ganhos que as empresas podem aproveitar ao optar por esse tipo de treinamento incluem:
- Aprimoramento de soft skills como comunicação oral, liderança e trabalho em equipe;
- Nível de envolvimento muito maior do que os métodos tradicionais;
- Internalização dos valores e dos objetivos da organização de maneira mais profunda pelos colaboradores;
- Recebimento de feedback instantâneo sobre o desempenho.
Essas vantagens fazem do treinamento vivencial uma excelente opção para as empresas que buscam métodos não convencionais para treinar suas equipes.
E as desvantagens?
Apesar de todas as vantagens, o treinamento vivencial também tem suas desvantagens, e é bom que as empresas estejam cientes delas antes de investir em capacitações fora do ambiente de trabalho. Aqui estão algumas desvantagens:
- Organizar um treinamento vivencial pode ser mais caro do que os métodos tradicionais, já que envolve logística, materiais e, muitas vezes, a contratação de facilitadores especializados;
- Esse tipo de treinamento pode demandar mais tempo, o que pode ser um problema em empresas que precisam de resultados rápidos;
- Alguns colaboradores podem ser resistentes a sair da sua zona de conforto e participar de atividades mais dinâmicas e fora do convencional;
- Avaliar o impacto do treinamento vivencial pode ser complicado, já que as mudanças podem ser sutis e não tão fáceis de quantificar.
É importante pesar essas questões e analisar se o treinamento vivencial se encaixa nas necessidades e no perfil da equipe da empresa.
Exemplos de treinamentos vivenciais
Existem diferentes dinâmicas que podem ser realizadas fora das instalações da empresa que permitem aos colaboradores participar de experiências práticas de aprendizado. Conheça quais são elas a seguir.
Desenvolvimento de lideranças
A formação de líderes exige experiências que vão além da teoria, e muitas vezes, o ambiente ao ar livre oferece a oportunidade perfeita para isso. Dinâmicas de trilha são ótimas para esse propósito.
Os participantes podem ser desafiados a completar um percurso e enfrentar obstáculos naturais, como subidas, terrenos irregulares ou até mesmo desafios de navegação com mapas e bússolas. Durante a atividade, os participantes precisam se dividir em funções, como quem lidera, quem cuida da comunicação e quem é responsável pela logística.
Desenvolvimento corporativo
No desenvolvimento corporativo, a ideia é trabalhar habilidades para o crescimento da empresa, como negociação, planejamento estratégico e inovação. Um tipo de atividade muito usada é a simulação do ambiente de negócios. Funciona assim: os colaboradores formam equipes que simulam ser diferentes empresas competindo em um mercado fictício.
Cada participante precisa tomar decisões sobre investimentos, contratações e desenvolvimento de produtos, enquanto lida com imprevistos que surgem ao longo do caminho. O objetivo é ver qual “empresa” se sai melhor no final.
Team building
Construir uma equipe unida e eficiente não é uma tarefa que acontece instantaneamente. Os treinamentos de team building são criados exatamente para isso: melhorar a comunicação e a colaboração entre os membros de uma equipe.
Uma atividade clássica de team building é o escape room corporativo: a equipe precisa resolver junta uma série de enigmas para “escapar” de uma sala. Essa atividade é excelente para fortalecer a confiança mútua e a resolução de problemas sob pressão.
Outra dinâmica muito usada é a corrida de obstáculos. Nesse caso, os participantes precisam completar tarefas juntos, superando dificuldades e confiando uns nos outros. É um jeito de fazer com que todos entendam a importância do trabalho em equipe.
Como o RH pode realizar um treinamento vivencial?
Por mais fora do convencional que um treinamento vivencial possa parecer, a ideia surge para atender a uma demanda interna da empresa. Na prática, é fundamental que a equipe de RH esteja atenta às necessidades da equipe e aos objetivos da empresa.
Confira um passo a passo de como o RH pode realizar um treinamento vivencial, desde a concepção da ideia até a execução das atividades:
- Levantamento de necessidades: realizar reuniões, entrevistas ou pesquisas com a equipe para entender as principais lacunas;
- Definição de objetivos: estabelecer o que se espera alcançar com o treinamento, como melhorar a colaboração ou aumentar a comunicação entre departamentos;
- Escolha do local: selecionar um ambiente que favoreça a interação e o aprendizado, como um parque, chácara ou espaço ao ar livre;
- Planejamento das atividades: definir as dinâmicas que serão realizadas, com o foco em promover habilidades específicas, como trabalho em equipe e liderança;
- Contratação de facilitadores (se necessário): se o local ou a complexidade das atividades exigir, contratar facilitadores especializados para guiar o treinamento;
- Comunicação à equipe: informar os colaboradores sobre o treinamento, explicando sua importância e o que será esperado deles durante a experiência;
- Execução do treinamento: realizar o treinamento conforme o planejado e garantir que as atividades sejam conduzidas de maneira organizada;
- Coleta de feedback: durante e após o treinamento, criar um espaço seguro para que os colaboradores compartilhem suas impressões e sugestões.
No final, vale a pena organizar reuniões ou check-ins para avaliar como os aprendizados estão sendo aplicados no dia a dia e se os objetivos foram alcançados.
Conclusão
Mesmo que a ideia de um treinamento vivencial apareça de repente, o ideal é sempre pensar em como as atividades se conectam às demandas da empresa. As experiências fora do convencional podem transformar a dinâmica da equipe, mas para isso é preciso que sejam bem planejadas e alinhadas com os objetivos organizacionais.
O departamento de RH, nesse processo, é responsável por conectar as necessidades da equipe com as atividades propostas. Desde o planejamento até a execução, cada etapa deve ser pensada para que todos os participantes se sintam engajados.Para mais insights sobre gestão de pessoas e tecnologias para o local de trabalho, confira as publicações recentes do blog Pontotel.