O patrimônio de uma empresa representa sua estabilidade financeira. Na verdade, quando uma organização pretende expandir e buscar investimentos, os investidores primeiro avaliam o valor do patrimônio que ela possui. Portanto, é crucial que gestores invistam na gestão patrimonial para proteger e expandir os seus recursos financeiros.
No Brasil, a preocupação com a expansão do patrimônio ainda tende a ser um tema raro entre as empresas. Uma pesquisa de 2020 da consultoria Falconi revelou que apenas 10% das médias empresas brasileiras possuem um planejamento para o longo prazo.
Essa falta de preparação gera inúmeros riscos. Sem uma visão clara do futuro e sem a devida atenção aos ativos, as empresas enfrentam dificuldades para alcançar o crescimento sustentável, adaptar-se às mudanças e enfrentar crises econômicas.
Este artigo vai explicar em detalhes como funciona a gestão patrimonial, revelando os segredos para uma administração eficiente e abordando a importância crítica dessa prática para as empresas brasileiras. Confira, a seguir, um resumo do artigo:
- O que é a gestão patrimonial?
- Para que serve a gestão patrimonial?
- Passo a passo para uma gestão patrimonial efetiva
- Quais são os tipos de gestão patrimonial?
- Quem precisa fazer a gestão patrimonial?
Continue a leitura e aproveite as dicas!
O que é a gestão patrimonial?
A gestão patrimonial é um conjunto de práticas que se dedica à administração de bens, direitos e obrigações financeiras de empresas, pessoas ou famílias. Seu objetivo principal é assegurar a preservação e o crescimento do patrimônio por meio de um controle estratégico dos recursos financeiros e uma aplicação inteligente desses bens.
Trata-se de um serviço a longo prazo que inclui diferentes atividades, como a elaboração de um planejamento estratégico, a análise de riscos, a definição de metas financeiras, a diversificação dos investimentos e o acompanhamento constante dos resultados.
Vale ressaltar que o conceito de “patrimônio” abrange todo tipo de bem que pode ser convertido em dinheiro. Em essência, ele pode ser agrupado em quatro categorias distintas.
O primeiro grupo é composto pelos bens tangíveis, que incluem dinheiro em espécie, investimentos e imóveis. Esses elementos representam uma parte substancial do patrimônio e requerem uma gestão cuidadosa para garantir sua preservação e valorização.
O segundo grupo é formado pelos bens intangíveis, que englobam patentes, marcas, licenças e outros direitos de propriedade intelectual. Embora não possam ser tocados, esses ativos possuem valor econômico significativo e necessitam de uma gestão estratégica para maximizar seus benefícios.
O terceiro grupo refere-se aos passivos, que abrangem dívidas, custos operacionais, salários e outros compromissos financeiros. É fundamental que a gestão patrimonial seja capaz de gerenciar os passivos para minimizar impactos negativos que podem afetar o patrimônio líquido.
O último grupo é composto pelos direitos, que envolvem pagamentos a receber de aluguéis, percentuais em negociações e outros rendimentos futuros. A gestão adequada desses direitos é fundamental para otimizar o fluxo de caixa e potencializar ganhos financeiros.
Para que serve a gestão patrimonial?
Diante da falta de gestão patrimonial, anos de trabalho, investimentos, aquisição de propriedades e direitos promissores podem ser perdidos. Um capital conquistado com afinco pode ser reduzido ou permanecer estagnado, incapaz de alcançar seu verdadeiro potencial, se não for gerido com práticas especializadas.
No caso de empresas, a gestão patrimonial desempenha um papel ainda mais central. Afinal, além dos motivos abordados anteriormente, ela é uma base para a elaboração de um documento contábil: o balanço patrimonial.
Esse é um tipo de demonstração financeira que apresenta a situação das finanças de uma organização em determinado momento. O balanço mostra os ativos, os passivos e o patrimônio líquido, ou seja, cria um panorama claro da saúde financial da empresa.
Não é à toa que esse documento é utilizado para informar os stakeholders, sejam eles acionistas, investidores, bancos ou fornecedores. Por oferecer uma análise completa do patrimônio da empresa, o balanço permite que os interessados avaliem sua solidez, sua capacidade de pagamento e seu crescimento futuro.
É importante ressaltar que a gestão patrimonial não se restringe a empresas de capital aberto. Mesmo em empresas de menor porte ou familiares, os cuidados com o patrimônio são cruciais para garantir a proteção dos ativos da empresa e a tomada de decisões embasada em dados sólidos.
Passo a passo para uma gestão patrimonial efetiva
Embora os princípios fundamentais sejam os mesmos para todos os casos, é importante reconhecer que existem práticas que podem ser adaptadas de acordo com as necessidades e especificidades de uma organização. Portanto, confira a seguir o passo a passo e veja como a gestão patrimonial pode se adaptar à realidade da sua empresa.
Faça um inventário dos bens da empresa
O inventário é a lista de todos os ativos tangíveis e intangíveis de uma empresa ou pessoa, como imóveis, equipamentos, estoques, marcas e patentes. Ter um panorama claro do patrimônio é o passo inicial para tomar qualquer decisão estratégica e monitorar seu crescimento ao longo do tempo.
Avalie o ativo imobilizado e as vidas úteis
Com o inventário pronto, é preciso dar início a uma avaliação minuciosa do ativo imobilizado da empresa, considerando não apenas o valor contábil, mas também aspectos como o custo de reposição, o valor justo de mercado e o valor residual esperado ao final da vida útil de cada bem.
Identificar o custo de reposição permite estimar quanto seria necessário investir para adquirir um ativo similar ou equivalente no mercado atual. Essa informação é valiosa para determinar se o valor contábil do ativo está em conformidade com os preços de mercado.
Já o valor justo é o montante pelo qual um ativo poderia ser trocado entre partes interessadas, em uma transação realizada em condições de mercado. Esse valor é determinado considerando fatores como oferta, demanda, condições econômicas e características específicas do ativo. Por fim, o valor residual representa a estimativa do preço que um ativo terá ao final de sua vida útil.
Estabeleça metas financeiras realistas
Com uma visão clara do patrimônio e dos ativos, é hora de estabelecer metas financeiras realistas para a empresa. Essas metas devem ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazos definidos (critérios da metodologia SMART).
As metas podem incluir expectativas de crescimento de receita, redução de custos, aumento da rentabilidade ou qualquer outro indicador relevante para a organização.
Elabore um plano de ação para alcançar essas metas
Um plano de ação é o caminho a ser seguido para transformar objetivos abstratos em ações concretas e alcançar resultados tangíveis. É importante que seja um documento flexível, capaz de se adaptar a mudanças nas circunstâncias e às necessidades emergentes, mas também precisa ser avaliado regularmente para garantir que as ações planejadas estejam sendo implementadas.
Cada objetivo estabelecido deve ser acompanhado de ações bem definidas. Por exemplo, para reduzir os custos operacionais, podem ser identificadas ações como renegociar contratos de fornecedores e implementar medidas de eficiência energética.
Quais são os tipos de gestão patrimonial?
Existem diversos tipos de gestão patrimonial disponíveis no mercado, cada um com suas características e enfoques específicos. Os principais tipos são: consultorias empresariais, Wealth Management e bancos de investimento.
Consultorias empresariais
As consultorias empresariais são serviços voltados para a administração do patrimônio de uma empresa. Além dos bens tangíveis, como imóveis e investimentos, também inclui ativos intangíveis, como marcas, direitos autorais e patentes.
Esse tipo de gestão abrange a criação de balanço patrimonial, otimização de custos, contabilidade e outras atividades relacionadas. Geralmente, as consultorias empresariais são contratadas para resolver problemas específicos e oferecem soluções pontuais.
Wealth Management
O Wealth Management, ou gestão de riquezas, é um serviço voltado para grandes fortunas familiares ou individuais. Esse tipo de gestão abrange desde a parte fiscal até os investimentos. Dentro do Wealth Management, pode-se ainda distinguir dois subtipos: o Private Wealth Management e o Family Wealth Management.
O Private Wealth Management é direcionado a clientes com grandes patrimônios individuais. Nesse caso, toda a estratégia é definida com base nos objetivos específicos de uma pessoa, como a criação de um plano para a aposentadoria. O valor mínimo para contratar esse serviço varia de acordo com a empresa ou o profissional.
Já o Family Wealth Management concentra-se na gestão patrimonial familiar. O objetivo é preservar e expandir o patrimônio da família, beneficiando todos os seus membros. Além das atividades comuns ao Wealth Management, esse serviço envolve planejamento sucessório e criação de inventário.
Bancos de investimento
Os bancos de investimentos são outra opção para a gestão patrimonial. Eles contam com profissionais e uma variedade de produtos para auxiliar na administração dos bens. No entanto, esses serviços não são exclusivos ou personalizados. As soluções são padronizadas e oferecem suporte em demandas básicas.
Na comparação com outras opções, as consultorias empresariais e o Wealth Management costumam estudar as melhores opções financeiras e recomendá-las aos clientes.
Quem precisa fazer a gestão patrimonial?
A gestão patrimonial é recomendada a qualquer pessoa ou empresa com bens a serem geridos. Afinal, é do interesse de todos que possuem um patrimônio preservá-lo e valorizá-lo com o passar do tempo. Porém, a gestão é especialmente recomendada para as empresas ou pessoas físicas detentoras de grandes fortunas, e há boas razões para isso.
Primeiro, é preciso entender que grandes volumes de dinheiro não podem ser gerenciados de forma genérica. Soluções personalizadas são indispensáveis para lidar com a complexidade e a diversidade de ativos e investimentos envolvidos.
Nesse sentido, a gestão patrimonial atua de modo adaptado às necessidades específicas de cada cliente e aos desafios que sua fortuna apresenta.
Além disso, a gestão patrimonial abrange uma ampla gama de atividades que vão além de simplesmente administrar recursos financeiros. Como foi visto neste artigo, envolve também organização financeira, controle fiscal, gestão de custos, planejamento sucessório e uma série de outras demandas que exigem conhecimentos especializados.
Logo, uma pessoa sozinha, sem a devida formação contábil e administrativa, dificilmente teria expertise e disponibilidade para lidar com todas essas responsabilidades.
Conclusão
Ao longo deste artigo, foi possível explorar o funcionamento da gestão patrimonial e entender os diferentes tipos disponíveis dessa gestão. Por meio do passo a passo apresentado, fica evidente que essa prática requer um planejamento cuidadoso, a avaliação constante dos ativos e a implementação de estratégias financeiras realistas.
Por fim, é importante lembrar que a gestão patrimonial não é um processo estático, mas sim um compromisso contínuo. As empresas devem estar abertas a realizar ajustes e adaptações, considerando as mudanças do mercado e buscando o apoio de profissionais especializados.
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