Mentir na entrevista de emprego pode parecer inofensivo para alguns candidatos, mas é uma prática que compromete a confiança entre empresa e profissional desde o início. Com o mercado cada vez mais criterioso, qualquer informação falsa pode gerar consequências graves.
Exageros em resultados, formação inventada e até uso de deepfake têm aparecido nos processos seletivos. Estão surgindo candidatos falsos, que simulam identidades por meio de IA, acendendo um alerta para áreas de RH e exigindo atenção redobrada.
Este artigo mostra os principais riscos de mentiras em entrevistas, os tipos mais comuns e como identificá-las. O objetivo é ajudar recrutadores nas avaliações de candidatos para evitar erros que prejudiquem a cultura e a credibilidade da empresa. Serão discutidos os seguintes tópicos:
- O que acontece se mentir na entrevista de emprego?
- Tipos de mentiras mais comuns em processos seletivos
- Como identificar candidatos que mentem na entrevista?
Continue para entender como identificar um candidato mentiroso!
O que acontece se mentir na entrevista de emprego?

Uma pesquisa recente da FlexJobs mostrou que 1 em cada 3 trabalhadores admite ter mentido em seu currículo, o que indica que tais distorções são relativamente comuns também em entrevistas de emprego, já que muitos dos dados mencionados no currículo são posteriormente utilizados nas entrevistas.
Além dessa pesquisa, outro estudo, da Heach Recursos Humanos, mostrou que, em 2019, cerca de 42% dos currículos recebidos continham algum tipo de mentira ou imprecisão, número que saltou para 61% em 2020, repercutindo nas entrevistas.
Consequências imediatas para o candidato ao mentir na entrevista
Mentir já na fase inicial de seleção pode gerar:
- Rejeição instantânea, caso o recrutador perceba inconsistências;
- Cancelamento da proposta de emprego mesmo após o candidato parecer ideal no processo;
- Saturação de alertas internos nos sistemas de recrutamento que detectam discrepâncias entre o que foi informado e documentos reais.
Segundo uma pesquisa da CareerBuilder, 75% dos empregadores detectaram algumas informações falsas no currículo, e 58% diziam que ligariam para os empregadores anteriores para checar dados importantes.
Impactos na reputação profissional em longo prazo
No longo prazo, as mentiras podem resultar em:
- Histórico manchado se o candidato já foi desligado de outra empresa por falsificação;
- Indicações profissionais comprometidas, com antigos empregadores ou colegas hesitando em recomendar o colaborador;
- Barreiras em futuras entrevistas caso a informação falsa vaze em redes como LinkedIn.
Segundo estudo da University Policy da UNC, ser descoberto mentindo em um currículo ou entrevista costuma resultar em desqualificação imediata e danos à reputação profissional, além de possíveis consequências legais ou contratuais.
Um exemplo real citado no estudo é o caso de David Tovar, porta-voz da Walmart, que foi demitido após quase duas décadas quando se descobriu que ele havia falsamente alegado ter cursado uma universidade, o que ilustra como uma mentira pode vir à tona e manchar a imagem profissional mesmo muitos anos depois.
“Nós do RH precisamos desenvolver os colaboradores e, para isso, é fundamental um onboarding robusto. Isso envolve fornecer informações sobre o produto para que eles possam entender o dia a dia, compreender as políticas e a cultura da empresa, discernir o que faz sentido, o que é permitido e o que não é.”, conta Lara Avelino, analista de RH e recrutadora.
Ela reforça a ideia de que, quando o onboarding é bem conduzido, fica mais fácil detectar incompatibilidades entre o discurso do candidato na entrevista e sua postura após a contratação, algo crítico quando se lida com candidatos que mentem.
Tipos de mentiras mais comuns em processos seletivos
Conforme a Pesquisa dos Profissionais Brasileiros realizada pela Catho, 92,2% dos recrutadores afirmam que já flagraram mentiras de candidatos em etapas de um processo seletivo.
A psicóloga e assessora de carreira da Catho, Elen Souza, listou as 5 mentiras mais comuns: experiências profissionais, formação acadêmica, habilidades técnicas, domínio de outro idioma e resultados alcançados em algumas experiências profissionais.
A seguir, confira um resumo de como os candidatos se portam quando mentem sobre esses aspectos curriculares. Além disso, foi destacado o uso de falsas identidades criadas com IA.
Projetos e resultados exagerados
Candidatos costumam inflar responsabilidades ou resultados, dizendo ter gerado aumentos significativos em métricas sem comprovação. Isso tende a ser descoberto quando são solicitados detalhes ou explicações aprofundadas.
Formação acadêmica e habilidades técnicas inventadas
É comum falsificar instituições, cursos ou especializações. Também ocorrem mentiras sobre proficiência em idiomas ou softwares. Plataformas como LinkedIn muitas vezes recebem atualizações não verificadas, e testes práticos podem expor a ausência de conhecimento real.
Uso de deepfake e identidades falsas
Há casos emergentes de candidato falso, utilizando ferramentas de inteligência artificial para criar rostos e vozes (deepfake) e participar de entrevistas sem ser quem diz ser.
Segundo reportagem da Fortune, 17% dos gestores de contratação já se depararam com candidatos que utilizaram tecnologia deepfake para alterar as entrevistas por vídeo até o final de 2024.
Como identificar candidatos que mentem na entrevista?

Conforme reportagem da Exame, confrontar o currículo com perguntas práticas é uma forma eficaz de expor incoerências. O RH precisa estar atento a sinais verbais, contradições e evasivas que indicam falta de verdade nas respostas. Entenda melhor como fazer isso:
Técnicas de entrevista comportamental
- Avalie entrevistas baseadas em experiências passadas (STAR: Situação, Tarefa, Ação, Resultado), pedindo detalhes específicos e verificáveis;
- Faça perguntas de follow‑up sobre os projetos mencionados, checando profundidade e lógica narrativa.
Cruzamento de dados e checagem de referências
- Verifique diretamente com universidades, instituições e antigas empresas para confirmar formação e empregabilidade;
- Entre em contato com referências profissionais e colegas, buscando informações concretas sobre desempenho e responsabilidades.
Ferramentas de verificação de imagem e voz
- Ferramentas de verificação facial podem indicar se a imagem do candidato foi gerada ou adulterada por meio de inteligência artificial;
- Softwares de análise de voz (voiceprint) conseguem detectar padrões ou sinais típicos de deepfake.
Alguns insights sobre processos seletivos podem ajudar a elaborar práticas de seleção mais eficazes para garantir uma experiência positiva para todos os candidatos, reduzindo bastante os riscos de distorções.
Conclusão
Detectar inconsistências logo na entrevista evita prejuízos futuros e protege a integridade da equipe. Quando o RH consegue identificar um candidato falso ou uma tentativa de fraude, ele preserva a cultura organizacional e evita riscos operacionais.
Mentiras em entrevistas indicam mais do que falta de ética: são sinais de condutas que podem se repetir no ambiente de trabalho. Ignorar esse comportamento pode gerar conflitos, queda de desempenho ou até danos à reputação da empresa.
Por isso, investir em entrevistas bem conduzidas, validação de dados e uso de tecnologia não é um diferencial, é uma necessidade estratégica. Um processo seletivo sólido filtra não só os melhores talentos, mas também bloqueia perfis que colocariam em risco a confiabilidade do time.
Continue acompanhando o blog Pontotel para entender como identificar bons ou maus candidatos antes de integrá-los aos seus times.

O Time Pontotel é composto por especialistas em administração, recursos humanos, direito e tecnologia, com experiência em controle de ponto digital e legislação trabalhista. Nossos recursos vêm de fontes oficiais, como o site do Governo Federal e a CLT. Além disso, passam por uma revisão conjunta do departamento jurídico e de Recursos Humanos. Esse processo assegura dados precisos e atualizados, convertendo alterações legislativas em diretrizes claras para empresas que desejam eficiência e conformidade.