Rapport: o que é a técnica e como o RH pode utilizar
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Time Pontotel 9 de maio de 2025 Gestão de Pessoas

Rapport: entenda a importância da técnica para o RH e como pode ajudar no processo de recrutamento e seleção

Aprenda como a técnica de rapport pode ajudar recrutadores a reduzir a ansiedade dos candidatos e identificar talentos em seletivas.

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Em um mercado de trabalho orientado por dados e resultados, é fácil esquecer que os processos seletivos ainda são, antes de tudo, encontros entre seres humanos. E é justamente nessa dimensão humana que o rapport se revela fundamental.

Embora muitos recrutadores já aplicam essa técnica de forma intuitiva, compreender os fundamentos e benefícios do rapport pode potencializar seus efeitos e transformá-lo em um instrumento para melhorar a qualidade das contratações.

Este artigo explica mais sobre o que é o rapport, por que ele é tão importante para os profissionais de RH e de que forma ele pode ser aplicado no recrutamento e seleção. Confira, na lista abaixo, o que será explicado mais adiante:

Descubra como aplicar o rapport para tornar os processos seletivos mais humanos e eficazes!

O que é rapport?

Rapport é o processo de criar uma conexão de confiança e empatia com outra pessoa antes de tentar influenciar, convencer ou conduzir uma conversa mais profunda. Ele funciona como uma preparação: antes de vender uma ideia ou conduzir uma negociação, por exemplo, é necessário que exista um “ambiente favorável”.

O termo deriva do francês rapporter, que significa “trazer de volta” ou “estabelecer uma ligação”. No contexto comunicacional, ele foi incorporado principalmente pelas ciências da psicologia, da neurociência comportamental e da programação neurolinguística (PNL), adquirindo o sentido de “criar conexão”. 

Princípios fundamentais do rapport

Embora o rapport muitas vezes surja de forma natural entre pessoas que já possuem afinidades, em contextos profissionais ou estratégicos, é importante compreender que ele pode ser construído intencionalmente. Confira os princípios:

  • O rapport depende da capacidade de perceber e se conectar emocionalmente com o outro (empatia). Isso significa escutar com atenção, demonstrar interesse verdadeiro e validar os sentimentos e percepções da pessoa;
  • Estar presente na conversa, prestar atenção ao que está sendo dito (escuta ativa) e evitar interrupções são práticas para fortalecer o rapport;
  • Para manter uma comunicação alinhada, é importante adaptar o próprio vocabulário, ritmo de fala e tom de voz ao estilo do interlocutor.

Uma observação útil e pouco comentada sobre o rapport é que ele não deve ser usado apenas para persuadir o outro. Quando encarado somente como uma técnica para “manipular” interações, ele se esvazia e perde sua força.

O rapport verdadeiro é aquele que parte de uma intenção real de compreender e se conectar. Essa intenção pode ser treinada e desenvolvida, mas precisa estar presente como base ética de qualquer comunicação.

Qual a importância do rapport para o RH?

duas pessoas conversando em um ambiente de trabalho sobre rapport

O setor de RH lida essencialmente com pessoas — conflitos no trabalho, expectativas, talentos ou mudanças de comportamentos —, e por isso o rapport é pré-requisito para que os processos do setor fluam com mais transparência e aderência

Um ambiente de confiança e empatia é o que garante que a comunicação entre profissionais e RH seja acolhedora e voltada para o desenvolvimento mútuo. Tuanny Honesko, coordenadora de marketing da Feedz, sintetiza bem essa ideia ao afirmar:

“Eu acredito que a escuta ativa representa 80% do trabalho, pois demonstra o quanto você conhece as pessoas e compreende suas necessidades. Consequentemente, quando você entende as pessoas, a empatia surge naturalmente, juntamente com a compreensão das razões por trás de suas ações. Além da escuta ativa, a comunicação sincera e honesta também é essencial.”

Se o profissional de RH consegue criar rapport com os colaboradores, há uma redução de barreiras emocionais e resistências, o que facilita tanto a escuta quanto o diálogo propositivo. Isso se torna especialmente importante em momentos delicados, como feedbacks, mediações de conflitos ou entrevistas de desligamento.

Quais são os benefícios do rapport em processo de recrutamento e seleção?

Mais do que gerar empatia momentânea, ele influencia a qualidade dos dados coletados, a fluidez da comunicação e, principalmente, a percepção que o candidato forma sobre a empresa. Entenda mais sobre os benefícios do rapport para o processo seletivo.

Reduz a ansiedade dos candidatos

Poucas pessoas se sentem completamente seguras ao participar de uma entrevista de emprego. O próprio cenário de julgamento, ainda que sutil, ativa o sistema de defesa emocional, interferindo na clareza das respostas e até na linguagem corporal.

Uma pesquisa da Monster divulgada na revista Forbes descobriu que 87% dos candidatos em seleções de trabalho dizem que começar um novo emprego é mais assustador do que ir ao dentista, segurar uma aranha ou saltar de paraquedas.

Quando o recrutador aplica rapport, ele aumenta as chances de criar um espaço de segurança que reduz o impacto desse nervosismo. O resultado é um candidato mais tranquilo, e uma entrevista mais produtiva e menos afetada por filtros emocionais.

Melhora a qualidade dos processos seletivos

Um processo seletivo bem estruturado pode falhar se a experiência do candidato for negligenciada. Segundo um levantamento da SHL, 42% dos candidatos recusam ofertas de emprego como resultado direto de uma experiência ruim durante a entrevista. 

O rapport pode funcionar como um mecanismo de qualificação da jornada do candidato. Ao estabelecer uma conexão empática desde o início, o recrutador transforma a entrevista em um espaço de diálogo, e não de julgamento.

Essa mudança de atmosfera contribui para entrevistas mais produtivas e uma reputação mais positiva da empresa como marca empregadora. As consequências são elevação no índice de aceitação de ofertas e maior adesão dos talentos às etapas do processo.

Oferece mais precisão na avaliação de fit cultural

A compatibilidade entre o candidato e a cultura da empresa vai muito além do que pode ser avaliado por currículo. Ela se revela nas conversas espontâneas, nas entrelinhas das respostas e na forma como o candidato reage ao estilo de comunicação do recrutador. O rapport pode ajudar a criar o cenário ideal para que essas percepções sutis emerjam. 

Em vez de respostas ensaiadas, o recrutador tem acesso a comportamentos mais naturais, o que permite uma leitura mais fiel do estilo de comunicação, dos valores e das atitudes do candidato. 

Como os recrutadores podem colocar a técnica de rapport em prática?

Em um processo seletivo, não são apenas os profissionais de RH que devem dominar o rapport. Líderes que também participam de entrevistas, gestores de equipe e até analistas envolvidos na triagem de candidatos precisam entender como essa técnica funciona. A seguir, veja como aplicar o rapport de forma prática em entrevistas.

Técnica do espelhamento

A técnica do espelhamento consiste em ajustar o próprio comportamento para refletir características do outro, como postura, ritmo de fala e expressões. A ideia é criar, de forma inconsciente, uma sensação de familiaridade e acolhimento para o candidato. 

O espelhamento bem aplicado não é imitação literal, é uma sincronização sutil do comportamento que sinaliza empatia e conexão. Confira algumas formas de aplicar o espelhamento naturalmente:

  • Observe o ritmo de fala do candidato e ajuste o seu;
  • Adote uma postura corporal semelhante à dele, com naturalidade;
  • Repare nas expressões faciais e use gestos compatíveis;
  • Utilize palavras e termos que o candidato usar com frequência, em um contexto coerente;
  • Adapte o nível de formalidade da linguagem conforme o estilo de comunicação do entrevistado.

Se exagerado, o espelhamento pode parecer artificial ou manipulativo, quebrando exatamente a confiança que se busca construir. O segredo está na sutileza e na atenção contínua às reações do candidato.

Comunicação empática e escuta ativa

Nem sempre o que o candidato diz é o que ele realmente quer comunicar. Às vezes, o mais importante está nas pausas, nos desvios, no tom. É nesse ponto que a comunicação empática e a escuta ativa podem ser ferramentas indispensáveis. Confira dicas para fortalecer essa prática durante as entrevistas:

  • Mantenha contato visual sem invadir o espaço do candidato;
  • Não interrompa o candidato, mesmo que já saiba onde ele quer chegar;
  • Reforce trechos da fala com expressões como “entendo”, “faz sentido” ou “isso é importante”;
  • Faça perguntas complementares que demonstrem interesse genuíno, sem parecer inquisitivas;
  • Ao final de uma resposta, repita com suas palavras o que foi dito para mostrar que compreendeu.

Lembre-se: escutar ativamente não significa apenas “estar em silêncio”. Trata-se de uma postura ativa, em que o recrutador demonstra, com pequenas intervenções e reações, que está emocional e intelectualmente presente na conversa.

Linguagem corporal alinhada

A linguagem corporal reforça — ou contradiz — o que o recrutador diz ao candidato. O alinhamento corporal transmite abertura, confiança e respeito. É um suporte silencioso para a interação verbal. Algumas dicas para alinhar a linguagem corporal:

  • Mantenha a postura ereta e relaxada, sem cruzar braços ou pernas de forma defensiva;
  • Posicione-se em um ângulo confortável para o candidato, evitando encarar diretamente de maneira invasiva;
  • Utilize gestos suaves com as mãos para ilustrar ideias, sem exageros;
  • Demonstre disponibilidade ao inclinar levemente o tronco quando o candidato estiver falando;
  • Evite checar relógio, celular ou documentos enquanto o outro fala.

Um ponto que muitas vezes passa despercebido é que a linguagem corporal do recrutador serve de modelo comportamental. Ou seja, ao demonstrar calma, acolhimento e profissionalismo, ele favorece que o candidato regule melhor seu próprio comportamento.

Criação de um ambiente confortável

Antes mesmo da entrevista começar, o “clima” já diz muito: a forma como o recrutador se apresenta, como cumprimenta e como prepara o espaço influencia a disposição do candidato em se abrir. 

Então, um ambiente de conforto não é apenas uma questão de estrutura física, porque depende da postura dos envolvidos. Um espaço acolhedor, seja presencial ou online, convida o outro a confiar. Confira algumas ações que ajudam a criar esse ambiente propício:

  • Comece a conversa com uma fala informal e amigável para “quebrar o gelo”;
  • Certifique-se de que o espaço físico ou virtual seja silencioso e livre de distrações;
  • Dê ao candidato um momento para respirar e se ambientar antes de iniciar as perguntas;
  • Explique como será a condução da entrevista e o que será avaliado;
  • Esteja atento a sinais de tensão no candidato e ajuste o ritmo da entrevista se necessário.

Um aspecto muitas vezes negligenciado é que o ambiente de conforto depende de previsibilidade. Se o candidato sabe o que esperar da entrevista, ele tende a se sentir mais seguro, e isso colabora com a construção do rapport desde os primeiros minutos.

Conclusão

Fica evidente que o rapport é um detalhe muitas vezes despercebido no dia a dia do RH, mas que não pode ser deixado de lado durante as entrevistas e etapas de um processo seletivo.

Medidas como o uso intencional da escuta ativa, o espelhamento sutil, a atenção à linguagem corporal e a criação de um ambiente de confiança podem ser treinadas, aplicadas em equipe e ajustadas à cultura organizacional. 

Se quiser mais insights sobre gestão de pessoas, inovação no RH e tecnologias que transformam a rotina das empresas, confira o blog Pontotel.

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