Monitoramento de cliques no trabalho: limites, riscos e legislação
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Time Pontotel 3 de novembro de 2025 Gestão de Pessoas

Monitoramento de cliques em funcionários: limites e implicações para uma gestão efetiva

Entenda o que diz a lei sobre monitoramento de cliques e saiba como aplicá-lo sem comprometer a confiança da equipe!

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Recentemente, o monitoramento de cliques de funcionários tem ganhado destaque nas discussões sobre produtividade. Com o trabalho cada vez mais digital, surgiram ferramentas para acompanhar atividades em tempo real, gerando discussões sobre se isso é permitido e se realmente agrega valor à gestão.

Na prática, o monitoramento de cliques consiste em rastrear interações dos funcionários em sistemas e dispositivos corporativos. As empresas afirmar que essa medição é usada para entender padrões de uso, produtividade e eficiência, ajudando gestores a identificar gargalos ou oportunidades de melhoria nos processos internos.

Um exemplo recente é o caso do Itaú, que realizou demissões em massa de colaboradores sob alegação de baixa produtividade no home office, utilizando métricas digitais como cliques, uso de softwares e participação em reuniões para avaliação.

O episódio gerou discussões sobre limites éticos, transparência e impactos no ambiente de trabalho.

Neste conteúdo, será possível compreender com mais detalhes como funciona o monitoramento de cliques e quais as formas de usar e os limites legais previstos no Brasil. Confira os tópicos abordados: 

Boa leitura!

O que é monitoramento de cliques no trabalho?

O monitoramento de cliques no trabalho é uma prática em que a empresa acompanha as interações dos funcionários em sistemas, aplicativos e dispositivos corporativos. Além dos cliques, esse acompanhamento pode incluir tempo de uso do mouse e do teclado, navegação em sites e softwares, e participação em reuniões virtuais.

A intenção dessa prática é obter dados para entender a produtividade, otimizar processos e identificar gargalos ou falhas operacionais.

Ela ganhou destaque com o crescimento do trabalho digital e remoto, quando gestores passaram a buscar métricas mais objetivas sobre desempenho.

Por exemplo, em um setor de atendimento ao cliente, o monitoramento pode mostrar quantas telas o colaborador acessa, quanto tempo usa o teclado ou mouse, ou se participa efetivamente das reuniões virtuais.

Como essa prática chegou ao ambiente corporativo

O monitoramento de cliques chegou ao ambiente corporativo com a digitalização do trabalho e o crescimento de ferramentas digitais.

Inicialmente, esse tipo de acompanhamento era usado pelas empresas para entender o comportamento de clientes e otimizar serviços e vendas. Com o tempo, passou a ser aplicado também para medir a produtividade dos colaboradores.

À medida que processos e tarefas passaram a ser realizados em computadores e sistemas online, gestores buscaram formas de acompanhar o desempenho de forma objetiva.

O caso Itaú e a polêmica sobre as demissões em massa

O Itaú promoveu em setembro de 2025 demissões em massa, com desligamentos de funcionários alegadamente por baixa produtividade no modelo home office.

A medida chamou atenção por envolver o uso de monitoramento de cliques e atividades digitais como critério para avaliação de desempenho.

Segundo o banco, o controle realizado incluia:

  • Cliques e interações em sistemas corporativos;
  • Uso de softwares licenciados;
  • Participação em reuniões;
  • Envio de mensagens;
  • Realização de cursos online.

O monitoramento usado, no entanto, não captura telas, áudios ou vídeos, e o objetivo é medir a produtividade de forma objetiva e garantir a eficiência no modelo híbrido adotado desde 2022 pelo banco.

A prática gerou opiniões diversas e críticas do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que questionou a proporcionalidade das demissões e alertou para impactos na saúde mental e no clima organizacional.

Monitoramento de cliques e os limites legais no Brasil

Profissional atendendo chamada em videoconferência, enquanto utiliza ferramentas de monitoramento de cliques para avaliar interações online.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), especialmente os artigos 2º e 442, garante ao empregador o direito de fiscalizar a produtividade, respeitando limites de boa-fé e transparência.

Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei 13.709/2018) impõe regras sobre coleta, tratamento e armazenamento de informações pessoais, exigindo clareza quanto ao tipo de dado coletado e à finalidade do monitoramento.

Na prática, isso significa que o empregador pode acompanhar atividades digitais dos funcionários desde que informe quais dados serão coletados, para qual finalidade e respeite a privacidade e dignidade do trabalhador.

O monitoramento deve ser proporcional, limitado ao necessário para avaliar produtividade ou desempenho, e nunca invadir aspectos pessoais do colaborador.

Políticas internas e contratos de trabalho podem detalhar essas regras, garantindo transparência e segurança jurídica.

O que pode ser considerado excesso ou abuso? 

O excesso ou abuso no monitoramento de funcionários ocorre quando a fiscalização ultrapassa limites razoáveis e compromete direitos e bem-estar, como:

  • Coleta de dados pessoais sem justificativa ou consentimento;
  • Monitoramento contínuo de atividades fora do horário de trabalho;
  • Acompanhamento de telas, áudios ou câmeras pessoais;
  • Uso de indicadores de produtividade de forma punitiva ou sem transparência;
  • Falta de comunicação sobre quais dados são coletados e como serão usados.

Os principais riscos do monitoramento excessivo

O monitoramento excessivo traz riscos para funcionários e empresas: colaboradores podem sentir pressão e desgaste, enquanto a organização enfrenta queda de produtividade, clima ruim e possíveis problemas legais, comprometendo resultados e ambiente de trabalho. Entenda mais a seguir!

Para funcionários

Quando o monitoramento ultrapassa limites razoáveis, os colaboradores podem se sentir constantemente vigiados, impactando sua saúde, motivação, confiança e engajamento

Mesmo práticas aparentemente simples, como o monitoramento de cliques, podem gerar tensão.

Pesquisas, como a divulgada pela Oracle, mostram que 70% dos trabalhadores não confiam plenamente em seus líderes, evidenciando como a desconfiança afeta o ambiente corporativo.

Logo, os principais riscos incluem:

  • Estresse e ansiedade constantes devido à sensação de vigilância contínua;
  • Redução da motivação e do engajamento no trabalho;
  • Sensação de desconfiança e perda de autonomia;
  • Insatisfação e risco de afastamentos por questões psicológicas.

Para empresas

Exigir controle excessivo pode prejudicar a produtividade real e gerar consequências legais e reputacionais.

Entre os principais problemas estão:

Quais são as melhores práticas para monitoramento dos colaboradores?

Lupa sobre teclado de notebook simbolizando a busca por dados e o monitoramento de cliques em sites e aplicativos.

Com as práticas corretas, o monitoramento de cliques pode servir como uma ferramenta estratégica para melhorar a eficiência, desde que respeite a privacidade e os direitos dos colaboradores. Confira boas ações para serem aplicadas na empresa!

Comunique de forma transparente as regras e ferramentas utilizadas

O RH deve comunicar de forma transparente aos colaboradores quais ferramentas de monitoramento serão usadas e como funcionam.

Essa comunicação pode ocorrer por meio de manuais, políticas internas, reuniões explicativas e treinamentos, garantindo que todos compreendam os processos e promovendo confiança no ambiente de trabalho.

Priorize métricas de resultado, não só de atividade

No monitoramento de colaboradores, é válido priorizar métricas de resultado, em vez de apenas registrar cliques ou tempo de atividade.

Alguns indicadores que podem ser acompanhados incluem:

  • Número de tarefas concluídas;
  • Tempo médio de atendimento;
  • Qualidade do trabalho entregue;
  • Resolução de problemas e solicitações.

Combine tecnologia com diálogo humano e feedbacks constantes

O monitoramento deve combinar tecnologia com diálogo humano, utilizando os dados para apoiar conversas construtivas sobre desempenho.

Feedbacks constantes ajudam os colaboradores a entender seus resultados, identificar oportunidades de melhoria e se desenvolver, evitando que o monitoramento seja percebido apenas como vigilância.

De acordo com a Society for Human Resource Management (SHRM), fornecer feedbacks positivos é beneficial aos colaboradores, pois fortalece o engajamento, incentiva a motivação e contribui para um ambiente de trabalho mais produtivo e colaborativo.

Respeite os limites legais e a privacidade do colaborador

Mesmo com a intenção de medir produtividade, é preciso que o monitoramento respeite a legislação trabalhista e a proteção de dados pessoais.

A coleta de informações deve ser proporcional, transparente e limitada ao necessário para objetivos de gestão. Políticas internas bem definidas e comunicação aberta ajudam a manter a confiança da equipe e reduzir riscos legais.

Como destaca Débora Castro, DPO as a Service da 4Business:

“Quando se fala de RH e DP, é importante lembrar que dentro de uma empresa existem outras questões legais que já são cumpridas e nem sequer são questionadas, pois as pessoas têm consciência de que devem ser cumpridas. Entretanto, no que diz respeito à privacidade e proteção de dados, ainda falta um nível de conscientização que seja disseminado na sociedade.”

Conclusão

Portanto, foi possível perceber que o monitoramento de cliques, quando utilizado de forma ética, transparente e proporcional, pode ser uma ferramenta útil para a gestão da produtividade e melhoria de processos internos

No entanto, é fundamental respeitar os limites legais e a privacidade dos colaboradores, e manter uma comunicação aberta sobre as práticas adotadas.

Integrar tecnologia com diálogo humano, feedbacks constantes e foco em métricas de resultado transforma o monitoramento em um recurso positivo.

Dessa forma, a empresa consegue aumentar a eficiência sem comprometer o clima organizacional, a confiança da equipe ou a saúde e motivação dos colaboradores.

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