Saiba o que é capacitismo, como o RH pode ajudar evitá-lo no ambiente de trabalho!
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Time Pontotel 2 de agosto de 2023 Departamento Pessoal
Saiba o que é capacitismo, como o RH pode ajudar evitá-lo no ambiente de trabalho!
Capacitismo: entenda o que é, como ocorre essa forma de discriminação, o que a liderança deve fazer para reconhecê-la e evitá-la no trabalho!
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A língua é um organismo vivo, e por essa razão, ela cresce e evolui conforme o tempo passa. Isso significa que algumas formas de comunicação, que eram aceitas no passado, hoje são vistas como atitudes discriminatórias ou ofensivas. 

No entanto, apesar de algumas lutas minoritárias terem promovido um histórico de transformações sociais, outras ainda estão no início de suas reivindicações. Isso se aplica às pessoas com deficiência. 

Mas, o que capacitismo tem a ver com essas pessoas? 

Neste artigo, você entenderá a conexão entre o termo e esse grupo minoritário, e como evitar que esse tipo de discriminação aconteça no ambiente de trabalho

Boa leitura!

Capacitismo: o que é?

O capacitismo é o preconceito ou discriminação contra pessoas com deficiência. O termo deriva do fato de que a capacidade para o trabalho ou outras atividades cotidianas dessas pessoas é subestimada. 

Esse tipo de preconceito vem desde a Grécia antiga, cujo conceito de beleza era o da perfeição absoluta do corpo e da mente. As crianças que nasciam com algum tipo de deficiência eram descartadas para favorecer o ideal de normalidade. 

Porém, a normatividade dos padrões de beleza não se encerrou com as civilizações antigas. Ainda hoje, é possível observar um culto ao corpo e à perfeição veiculados, principalmente, pelas mídias sociais. 

E como isso se materializa no ambiente de trabalho? Veja a seguir. 

Como ocorre o capacitismo no ambiente de trabalho?

O capacitismo no ambiente de trabalho ocorre, na maioria das vezes, de forma velada. Assim como o racismo ou o sexismo, nem sempre o agressor está disposto a tratar o oprimido de forma direta. 

São comentários e preconceito mascarado em brincadeiras que acabam revelando o capacitismo estrutural que acontece nestes locais. Outra forma de discriminação é a falta de oportunidades que o mercado oferece a pessoas com deficiência. 

Embora a Lei de Cotas (8.213/91) preveja a contratação desses profissionais na sociedade do trabalho, na prática isso não acontece. Um estudo conduzido em 2017 mostra que apenas 1% das pessoas com deficiência estão no mercado de trabalho. 

Os poucos que conseguem algum tipo de ocupação acabam sendo vítimas de atitudes capacitistas cotidianas que prejudicam a qualidade do seu trabalho e o bem estar profissional. Observe algumas dessas atitudes a seguir. 

Atitudes capacitistas

imagem de uma mulher sentada na frente de um computador usando fones de ouvido

As principais atitudes capacitistas são os comentários que legitimam a ideia de inadequação das pessoas com deficiência quando comparadas a um referencial de perfeição. Esses comentários, muitas vezes, estão enraizados na língua. 

Um exemplo disso é dizer que a pessoa “é tão esperta que nem parece deficiente”, o que pressupõe que pessoas com deficiência não têm inteligência. 

Outro ponto importante é quando as deficiências, em si, são utilizadas como xingamento ou comentário ofensivo. É preciso rever algumas falas capacitistas como: 

  • “Você não me ouviu? Tá surdo?”
  • “Ela é tão baixinha que parece uma anã.”
  • “O chefe tá de mal humor hoje. Finge demência.”

Algumas vezes, o capacitismo se manifesta de maneira contrária: quando a pessoa com deficiência é superprotegida ou tratada como um ser angelical. É por essa razão que o termo “especial” passou a ser utilizado para se referir a essas pessoas. 

Contudo, o capacitismo não acontece apenas no campo da linguagem ou das atitudes. Você já ouviu falar de acessibilidade? Leia a seguir para entender mais sobre o termo. 

Falta de acessibilidade para todos

O termo acessibilidade diz respeito ao acesso, utilização e convívio que as pessoas com deficiência têm aos ambientes sociais. Ou seja, todas as pessoas, tenham elas algum tipo de deficiência ou não, têm direito às mesmas experiências nesses ambientes. 

Na prática, essas experiências são dificultadas ou mesmo impedidas porque os ambientes e estruturas são construídos tomando por pressuposto uma única experiência corporal, aquela dita como “normal”. 

Isso acontece, por exemplo, quando a empresa não tem rampas ou elevadores para os funcionários cadeirantes, ou quando um treinamento não conta com um profissional treinado em Libras para efetivar a inclusão do colaborador deficiente auditivo. 

Com tantos cuidados e medidas a serem tomadas, como é possível evitar o capacitismo dentro da empresa? Este artigo traz algumas boas práticas a serem implementadas. 

Como evitar o capacitismo em sua empresa?

O primeiro passo para evitar o capacitismo dentro da empresa é falar sobre o assunto. Estimular o diálogo, o debate, criar campanhas de conscientização para que os colaboradores sejam capazes de desconstruir os preconceitos. 

Além disso, é preciso dar às pessoas com deficiência dentro da empresa lugar de fala para desfazerem tabus e pré-concepções que os demais colegas possam ter. Assim, é mais fácil de desmistificar a deficiência como imperfeição ou defeito. 

Mas o diálogo é apenas o início. Existem outras práticas que podem fortalecer o combate ao capacitismo no ambiente corporativo. Leia abaixo uma seleção de 4 delas: 

  1. Tenha uma liderança treinada 

Uma boa liderança está sempre atenta às necessidades de seus liderados. Isso significa proporcionar uma experiência corporativa saudável e respeitosa aos colaboradores. 

É preciso incentivar uma revisão completa de estereótipos e paradigmas através de treinamentos, workshops e palestras. Um exemplo de atividade é construir experiências sensoriais com os colaboradores. 

Quando uma pessoa sem deficiência se coloca no lugar da outra, tendo sua visão privada ou a mobilidade reduzida, cria-se a oportunidade de se estimular a empatia no trabalho

  1. Estimule o trabalho em equipe
imagem de uma mulher conversando com um homem segurando uma xícara

Ao estimular o trabalho em equipe, a empresa aproveita as melhores qualidades de cada um de seus colaboradores ao estabelecer times e grupos de auxílio mútuo. 

A formação de grupos proporciona o sentimento de pertencimento à pessoa com deficiência, criando uma rede de confiança e sociabilidade entre os colaboradores. Desta forma, todos são vistos e tratados de maneira igualitária. 

  1. Cheque os canais comunicacionais

Uma das principais formas de combater o capacitismo é gerar conhecimento sobre o assunto. É possível estimular essa produção de conteúdo através dos canais comunicacionais da empresa. 

E-mails, portais (como sites e blogs), vídeos institucionais e mídias sociais são veículos importantes para manifestar o posicionamento de uma empresa.

Através desses mecanismos, é possível informar, esclarecer e divulgar conteúdo educativo de modo a combater o preconceito contra a pessoa com deficiência. 

  1. Cheque a acessibilidade do ambiente de trabalho

A última prática, mas não menos importante, é checar a acessibilidade no ambiente de trabalho. Isso significa observar se todos os ambientes dentro da empresa estão adaptados para o uso de pessoas com deficiência. 

Isso inclui banheiros, elevadores e rampas alternativas às escadas, dispositivos emissores de sons para deficientes visuais, entre outras adaptações necessárias. 

Se cada uma dessas práticas não for seguida, o capacitismo pode se manifestar e acabar afetando o clima organizacional. Entenda como isso acontece! 

Como o capacitismo pode afetar o clima organizacional?

O capacitismo afeta o clima organizacional ao criar um mal-estar entre os colaboradores, o que pode afetar a produtividade da empresa. Na prática, a exclusão e discriminação da pessoa com deficiência faz com que ela se sinta indesejada. 

Esse sentimento afeta o rendimento do funcionário, sua felicidade e pode desencadear o absenteísmo. Além disso, o funcionário capacitista impune se sentirá empoderado para acreditar que suas ideias estão corretas e, assim, perpetuar o preconceito. 

Mas o que fazer ao observar uma situação de capacitismo? Primeiro, vamos entender a lei. 

O que fazer ao notar que existe capacitismo na empresa?

Ao notar que existe capacitismo na empresa, o primeiro passo é convocar o funcionário para uma conversa e procurar ajudá-lo a entender que seus atos ferem o disposto na LBI (Lei Brasileira de Inclusão). 

Segundo o texto, essa lei existe para “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”. 

Se ainda assim o diálogo não for suficiente, cabe a aplicação de uma medida disciplinar para que o colaborador compreenda o quão nociva é a prática do capacitismo e quais são suas consequências. 
Na empresa, o setor responsável por essas medidas e ações é o de recursos humanos. Para finalizar o artigo, entenda como o RH pode contribuir com essa luta. 

Qual é o papel do RH na luta contra o capacitismo?

imagem de três homens em um escritório conversando e mexendo em computadores

O papel do RH na luta contra o capacitismo é o de desenvolver uma cultura organizacional que seja abertamente contra a discriminação, seja ela qual for. É através do RH que o diálogo se inicia, gerando debate e construção de conhecimento. 

O profissional de recursos humanos pode ajudar a semear princípios como equidade e fortalecimento da democracia, liberdade e autonomia dos colaboradores dentro da empresa. Dessa forma, cria-se um ambiente de trabalho pautado em diversidade e inclusão

Conclusão

O capacitismo fortalece a cultura da exclusão diante do novo, do desconhecido e do diferente. Ao invés de abraçar a diversidade, ela é deslegitimada e tratada como exceção ao que as pessoas veem como ideal. 

No entanto, a partir do início do século XX, a humanidade passou a adotar uma abordagem mais inclusiva, tentando proporcionar uma reparação histórica para as pessoas com deficiência. 

Afinal, as estruturas políticas, sociais e econômicas foram construídas sem a participação dessas pessoas, com ambientes não pensados para atender às suas necessidades, falta de representatividade e muitas outras ações que acabaram por perpetuar o preconceito. 

Por essa razão, a começar pelo ambiente de trabalho, é preciso promover a inclusão dessas pessoas. Os preconceitos precisam dar lugar ao entendimento e à aceitação. 

Somente dessa forma é que se pode construir um ambiente harmonioso e seguro dentro da empresa. 

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