A desigualdade de gênero na empresa ainda é um problema no ambiente corporativo. Ela pode ser percebida em diversas situações, como a falta de lideranças femininas, a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos e até mesmo nos casos de assédio nas organizações.
As consequências dessa desigualdade vão além dos aspectos políticos, sociais e morais. O problema afeta negativamente a carreira das trabalhadoras e os resultados das empresas. Logo, adotar práticas que promovam a igualdade de gênero é essencial para transformar essa realidade.
Este artigo explicará quais os impactos da desigualdade de gênero na empresa e quais as melhores práticas para combater esse problema. Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:
- O que é desigualdade de gênero?
- Qual a importância da igualdade de gênero?
- Impactos da desigualdade de gênero na empresa
- Como as empresas podem combater a desigualdade de gênero?
Boa leitura!
O que é desigualdade de gênero?
A desigualdade de gênero é um tipo de discriminação com base no gênero das pessoas. Ela causa disparidades e injustiças estruturais que afetam várias áreas, inclusive o mercado de trabalho.
Historicamente, as mulheres são as mais prejudicadas por esse tipo de discriminação, embora os homens também possam ser discriminados e estigmatizados em certas situações.
Vale lembrar que a desigualdade de gênero não é uma consequência de um processo natural. Na verdade, ela é resultado de normas sociais e culturais que perpetuam essas diferenças.
No entanto, essas barreiras podem ser superadas por meio de ações afirmativas, políticas inclusivas e mudanças culturais, capazes de promover um ambiente equitativo para todos. O primeiro passo para promover essa transformação é entender quais tipos de desigualdade de gênero existem. Conheça alguns deles a seguir:
Tipos de desigualdade de gênero
A desigualdade de gênero se manifesta de diversas formas no mercado de trabalho e na sociedade em geral, criando barreiras que limitam as oportunidades das mulheres.
Um dos tipos mais comuns é a desigualdade econômica. Ela pode ser percebida por conta da disparidade salarial, concentração de mulheres em determinadas áreas e sobrecarga de tarefas domésticas e de cuidado.
Esse tipo de desigualdade também gera o fenômeno conhecido como “teto de vidro”, que se refere a barreiras invisíveis que dificultam a ascensão das mulheres a cargos de liderança. Mesmo altamente qualificadas, muitas enfrentam obstáculos culturais e organizacionais que limitam seu crescimento profissional.
Outro tipo comum é a desigualdade social. Associada ao gênero, ela se manifesta por meio de estereótipos e assédio moral ou sexual. Nesses casos, as mulheres são as principais vítimas.
Além disso, mulheres também são os principais alvos de comportamentos sexistas como o mansplaining, que ocorre quando homens explicam algo óbvio ou com condescendência para elas.
Outro comportamento comum é o manterrupting, quando homens interrompem mulheres repetidamente, e o bropriating, em que eles se apropriam de ideias apresentadas por mulheres.
Diferença salarial
Uma das principais consequências da desigualdade de gênero é a diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), a estimativa é que levará 257 anos para a disparidade salarial de gênero ser superada em todo o mundo.
No Brasil, os dados sobre a diferença salarial também impressionam. Segundo pesquisa realizada pela Catho, 30% das mulheres possuem nível superior ou pós-graduação, enquanto apenas 24% dos homens têm o mesmo nível de escolaridade.
Mesmo assim, elas não recebem salários mais altos. Na verdade, o estudo revelou que homens com menos escolaridade ganham, em média, 52% a mais que mulheres na mesma função.
Essa desigualdade é ainda mais acentuada para mulheres negras. Ainda segundo a pesquisa da Catho, mulheres negras recebem cerca de 48% da renda média de um homem branco, grupo com os maiores rendimentos no país. Isso mostra que a desigualdade no Brasil está profundamente interligada com questões raciais.
Esses dados revelam que essa discriminação reforça a subvalorização das mulheres no mercado de trabalho. Apesar de serem mais qualificadas para exercer as mesmas funções que os homens, elas continuam ganhando menos e enfrentando barreiras significativas para avançar em suas carreiras.
Qual a importância da igualdade de gênero?
A igualdade de gênero é considerada um dos pilares de uma empresa que visa o crescimento e a inovação do negócio. Isso porque a adoção de medidas que estimulam a diversidade e inclusão na organização facilita a criação de ambientes mais criativos.
Como resultado, empresas que investem na diversidade de gênero desenvolvem uma performance superior e aumentam sua capacidade de solucionar problemas de forma inovadora.
Pesquisas indicam que esses benefícios também impactam positivamente o desempenho financeiro do negócio. Segundo um estudo da consultoria McKinsey, por exemplo, essas organizações têm 21% mais chances de alcançar uma lucratividade acima da média.
Isso demonstra que promover a igualdade de gênero nas empresas vai além de uma questão de justiça social. Para Mariá Menezes Boaventura, diretora de pessoas e cultura da Sankhya, essa diversidade pode se tornar um diferencial competitivo para o negócio.
“Quando a empresa se compromete com a diversidade, é necessário também observar os dados relacionados a ela. Estes incluem a nossa demografia, gênero, orientação sexual e faixa etária, bem como a distribuição no headcount do meu time. Coletar esses dados pode fornecer insights interessantes quando a empresa decide examiná-los, o que não é obrigatório. É evidente que quanto mais diversidade houver, mais inovação será criada. O time será capaz de propor soluções que atendam melhor a uma variedade de clientes”, explica a diretora.
Impactos da desigualdade de gênero na empresa
Os impactos negativos da desigualdade de gênero não se limitam a questões sociais, morais ou econômicas. As empresas também sofrem diretamente com esse tipo de discriminação. Veja a seguir os principais problemas que elas enfrentam:
- Queda na lucratividade;
- Dificuldade para atrair e reter talentos;
- Limitação da capacidade de inovação e criatividade;
- Danos à reputação do negócio;
- Perda de competitividade;
- Aumento da rotatividade de funcionários;
- Dificuldade em compreender o mercado;
- Redução da produtividade;
- Clima organizacional negativo.
Como as empresas podem combater a desigualdade de gênero?
Conforme a Organização Internacional do Trabalho (ILO), empresas que investem em políticas inclusivas colhem diversos benefícios. Elas podem aumentar sua lucratividade e produtividade em até 63%, além de melhorar sua capacidade de atrair e reter talentos em 60%.
Esses são apenas alguns exemplos das vantagens de promover a igualdade de gênero nas organizações. No entanto, muitos empregadores ainda encontram dificuldades para combater a desigualdade de gênero na empresa. Confira a seguir algumas estratégias eficazes para superar esse desafio:
Equidade salarial
Uma das principais estratégias para combater a discriminação de gênero na empresa é adotar ações que promovam a equidade salarial entre homens e mulheres. Para isso, a organização pode adotar iniciativas como promover a transparência salarial e realizar auditorias internas periodicamente para corrigir possíveis disparidades.
Inclusive, uma das formas de garantir a equidade salarial nas empresas foi implementada por meio da Lei nº 14.611/2023 e do Decreto nº 11.795/2023, que tornam obrigatória a elaboração do Relatório de Transparência Salarial para empresas com mais de 100 funcionários.
O relatório, que compara salários e cargos por gênero, deve ser entregue semestralmente no Portal Emprega Brasil e caso as empresas não cumpram essa exigência, estarão sujeitas a multas conforme previsto na Lei de Igualdade Salarial.
Desenvolvimento de liderança feminina
Outra estratégia importante é investir no desenvolvimento de lideranças femininas. Um estudo da McKinsey mostrou que empresas com maior diversidade de gênero em cargos executivos têm um desempenho financeiro 25% maior.
Para incentivar a presença de mulheres em cargos de liderança, as empresas podem criar programas de desenvolvimento e mentoria que ofereçam suporte e capacitação a essas profissionais.
Combate ao assédio e à discriminação
O combate ao assédio e à discriminação deve ser um dos pilares de uma empresa que valoriza a diversidade e inclusão. Para isso, as organizações precisam desenvolver políticas claras, transparentes e rigorosas que combatam todos os tipos de assédio e discriminação no ambiente de trabalho.
Criar canais seguros para denúncias e estabelecer procedimentos para investigar esses relatos também são medidas eficazes para promover uma cultura organizacional que repudia esses comportamentos.
Oferecimento de benefícios flexíveis
Outra medida importante é oferecer benefícios flexíveis que apoiem as mulheres em suas responsabilidades fora do trabalho.
Entre esses benefícios, destacam-se o auxílio-creche, que ajuda mães a conciliar o cuidado dos filhos com suas carreiras, e a licença parental estendida, que incentiva a divisão das responsabilidades familiares entre homens e mulheres, promovendo maior igualdade.
Além disso, programas de bem-estar, voltados para a saúde mental e emocional, podem fornecer suporte adicional para mulheres que precisam equilibrar múltiplas demandas.
Também, a flexibilidade no trabalho, com a possibilidade de home office ou modelo híbrido, também é um benefício essencial, ao permitir que as colaboradoras possam gerenciar melhor sua vida pessoal e profissional. .
Conclusão
A desigualdade de gênero é um tipo de discriminação responsável por causar disparidades e injustiças estruturais em diversas áreas, inclusive no mercado de trabalho. A disparidade salarial é uma das formas mais comuns de desigualdade nas empresas.
Mesmo com maior escolaridade e desempenhando as mesmas funções, as mulheres frequentemente ganham menos do que os homens. Os impactos dessa desigualdade são grandes e afetam negativamente as empresas.
Organizações que não investem em estratégias para promover a igualdade de gênero enfrentam dificuldades para atrair e reter talentos, sofrem com queda de lucratividade e produtividade, e experimentam piora no clima organizacional, entre outros problemas.
Para combater essa discriminação, as empresas devem adotar práticas que promovam a equidade salarial e ajudem as mulheres a equilibrarem vida pessoal e profissional. Além de contribuir para uma cultura mais inclusiva, essas ações tornam o negócio mais competitivo, inovador e lucrativo.
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