Bossless: conheça a nova tendência de trabalho sem chefes
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Time Pontotel 18 de junho de 2025 Gestão de Pessoas

Bossless: entenda quais são as vantagens e desvantagens do modelo de gestão “sem chefes”

Entenda o que é bossless, por que esse modelo está ganhando força no mercado de trabalho e como essa tendência pode impactar a gestão das empresas.

Imagem de Bossless: entenda quais são as vantagens e desvantagens do modelo de gestão “sem chefes”

Discussões sobre mudanças no modelo de trabalho não são novas, mas o tema voltou a ganhar destaque após o South by Southwest (SXSW) 2025. Durante o evento, considerado um dos maiores festivais de inovação do mundo, Rishad Tobaccowala provocou o público ao afirmar que o futuro do trabalho é bossless.

Tobaccowala tem bastante propriedade para defender essa ideia. Ele é professor na Universidade de Chicago, consultor de grandes empresas, futurista e autor do livro “Rethinking Work” (“Repensando o trabalho”, em tradução livre). Mas será que o futuro realmente será “bossless”?

Para responder a essa pergunta, este artigo explicará o que é bossless, as características desse modelo, por que ele está ganhando a atenção do mercado e se ele tem potencial para se consolidar. Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:

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Boa leitura!

 

O que significa bossless?

Quatro pessoas conversando de forma descontraída, com roupas sociais com escritório ao fundo

A palavra bossless vem do inglês e significa literalmente “sem chefe” ou “sem superior”. Embora não seja um neologismo recente, ela ganhou popularidade na última década, especialmente com o debate sobre hierarquias horizontais, gestão colaborativa e modelos organizacionais alternativos.

Hoje, bossless já está incorporado ao vocabulário corporativo. Esse conceito se refere a um modelo organizacional onde não há chefes tradicionais. Nesse caso, a liderança surge de maneira mais natural, baseada em competências, habilidades e colaboração entre os integrantes do time.

 

Por que o modelo bossless está ganhando força no mercado de trabalho? 

Porque o mundo mudou. Durante sua palestra no SXSW 2025, Tobaccowala apresentou dados que demonstram que o trabalho mudou mais nos últimos 3 anos do que nas últimas décadas. 

Essa transformação está sendo impulsionada pela inteligência artificial (IA), pelo trabalho remoto e por uma nova geração que não se adapta mais a estruturas rígidas. Esses fatores desafiam os modelos tradicionais de gestão e abrem caminho para uma nova forma de trabalhar. 

Mudanças culturais

O modelo tradicional de gestão está em crise, e um dos principais motivos disso são as mudanças culturais promovidas pelas novas gerações. Segundo Tobaccowala, 67% dos membros da Geração Z que têm um emprego em tempo integral também possuem um trabalho paralelo. 

Além disso, 76% afirmam que gostariam de trabalhar por conta própria. Para o futurista, esse choque geracional é o verdadeiro desafio para os gestores. Ainda de acordo com o consultor, a pandemia acelerou essa mentalidade. As pessoas começaram a se questionar não apenas onde trabalham, mas por que trabalham. 

Então, como eu digo às pessoas, não é que eles (geração Z) não queiram voltar para o escritório. Eles não querem voltar ao chefe”, explica em sua palestra.

Esse pensamento está alinhado aos resultados de uma pesquisa da Deloitte. O estudo aponta que 86% dos jovens da Geração Z consideram importante ter propósito no trabalho para se sentirem satisfeitos.

E essa mentalidade da Geração Z será transmitida para os jovens da Geração Alpha. Nascidos a partir de 2010, os membros da Gen A cresceram conectados e já estão ingressando no mercado de trabalho. 

Para essas novas gerações, acostumadas com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, um modelo organizacional tradicional, normalmente engessado e pouco flexível, já não funciona mais.

Avanço da tecnologia e IA

Os avanços tecnológicos, especialmente no campo da IA, estão impulsionando uma transformação sem precedentes no mundo do trabalho. A IA está substituindo muitas tarefas repetitivas e analíticas que antes exigiam supervisão constante. 

Além disso, a automação de atividades, antes realizadas por equipes inteiras, reduziu a necessidade de controle contínuo por parte dos chefes. Em outras palavras, a tecnologia está eliminando a necessidade de microgerenciamento

Ao mesmo tempo, ela torna o modelo tradicional de escritório físico obsoleto. E as novas gerações estão plenamente conscientes disso. A ascensão da gig economy, do trabalho por plataformas digitais e o crescimento dos marketplaces são exemplos claros dessa mudança. 

Essas novas formas de trabalho abriram portas para uma maior independência, sem as amarras de um empregador tradicional, reforçando ainda mais a ideia de um trabalho sem chefe.

 

Principais vantagens do modelo bossless

Uma estrutura organizacional sem chefes tradicionais, em que as decisões são compartilhadas entre os membros da equipe, cria um ambiente de trabalho mais colaborativo e dinâmico. E isso gera várias vantagens para empresa e colaboradores. 

Mais autonomia e flexibilidade

Duas das principais vantagens desse modelo são a autonomia e a flexibilidade oferecidas aos colaboradores. Em vez de depender de um chefe para tomar decisões, os funcionários podem trabalhar de forma mais independente, tomando decisões rápidas sem a necessidade de aprovação constante de um superior.

Eles também ganham liberdade para definir seus próprios métodos e ritmos de trabalho, o que cria um ambiente mais dinâmico e inovador. Essa flexibilidade também pode ser acompanhada por ajustes nas jornadas de trabalho conforme as necessidades individuais de cada colaborador, sem comprometer a produtividade.

Retenção de talentos

As novas gerações não querem apenas um salário. Conforme explicado, elas buscam propósito, impacto e significado no que fazem. Por isso, profissionais qualificados, especialmente os mais jovens, não aceitam mais trabalhar em ambientes engessados. 

Nesse contexto, empresas que adotam a abordagem bossless ganham um diferencial competitivo. Ao oferecer autonomia e eliminar hierarquias, elas se tornam mais atraentes para profissionais que valorizam propósito e liberdade acima da simples estabilidade. E isso também aumenta sua capacidade de retenção de talentos.

Maior engajamento dos colaboradores

A verdadeira transformação do modelo bossless acontece na mentalidade de cada colaborador. Em vez de sentirem que estão desconectados das decisões importantes ou apenas cumprindo tarefas designadas por um superior, eles se envolvem no processo decisório.

Além de melhorar o moral da equipe, essa abordagem gera uma sensação de pertencimento e responsabilidade compartilhada. Nesse cenário, os funcionários tendem a se sentir mais motivados e comprometidos com o trabalho, o que aumenta o engajamento e a produtividade.

 

Quais são os desafios da cultura bossless?

Apesar de oferecer várias vantagens, uma estrutura organizacional sem uma liderança clara também apresenta desafios. Confira a seguir os principais obstáculos à adoção de uma cultura bossless.

Falta de clareza de responsabilidades 

Sem uma liderança claramente estabelecida, pode ser difícil entender quem é responsável por tomar determinadas decisões. Essa indefinição pode tornar a distribuição de tarefas confusa, gerar sobrecarga de trabalho e até resultar em atividades não executadas.

Risco de conflitos internos 

Além de centralizar o poder e tomar decisões, o líder também é uma figura conciliadora e inspiradora. Mas se ele não existe, conflitos internos e divergências podem escalar com mais facilidade. Afinal, não há um líder para interferir e resolver impasses.

Dificuldade de adaptação 

Nem todos estão preparados para trabalhar de forma autônoma e colaborativa. Para algumas pessoas, a falta de uma autoridade central pode gerar incertezas e inseguranças, o que pode afetar sua produtividade e satisfação no trabalho. Essa dificuldade fica mais evidente em empresas com tradição de liderança hierárquica.

 

O modelo bossless é o futuro do trabalho?

Pessoas conversando em mesa de trabalho compartilhada com notebooks, copos e cadernos

O modelo bossless é uma alternativa organizacional que pode, de fato, ser uma solução eficaz para otimizar a gestão de pessoas em várias empresas. No entanto, nem todas as organizações conseguirão se adaptar a esse modelo de trabalho.

Segundo os pesquisadores Nicolai J. Foss e Peter G. Klein, autores do livro “Why Managers Matter” (em tradução livre, “Por que os gestores importam”), a ideia pode ser mais eficaz em empresas pequenas. No entanto, isso pode ser desafiador em grandes corporações, que exigem uma coordenação mais complexa.

As empresas quase sem chefes — e não são muitas — com suas equipes autogerenciadas, trabalhadores do conhecimento empoderados e organizações ultraplanas, não são, em geral ou comprovadamente, melhores do que as tradicionalmente organizadas”, declaram os pesquisadores à Strategy + business.

Apesar disso, os dados indicam que o modelo tradicional de trabalho, com líderes altamente centralizadores e estruturas burocráticas, pode estar com os dias contados. Tudo indica que o futuro do trabalho será uma combinação dos dois modelos

A estrutura de gestão tradicional continuará a existir, mas com mudanças significativas no papel dos líderes. A liderança deve se manifestar mais como capacidade de influência do que como autoridade formal.

Conclusão

A palavra bossless se refere a um modelo organizacional no qual não há chefes tradicionais e as decisões são compartilhadas entre todos os membros da equipe. Ele tem ganhado destaque por vários motivos, como as mudanças culturais nas expectativas dos trabalhadores mais jovens e os avanços tecnológicos. 

O modelo também oferece várias vantagens, como mais autonomia e flexibilidade para os colaboradores, e maior engajamento e retenção de talentos para as empresas. Porém, a sua adoção também exige a superação de alguns desafios, como a falta de clareza nas responsabilidades e a dificuldade de adaptação. 

Apesar de ser uma tendência que reflete rompimento com o modelo tradicional de trabalho, o bossless não atende a realidade de todas as empresas. Por isso, ele pode ser considerado uma alternativa viável para o futuro do trabalho, mas não uma solução definitiva.

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