Com a crescente pressão por resultados e o aumento da carga de trabalho, é cada vez mais comum que os profissionais se sintam exaustos e desmotivados. Esse cenário pode levar a dois problemas bastante recorrentes no ambiente corporativo: o burnout e o boreout.

Eles afetam não apenas a saúde e o bem-estar dos colaboradores, mas também impactam negativamente a produtividade e os resultados das empresas. De acordo com pesquisa da Isma-BR (representante da International Stress Management Association), o estresse relacionado ao trabalho afeta cerca de 72% dos profissionais brasileiros.

Diante desse cenário, é essencial que gestores, líderes de departamento e profissionais de RH estejam preparados para lidar com o burnout e o boreout de forma efetiva, oferecendo suporte aos colaboradores e soluções para prevenir esses problemas.

Este artigo explica em detalhes o que são burnout e boreout, seus sintomas e como as empresas podem lidar com essas questões de forma a promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Confira, abaixo, um breve resumo do que estará mais adiante:

• O que são as síndromes de burnout e boreout?
• Quais os principais sintomas das síndromes de burnout e boreout?
• Burnout x boreout: quais as principais diferenças?
• Qual dos dois é considerado uma doença pela CID?
• Como o RH e os gestores podem ajudar a evitar o burnout ou boreout?

Continue e aprenda as diferenças entre burnout e boreout!

O que são as síndromes de burnout e boreout?

Tanto o burnout quanto o boreout são problemas de saúde mental relacionados ao trabalho. Ambos podem causar sintomas como exaustão e falta de concentração. No entanto, apesar das semelhanças, existem muitas diferenças entre esses dois conceitos.

É importante entender as nuances de cada um para lidar com eles de maneira adequada e buscar as medidas necessárias. A seguir, entenda mais sobre o burnout e o boreout.

Burnout

A síndrome de burnout se caracteriza por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal no trabalho. Essa condição afeta a saúde mental dos profissionais e, consequentemente, sua produtividade e qualidade de vida.

O termo “burnout” foi cunhado pelo psicólogo americano Herbert Freudenberger, na década de 1970, para descrever a exaustão emocional de profissionais da área da saúde que trabalhavam em clínicas de reabilitação. Desde então, o termo tem sido usado para descrever a síndrome do esgotamento profissional em diversas áreas.

Boreout

O boreout é uma condição de saúde mental que se caracteriza pela falta de estímulo e desafios no ambiente de trabalho. Essa situação pode ser tão prejudicial quanto o excesso de trabalho e a sobrecarga de atividades.

O termo “boreout” foi criado por dois consultores suíços, Philippe Rothlin e Peter Werder, no livro “Boreout! Overcoming workplace demotivation” (2007), para descrever a síndrome de desmotivação e tédio no mundo corporativo. Essa condição é resultante de um desequilíbrio entre as capacidades dos trabalhadores e as demandas do trabalho. 

É importante ressaltar que o boreout não é sinônimo de preguiça ou falta de vontade de trabalhar. Na verdade, muitas pessoas que sofrem de boreout trabalham muito, mas sentem que estão perdendo seu tempo em tarefas que não as desafiam ou não utilizam suas habilidades e conhecimentos.

Quais os principais sintomas das síndromes de burnout e boreout?

Enquanto o burnout é caracterizado pelo esgotamento mental e pela baixa realização pessoal, o boreout é caracterizado pela falta de motivação e propósito no trabalho, o que pode levar à insatisfação e ao desengajamento com a empresa. Quer saber mais sobre os sintomas de cada um desses problemas de saúde? Continue lendo e confira.

Sintomas de burnout

Reconhecer os sinais pode ajudar a entender melhor se o estresse no trabalho que alguém está enfrentando afeta seu desempenho e sua qualidade de vida de maneira negativa. Segundo portal oficial do Ministério da Saúde, os sintomas mais frequentes do burnout são:

• “Cansaço excessivo, físico e mental;
• Sentimentos de fracasso e insegurança;
• Negatividade constante;
• Sentimentos de derrota e desesperança;
• Sentimentos de incompetência.”

Os sintomas associados ao burnout costumam surgir de forma gradual e, muitas vezes, são negligenciados pelas pessoas afetadas. Por isso, é importante não subestimar os sintomas leves e procurar ajuda profissional assim que eles aparecerem. 

Sintomas de boreout

O boreout pode ser tão prejudicial quanto o burnout, embora seus sintomas muitas vezes passam despercebidos ou são desprezados. Abaixo, estão listados os sinais mais comuns de que uma pessoa ou um grupo está sofrendo com boreout:

• Tédio extremo;
• Procrastinação;
• Insatisfação;
• Desmotivação;
• Falta de criatividade;
• Sensação de estagnação na carreira;
• Baixa autoestima profissional;
• Desinteresse nas atividades cotidianas do trabalho;
• Desânimo e falta de energia.

É importante ressaltar que, assim como a síndrome de burnout, a síndrome de boreout pode ter um impacto significativo na saúde física e mental das pessoas afetadas

Burnout x boreout: quais as principais diferenças

As diferenças entre esses dois problemas são importantes de serem compreendidas, pois afetam a forma como se deve lidar com cada um. O burnout é mais comum em trabalhos que envolvem estresse e pressão constante, enquanto o boreout pode ocorrer em trabalhos que oferecem pouca ou nenhuma oportunidade de crescimento profissional ou pessoal.

Enquanto o burnout é o resultado de sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções, o boreout é resultado da monotonia e da falta de variedade na rotina. É comum que pessoas que sofrem de burnout sintam como se estivessem “no limite”, enquanto pessoas com boreout se sentem sem inspiração e não conseguem encontrar propósito no trabalho.

Além disso, há sinais do corpo comuns no burnout, mas que não estão entre os sintomas frequentes de alguém que sofre com boreout, como fadiga crônica, irritabilidade e problemas físicos, como dores musculares.

Qual dos dois é considerado uma doença pela CID?

A síndrome de burnout é oficialmente reconhecida como uma doença ocupacional pela última revisão da CID-11 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Já a síndrome de boreout, por sua vez, ainda não foi reconhecida como uma doença pela CID.

Mesmo assim, os sintomas e os problemas gerados pelo boreout continuam sendo impactantes na vida das pessoas que o vivenciam e na rotina dentro das empresas. Embora a síndrome de boreout não seja oficialmente reconhecida pela OMS, seus sintomas não devem ser ignorados, e é fundamental que os profissionais de RH tenham isso em mente.

Como o RH e os gestores podem ajudar a evitar o burnout ou boreout?

O burnout e o boreout são cada vez mais comuns no ambiente de trabalho e, por isso, é importante adotar medidas para preveni-los. Cabe ao Recursos Humanos, o departamento responsável por cuidar do bem-estar dos colaboradores, estar à frente desses esforços, bem como incentivar gestores a notar sinais de burnout ou boreout em suas equipes. 

A seguir, confira mais sobre as ações que o RH pode colocar em prática para evitar esses problemas no ambiente de trabalho.

Mantenha uma comunicação clara com o liderado

A comunicação clara e eficiente é fundamental para que as expectativas e demandas do trabalho sejam bem compreendidas pelos colaboradores, evitando a sobrecarga ou a subutilização de suas habilidades e conhecimentos.

Isso significa que as expectativas em relação às responsabilidades devem ser objetivas e realistas, assim como deve haver disponibilidade para suporte e feedback por parte dos gestores.

Mantenha a escuta ativa e dê feedbacks recorrentes

A escuta ativa entre RH e colaboradores é importante porque permite que os profissionais da empresa se sintam valorizados e ouvidos. Essa abertura também fornece ao RH informações valiosas sobre o ambiente e as condições dos colaboradores.

Por sua vez, o fornecimento de feedbacks recorrentes é uma forma de garantir que todos os funcionários estejam cientes de seu desempenho e possam se ajustar, se necessário. Essas práticas contribuem para a construção de um ambiente laboral saudável e produtivo.

Defina metas e atividades

Quando os profissionais têm objetivos definidos e se sentem desafiados, é mais fácil manter o interesse e a motivação. Por isso, outra ação importante do RH para evitar o burnout e boreout é definir metas e atividades claras e desafiadoras para os colaboradores.

É importante que as atividades também sejam variadas e envolvam diferentes competências desses profissionais. Afinal, é isso que ajuda a evitar a monotonia e a sensação de estagnação, que podem levar ao boreout.

Ofereça um bom plano de carreira

Quando se trata de manter os colaboradores engajados e motivados em seus trabalhos, um plano de carreira bem estruturado pode ser um grande aliado. Esse é um recurso que ajuda os colaboradores a visualizarem seu progresso na hierarquia da empresa e a entenderem como suas atividades diárias contribuem para o sucesso da organização.

No entanto, para obter sucesso com um plano de carreira, uma empresa precisa considerar uma série de fatores, como a divisão dos planos de cargos e salários, a identificação de competências necessárias para cada cargo e a definição de critérios objetivos para promoções e aumento de responsabilidades.

Ajude o liderado a equilibrar e organizar as demandas

Um dos maiores desafios enfrentados por um colaborador é equilibrar e organizar as suas demandas de trabalho para o dia, para a semana e assim por diante. São barreiras que podem facilmente levar à sobrecarga de trabalho e ao esgotamento (burnout) ou ao tédio e à falta de propósito (boreout). Felizmente, o RH pode ajudar nesse aspecto.

Os colaboradores podem receber treinamentos sobre gerenciamento de tempo, planejamento e organização de projetos, além de aconselhamento individualizado para casos específicos.

Promova benefícios voltados à saúde mental

Por fim, é fundamental que as empresas ofereçam benefícios corporativos que vão além do salário e dos direitos trabalhistas. Isso significa que o RH deve adotar uma abordagem ampla e criativa na hora de pensar nos atrativos oferecidos aos colaboradores.

Entre os benefícios que ajudam a prevenir o burnout e o boreout, destacam-se programas de apoio psicológico, atividades de relaxamento e lazer, planos de carreira estruturados, e promoção de práticas saudáveis de alimentação e exercícios físicos. 

Conclusão

Em resumo, o burnout e o boreout são problemas que afetam a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, podendo levar a consequências negativas tanto para o indivíduo quanto para a empresa toda. É importante que não apenas os colaboradores, mas também gestores e RH estejam cientes dos sintomas desses problemas e trabalhem juntos para preveni-los.

O RH, especialmente, pode trabalhar para o planejamento e execução de medidas preventivas, como manter uma escuta ativa, fornecer feedbacks recorrentes aos colaboradores e ajudar na organização de demandas do trabalho.

Também é essencial que a empresa crie uma cultura de cuidado com os colaboradores, incentivando sempre a busca por ajuda e o diálogo aberto sobre saúde mental.

Para mais dicas sobre gestão de pessoas e novidades sobre os desafios do mundo corporativo, aproveite para conferir outros materiais publicados no blog PontoTel.