Conheça as habilidades necessárias na carreira em T
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Time Pontotel 6 de junho de 2025 Gestão de Pessoas

Carreira em T: descubra por que esse é o perfil profissional mais desejado do futuro e como desenvolver essa carreira

O que é um profissional em T? Aprenda como funciona a carreira em T, seus benefícios e como o time de RH pode incentivá-la estrategicamente.

Imagem de Carreira em T: descubra por que esse é o perfil profissional mais desejado do futuro e como desenvolver essa carreira

Ao longo dos anos, o mercado de trabalho evoluiu em diferentes aspectos e sob situações variadas. A carreira em T, por exemplo, surgiu em um contexto em que as empresas precisavam de profissionais que, além de especialistas em suas áreas de atuação, também fossem capazes de colaborar com outras equipes e tivessem habilidades interdisciplinares.

A expertise em forma de T, segundo o estudo “Aquisição de expertise em forma de T”, pode ser definida como “um conjunto de capacidades que permite a integração do próprio conhecimento com o conhecimento dos outros”. O texto recomenda, ainda, que os empregadores se envolvam “em um diálogo contínuo sobre a expertise em forma de T”.

Assim, é preciso entender a importância — para profissionais e empresas — desse tipo de carreira. O estudo “Construindo profissionais em forma de T para dominar a transformação digital” pontua que a demanda por habilidades em formato de T “surge em qualquer lugar onde a resolução de problemas seja necessária em diferentes níveis de profundidade”.

Essa temática, sobretudo em virtude da existência de outros tipos de carreira, exige explicações mais detalhadas. Este texto abordará isso por meio dos tópicos a seguir:

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Continue acompanhando o conteúdo e tenha uma boa leitura!

Quais são as características de uma carreira em T?

A carreira em T usa a metáfora da letra “T” justamente para fundamentar sua essência. As características dessa carreira são representadas nas duas barras, vertical e horizontal, que formam essa letra:

  • A barra vertical do T representa a profundidade de conhecimento que um profissional tem. Ou seja, sua especialidade em uma área;
  • A barra horizontal do T faz alusão às habilidades multidisciplinares que fazem esse profissional ser capaz de colaborar com outras áreas e times.

Como cita Crystal Schaffer, profissional de aprendizagem e coach de liderança:

“Hoje em dia, as organizações tendem a se concentrar em desenvolver e contratar pessoas com base nas habilidades que definem a liderança em forma de T — pensamento empresarial amplo e capacidade de colaboração multifuncional”

Imagem de uma apresentação intitulada 'Profissional em T' que aborda conhecimentos básicos na área de especialização, incluindo cores variadas e estrutura visual organizada.

Como funciona esse tipo de carreira na prática?

Na carreira em T, o trabalhador se aprofunda em uma área específica, tornando-se especialista nela, e, ao mesmo tempo, também desenvolve habilidades que o permitem trabalhar (colaboração multidisciplinar) com pessoas de outras áreas da empresa.

É possível citar vários exemplos de profissionais que optam pela carreira em T. Imagine, por exemplo, um designer gráfico: ele entende bem sobre identidade visual, sabe tudo acerca de tipografia e possui um amplo conhecimento de softwares de design. Tais habilidades fazem parte da sua especialidade (barra vertical do T).

Somado a isso, esse designer também entende, embora de forma básica, outros aspectos relativos a marketing, storytelling e comunicação com clientes. Essas habilidades (barra horizontal do T) são mais generalistas, porém, o permitem trabalhar com colegas de trabalho de outras áreas.

Como surgiu esse tipo de carreira nas organizações?

A ideia de carreira em T, que vem da expressão em inglês “T-shaped professional”, surgiu inicialmente na década de 1980, na McKinsey & Company. Nessa época, ela usava bastante o termo “homem em forma de T” em seus documentos e publicações internas. 

No entanto, a carreira em T começou a se tornar realmente popular somente em 1991 com David Guest, em virtude do seu artigo chamado “A caçada ao Homem Renascentista da Computação”.

Em seu texto, David descreveu um perfil de gestor híbrido: um profissional une conhecimentos sólidos em negócios com competências em tecnologia da informação, além de ter visão ampla, ser acessível e saber se relacionar bem com outras pessoas. Em outras palavras, um profissional com habilidades em T.

Mais tarde, Tim Brown, CEO e presidente da IDEO, contribuiu na popularização desse termo ao caracterizar esse perfil — o profissional T-Shaped — como alguém que tem uma habilidade principal e aprofundada, mas também consegue se conectar com outras disciplinas e pontos de vista.

Profissões e áreas que mais valorizam o perfil em T

Por conta das características da carreira em T, o perfil “profissional em T” se torna mais valorizado em áreas que exigem mais colaboração, visão multidisciplinar e adaptabilidade. Exemplos disso são:

Profissionais em T e a nova era das habilidades híbridas

Sandra Turchi, sócia-diretora da Digitalents, traz o seguinte: para as empresas conseguirem se adequar ao novo mundo, elas têm de ir atrás de “competências do profissional do futuro” e que tais competências devem estar “associadas a um perfil de aprendizado com facilidade de adaptação às mudanças, com iniciativa, resiliência e capacidade de aprendizado”.

Por isso, a carreira em T, nessa nova era no mercado de trabalho, exige profissionais em T: aqueles que, com profundidade em uma área específica e focados em continuamente desenvolver habilidades complementares, mesclam habilidades técnicas (hard skills) com comportamentais (soft skills). Eles tornam-se profissionais com habilidades híbridas.

O que um profissional precisa buscar para possuir uma carreira em T?

Um profissional que deseja trilhar a carreira em T tem de, obrigatoriamente, escolher uma área de especialidade. Ele precisa se tornar referência nela e, enquanto faz isso, estudar continuamente para ter mais experiências práticas e excelência em sua atuação.

Além disso, esse profissional em T precisa ter noções sobre outras áreas que, com maior ou menor frequência, relacionem-se com a sua. Considerando o exemplo anterior: um designer que também entende sobre estratégias de negócios. É necessário, também, saber colaborar com outros times e ter em mente que o aprendizado é constante.

Principais habilidades e competências para esse tipo de carreira

Em termos de profundidade técnica (barra vertical do T), as habilidades e competências necessárias que um profissional deve ter são:

  • Conhecimento técnico sólido em uma área;
  • Capacidade de resolver problemas complexos na sua especialidade;
  • Atenção aos detalhes e excelência na execução;
  • Constante atualização técnica;
  • Foco, disciplina e aprofundamento contínuo.

Enquanto isso, no que diz respeito às habilidades e competências que farão o profissional colaborar e atuar em diferentes contextos na empresa, destacam-se:

Comparação da carreira em T com outros tipos de carreira

No trabalho, os profissionais podem optar por diferentes tipos de carreira. Sob dadas perspectivas, pode-se notar similaridades entre elas, porém, cada tipo tem um foco específico, especialmente quando comparado à carreira em T. Entenda a seguir.

Carreira em Y

Na carreira em Y, o profissional opta, após certo nível, entre duas trajetórias: especialista em uma área ou gestão/liderança. Já a carreira em T não exclui tais trajetórias; na verdade, ela integra a especialização técnica com visão ampliada e colaborativa.

Carreira em W

A carreira em W considera três trilhas de evolução: gestão, técnica e inovação/projetos. Aqui, o colaborador naturalmente trilha uma jornada marcada por flexibilidade de movimentação entre áreas e funções diferentes durante a carreira. Enquanto isso, a carreira em T foca em uma base sólida com abertura para outras áreas.

Carreira horizontal

Na carreira horizontal, o funcionário cresce em responsabilidade, escopo e impacto, mas isso sem o propósito de fazê-lo ser promovido. Embora a carreira em T valorize, assim como a carreira horizontal, a amplitude de atuação do funcionário, ela vai além: equilibra a profundidade da área e as habilidades multidisciplinares.

Carreira vertical

A carreira vertical, presente no modelo tradicional, traz que o crescimento do colaborador se dá por promoção hierárquica, valorizando autoridade e tempo de trabalho na empresa. A carreira em T, justamente por ser mais adaptada a contextos modernos, faz um contraponto com a carreira vertical, mais rígida e hierarquizada.

Quais as vantagens da carreira em T para o profissional e para a empresa?

Um dos benefícios da carreira em T para os profissionais parte do seguinte entendimento: quem combina profundidade técnica com visão ampla tem mais oportunidades no mercado. Aliás, isso é algo que os recrutadores, sobretudo de empresas mais inovadores, valorizam em processos seletivos.

Os profissionais também se beneficiam porque, por ter outras habilidades que vão além da sua especialização, conseguem colaborar em projetos e times diferentes. Ou seja, essa carreira favorece o trabalho colaborativo, ainda mais quando envolve equipes distintas. 

Nesse sentido, Lara Avelino, analista de RH, psicóloga organizacional e recrutadora, cita:

“Quando falamos muito sobre o trabalho em equipe, falamos sobre o trabalho em sinergia, onde todos os times, e seja da geração que for, atuando na frente que for, têm um objetivo em comum maior”

Enquanto isso, sob a ótica das empresas, a carreira em T também traz inúmeros pontos positivos. Ter um quadro de funcionários mais completo e estratégico é um deles. Os colaboradores, afinal, devido à visão multidisciplinar que desenvolvem, passam a enxergar possibilidades, conexões e melhorias nos processos empresariais.

Esse tipo de carreira beneficia, ainda, o trabalho em conjunto entre os departamentos. Por isso, como pontua Helen Wale, consultora de recursos humanos, contratar profissionais em formato T é vantajoso para as empresas pelo seguinte motivo:

“Com suas habilidades essenciais e capacidade de aprender rapidamente, os funcionários em formato T se destacam em suas principais responsabilidades, mas também podem executar outras tarefas com eficiência”

Como o RH pode incentivar o desenvolvimento de carreiras em T?

Reunião de equipe de negócios com três pessoas conversando e trocando ideias em um ambiente moderno de escritório, promovendo colaboração e inovação.

O passo inicial que o time de RH deve dar é identificar quais funcionários já demonstram essa combinação de profundidade técnica e visão ampla — em termos de habilidades e noções básicas — relativa a outras áreas.

A partir desse mapeamento, o RH pode oferecer planos de carreira não linear que permitam ao profissional se desenvolver tanto como especialista quanto em áreas complementares. Incentivar que os colaboradores participem de formações fora da sua área de domínio também os auxiliam nesse sentido.

Outras medidas para incentivar a carreira em T são:

  • Job rotation: permitir que o profissional atue temporariamente em outras áreas para ampliar repertório e visão sistêmica;
  • Mentoria cruzada: ocorre quando um especialista técnico mentora um líder de outra área, por exemplo;
  • Cultura de aprendizado: quando uma empresa disponibiliza cursos online, por exemplo, ela estimula o desenvolvimento técnico e multidisciplinar do colaborador.

Conclusão

Os profissionais, tanto os que ainda não ingressaram no mercado quanto os que já estão em atividade, precisam compreender os diferentes tipos de carreira e por que a carreira em T se destaca como uma das mais valorizadas no perfil do profissional do futuro.

Afinal, um trabalhador com habilidades em T se beneficia de várias formas. Sua atuação não se resume a uma área de especialidade. Ele sabe como se comunicar com outros times, tem habilidades multidisciplinares e, por isso, colabora em diferentes áreas.

A empresa também é favorecida quando tem funcionários na carreira em T: eles se tornam mais adaptáveis, colaborativos e estratégicos. Diante disso, é importante que o time de RH, alinhado aos objetivos organizacionais, saiba como estimular esse tipo de trajetória.

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