Estresse ocupacional e NR1: o que diz a norma e como prevenir
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Time Pontotel 5 de dezembro de 2025 Gestão de Pessoas

Estresse ocupacional e NR1: como identificar e prevenir esse risco no ambiente de trabalho

Descubra o que é estresse ocupacional, como identificá-lo no ambiente de trabalho e estratégias para proteger a saúde dos funcionários.

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O estresse ocupacional tem se tornado uma das principais preocupações das empresas, impactando diretamente a produtividade, o clima organizacional e o bem-estar dos colaboradores.

Quando as exigências e responsabilidades do trabalho ultrapassam os limites saudáveis, surgem sinais de desgaste físico e emocional que comprometem o desempenho profissional.

De acordo com o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View, do ADP Research Institute, 67% dos trabalhadores brasileiros afirmam que seu desempenho no trabalho é negativamente influenciado pelo estresse.

O dado reforça a importância de identificar esse risco e adotar medidas eficazes de prevenção dentro das organizações.

Neste conteúdo, será possível compreender o que é o estresse ocupacional, principais causas, consequências para profissionais e empresas, e as melhores práticas para prevenir esse problema no trabalho, a partir dos seguintes tópicos: 

Boa leitura!

 

O que é estresse ocupacional?

O estresse ocupacional é uma reação física, mental e emocional que surge quando as demandas do trabalho ultrapassam a capacidade de adaptação do indivíduo.

Diferentemente do estresse comum, que pode ser momentâneo, o estresse ocupacional está relacionado à rotina profissional e tende a se prolongar quando o ambiente de trabalho é marcado por pressão constante, sobrecarga e falta de equilíbrio entre esforço e reconhecimento.

Entre os principais sintomas do estresse ocupacional estão:

  • Cansaço persistente e falta de energia;
  • Dificuldade de concentração;
  • Irritabilidade e mudanças de humor;
  • Tensão muscular e dores frequentes;
  • Distúrbios do sono.

Esse tipo de estresse afeta tanto o desempenho quanto a saúde do colaborador, podendo gerar impactos físicos e psicológicos que comprometem a motivação, o engajamento e as relações interpessoais no ambiente corporativo.

Tipos de estresse

Existem dois principais tipos de estresse ocupacional: o agudo e o crônico. Ambos afetam o bem-estar e o desempenho profissional, mas se diferenciam pela duração e intensidade das reações.

O estresse ocupacional agudo é uma resposta imediata a eventos pontuais, como prazos apertados, conflitos ou mudanças repentinas nas demandas de trabalho. Costuma ser intenso, mas temporário, cessando quando a situação é resolvida.

Por sua vez, o estresse ocupacional crônico resulta da exposição prolongada a fatores estressantes, como sobrecarga constante ou falta de reconhecimento, podendo causar esgotamento físico e emocional e levar à síndrome de burnout.

 

Estresse ocupacional e NR1: o que diz a norma?

Homem em escritório segurando papel e com feição de irritação

A partir de 26 de maio de 2025, a avaliação de riscos psicossociais passa a ser obrigatória nas empresas brasileiras como parte da gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), conforme atualização da Norma Regulamentadora n. 1 (NR-1), promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em agosto de 2024.

Os riscos psicossociais envolvem fatores relacionados à organização do trabalho e às relações interpessoais, incluindo metas excessivas, jornadas longas, falta de suporte, assédio moral e conflitos entre colegas ou líderes.

Esses elementos estão diretamente ligados ao estresse ocupacional, que pode se manifestar em cansaço, ansiedade, depressão e queda de desempenho.

A NR-1 exige que os empregadores identifiquem, avaliem e controlem esses riscos, independentemente do porte da empresa.

Caso sejam detectados, devem ser elaborados planos de ação com medidas preventivas ou corretivas, como reorganização do trabalho ou melhorias nos relacionamentos internos. 

 

Principais causas do estresse ocupacional

O estresse ocupacional pode surgir de diferentes fatores, tanto internos, ligados às demandas e condições do trabalho, quanto externos, como questões pessoais que acabam refletindo no ambiente profissional. 

Confira a seguir os principais motivadores do estresse ocupacional!

Sobrecarga e jornadas extensas

Rotinas intensas e longas horas de trabalho estão entre os principais fatores que alimentam o estresse ocupacional.

Longas jornadas, atreladas à falta de pausas adequadas e à pressão por resultados, comprometem o bem-estar físico e mental dos profissionais.

De acordo com levantamento apresentado pela CNN feito com profissionais da saúde, jornadas de trabalho prolongadas estão ligadas ao aumento do estresse, contribuindo para problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares e distúrbios do sono.

Fatores externos e pressões pessoais

O estresse ocupacional nem sempre tem origem direta no ambiente de trabalho. Questões pessoais e externas também podem impactar o desempenho e o bem-estar do colaborador, refletindo em menor produtividade e maior irritabilidade.

Problemas financeiros, familiares ou de saúde, por exemplo, podem aumentar o nível de tensão e dificultar a concentração nas atividades profissionais.

Entre os fatores que reverberam no trabalho e podem ser levados em conta estão:

Lideranças tóxicas e comunicação ineficaz

Um dos motivadores do estresse ocupacional está relacionado a lideranças tóxicas e comunicação ineficaz no ambiente de trabalho.

Comportamentos como cobranças excessivas, microgestão, críticas constantes ou falta de feedback construtivo podem gerar desgaste emocional nos colaboradores, afetando desempenho e motivação.

Além disso, práticas de comunicação inadequadas, como contatar funcionários fora do horário de trabalho para resolver problemas, contribuem para o aumento do estresse e da ansiedade no longo prazo.

“Contactar colaboradores fora do horário de trabalho, mesmo que para resolver um problema urgente, pode causar desgaste a longo prazo, aumentando o estresse e a ansiedade. É essencial ter essa visão focada na saúde do outro.”, explica Naomi Wagatsuma, analista de projetos na Pontotel.

Ambientes competitivos e ausência de reconhecimento

Cenários em que prevalecem disputas internas, metas excessivamente agressivas e falta de valorização profissional contribuem fortemente para o aumento do estresse ocupacional. 

A sensação de não ser reconhecido pelo esforço e pelos resultados gera desmotivação e desgaste emocional.

Segundo o Relatório Global de Bem-Estar no Trabalho de 2024, 60% das pessoas afirmam sentir-se estressadas no ambiente profissional, um sinal evidente de que a cultura de alta performance sem equilíbrio pode comprometer a saúde mental e o engajamento das equipes. 

Falta de autonomia e excesso de controle sobre o trabalho

A ausência de liberdade para tomar decisões e o monitoramento constante por parte das lideranças podem gerar sensação de impotência e insegurança, aumentando os níveis de estresse ocupacional.

Quando o profissional não tem espaço para aplicar seu próprio método ou participar das decisões, o trabalho passa a ser visto como fonte de pressão, e não de realização.

De acordo com um levantamento da consultoria Fellipelli, 58% dos profissionais brasileiros afirmam precisar de mais autonomia no trabalho, justamente porque a independência para executar tarefas reduz o estresse, melhora a satisfação e contribui para um ambiente organizacional mais saudável.

 

Consequências do estresse ocupacional 

O surgimento do estresse ocupacional é preocupante, pois vai além do desgaste individual e interfere no desempenho e na dinâmica do ambiente de trabalho. 

A seguir, veja como o estresse no trabalho pode impactar o equilíbrio e a rotina do dia a dia tanto para colaborador como para a empresa.

Para colaboradores

O estresse ocupacional se manifesta tanto de forma física quanto emocional, afetando o desempenho, a concentração e a motivação nas atividades.

A pressão constante, a sobrecarga de tarefas e a falta de controle sobre o próprio trabalho podem gerar um desgaste contínuo, que se acumula ao longo do tempo e causa malefícios, como: 

  • Fadiga e esgotamento: sensação constante de cansaço físico e mental, mesmo após períodos de descanso;
  • Dificuldades cognitivas: problemas de concentração, memória e tomada de decisões, prejudicando o desempenho profissional;
  • Alterações emocionais: irritabilidade, ansiedade, sentimentos de sobrecarga e desânimo;
  • Sintomas físicos: dores musculares, alterações no sono, hipertensão e outros efeitos relacionados ao sistema cardiovascular.

Esses efeitos podem se intensificar quando o estresse permanece sem controle, tornando o ambiente de trabalho cada vez mais desgastante.

Para empresas

Na empresa, ambientes com altos níveis de estresse tendem a apresentar menor engajamento, clima tenso e relações interpessoais fragilizadas, impactando a eficiência geral da organização.

Entre as principais consequências para o negócio, é possível observar: 

  • Redução de produtividade: queda no rendimento, dificuldade em cumprir prazos e diminuição da qualidade do trabalho;
  • Aumento do absenteísmo: faltas frequentes por problemas de saúde física ou mental;
  • Maior rotatividade: aumento do número de desligamentos e instabilidade nas equipes;
  • Impacto no clima organizacional: tensões internas, desmotivação e dificuldades de colaboração;
  • Elevação de custos operacionais: retrabalho, treinamentos de reposição e impactos financeiros decorrentes de erros ou atrasos.

Tais consequências mostram como o estresse ocupacional pode gerar efeitos prolongados, comprometendo a estabilidade e o funcionamento das operações empresariais.

 

Como prevenir o estresse ocupacional?

Duas pessoas conversando na frente de um notebook e uma mesa de escritório

O setor de recursos humanos e a liderança possuem responsabilidade na aplicação de estratégias para evitar o estresse ocupacional. Confira o que pode ser aplicado na empresa para promover maior bem-estar no trabalho!

Redesenhe jornadas e fluxos de trabalho com foco em equilíbrio

Jornadas extensas e excesso de tarefas estão entre os principais fatores de estresse. Por isso, reestruturar fluxos, estabelecer prioridades claras e definir limites realistas contribui para reduzir o desgaste e elevar a produtividade.

Além disso, estruturas flexíveis permitem que os colaboradores adaptem suas rotinas, mantendo equilíbrio entre demandas e capacidade de execução.

“A flexibilidade é um fator de atração, de retenção de talentos e é especialmente uma questão de bem-estar.”, afirma Bruno Rodrigues, CEO e cofundador da GoGood, empresa de benefício que concede acesso a academias e outros serviços de bem-estar.

Capacite líderes para reconhecer sinais de sobrecarga emocional

Lideranças bem preparadas fortalecem a cultura de cuidado e empatia, promovendo diálogo aberto e confiança.

Ambientes em que a liderança atua de forma ativa apresentam maior engajamento, adesão a programas de saúde e menor incidência de problemas psicossociais.

“Quando o RH capacita e empodera a liderança […], os índices de adesão e engajamento nos programas de bem-estar são muito maiores.”, complementa Bruno Rodrigues, CEO e cofundador da GoGood.

Adote programas de apoio psicológico e qualidade de vida

Os programas de apoio psicológico e as iniciativas de qualidade de vida oferecem suporte direto aos colaboradores, promovendo saúde mental, equilíbrio emocional e maior capacidade de lidar com demandas diárias.

Esses programas podem incluir atendimento psicológico individual, grupos de suporte, treinamentos de gestão de estresse, atividades de mindfulness, programas de ginástica laboral, workshops sobre sono e nutrição, além de canais de orientação confidenciais.

A adoção de ações estruturadas de bem-estar ajuda a identificar precocemente sinais de sobrecarga, ansiedade e fadiga, evitando que o estresse se torne crônico e prejudique o desempenho.

“Alguns estudos mostram que cada dólar investido em saúde mental retorna para a empresa à medida que ela gera impacto em absenteísmo, presenteísmo, custos de plano de saúde e qualidade de vida do colaborador. É importante mensurar esses pontos para fortalecer o programa.”, orienta Thiago Liguori, médico e diretor de saúde da Pipo Saúde.

Utilize tecnologia e dados para identificar riscos

Ferramentas digitais permitem identificar padrões de sobrecarga, horas extras, pressão de metas e sinais de desgaste emocional antes que se tornem problemas crônicos.

Integrar dados sobre jornadas, produtividade e saúde com feedbacks de colaboradores possibilita intervenções mais precisas e eficazes.

Conheça os principais recursos que podem ser adotados: 

  • Softwares de gestão de jornada e produtividade: monitoram horas trabalhadas, atrasos e sobrecarga de tarefas;
  • Plataformas de ponto digital: registram horários de entrada e saída, pausas e horas extras, permitindo análise detalhada de jornadas e identificação de sobrecarga;
  • Sistemas de People Analytics: cruzam dados de desempenho, absenteísmo e indicadores de engajamento para identificar áreas de risco;
  • Plataformas de feedback contínuo: permitem aos colaboradores reportar níveis de estresse, satisfação e carga de trabalho.

Conclusão

Portanto, ficou evidente que o estresse ocupacional pode comprometer tanto o bem-estar quanto o desempenho no trabalho, afetando concentração, produtividade e equilíbrio emocional.

Investir em medidas preventivas, como reestruturação de jornadas, flexibilização de tarefas, capacitação de líderes e programas de apoio psicológico, ajuda a criar um ambiente mais saudável.

O uso de ferramentas tecnológicas, como sistemas de ponto digital e plataformas de feedback, permite monitorar jornadas e identificar sinais de sobrecarga de forma precisa e segura.

Ao adotar essas práticas, é possível reduzir riscos de esgotamento, aumentar a motivação, melhorar o clima organizacional e garantir maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

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