O bullying no trabalho, também conhecido como assédio moral, é uma realidade preocupante que impacta empresas dos mais variados portes e setores.
Estudos recentes mostram que mais de 47% dos trabalhadores brasileiros já sofreram esse tipo de comportamento, segundo pesquisa do Online Currículo.
O bullying afeta diretamente o bem-estar psicológico dos profissionais, prejudicando o desempenho individual e gerando consequências negativas para toda a organização.
Este artigo explora o tema, explicando o que é o bullying no trabalho e a legislação pertinente, apontando sinais claros que indicam sua presença nas equipes e detalhando como líderes e profissionais de RH podem criar estratégias eficazes para prevenir e combater essa prática prejudicial.
O aprofundamento será dado por meio dos tópicos abaixo:
- O que é bullying no trabalho?
- O bullying no trabalho é crime? O que diz a legislação?
- Quais são os sinais de bullying no trabalho?
- Quais são os impactos do bullying no ambiente de trabalho?
- Como as lideranças e o RH podem prevenir e combater o bullying?

Boa leitura!
O que é bullying no trabalho?
Bullying no trabalho é o conjunto de ações negativas, repetidas e constantes direcionadas a um colaborador específico ou grupo, com o intuito de humilhar, intimidar, discriminar, excluir ou prejudicar emocionalmente.
Essas ações criam um ambiente tóxico e degradante, impactando profundamente a autoestima e a saúde mental dos envolvidos.
Bullying vertical x bullying horizontal
Bullying vertical refere-se a situações em que o comportamento abusivo parte de líderes ou gestores contra subordinados.
Geralmente, ocorre por abuso de autoridade, resultando em situações como críticas públicas excessivas, sobrecarga proposital de trabalho, ameaças veladas de demissão ou práticas sistemáticas de humilhação.
Esse tipo de bullying é sobretudo prejudicial por envolver uma relação direta de poder, dificultando que a vítima consiga denunciar ou buscar ajuda por medo de retaliações, o que se configura como assédio moral.
Bullying horizontal acontece entre colegas de trabalho no mesmo nível hierárquico. Em regra, manifesta-se por meio de fofocas maldosas, isolamento social, exclusão de atividades, sabotagem profissional ou uso constante de piadas depreciativas disfarçadas de brincadeira.
Diferentemente do vertical, o bullying horizontal pode ser mais sutil, tornando-se mais difícil identificar de imediato e resolver entre os próprios colaboradores.
Independentemente do tipo, ambas modalidades criam ambientes tóxicos e prejudiciais, exigindo atenção imediata das lideranças e do RH para interromper e evitar que tais práticas se consolidem na cultura da empresa.
O bullying no trabalho é crime? O que diz a legislação?
Conforme a legislação brasileira, o bullying no ambiente de trabalho é tratado juridicamente como assédio moral, uma conduta ilícita passível de responsabilização civil e trabalhista.
Embora não exista uma lei federal específica que criminalize o assédio moral no Brasil, o artigo 483 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) prevê que trabalhadores submetidos a situações humilhantes ou degradantes podem considerar rescindido o contrato de trabalho por justa causa do empregador.
Além disso, o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 186, também assegura que atos ilícitos que causam danos morais à vítima devem ser reparados financeiramente.
Assim, vítimas podem pleitear indenizações por danos morais e materiais decorrentes do bullying no ambiente de trabalho.
Quais são os sinais de bullying no trabalho?

Identificar os sinais do bullying é preciso para prevenir que ele se torne uma prática comum e destrutiva na organização.
Segundo o CEO da GoGood, Bruno Rodrigues, a falta do bem-estar é um dos primeiros sintomas, com sinais claros: “O bem-estar não é uma doença que você corre para o pronto-socorro, fica hospitalizado; é algo que aos poucos vai mudando seu dia a dia. Naturalmente, a empresa vai entender que há um gargalo gigantesco devido ao aumento de afastamentos, à perda de produtividade, ao aumento do burnout. Todas essas questões impactam diretamente as companhias.”.
Confira a seguir sinais claros que devem acender o alerta para líderes e profissionais de RH.
Mudanças no comportamento da vítima
Um colaborador vítima de bullying com frequência apresenta alterações visíveis no comportamento.
Vítimas de assédio moral recorrentemente demonstram sinais claros de ansiedade excessiva, irritabilidade constante, mudanças abruptas de humor, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e um aumento visível da inseguridade profissional.
Esses colaboradores também podem demonstrar comportamentos defensivos frequentes, como evitar contato visual, responder de forma breve ou pouco assertiva a perguntas, além de expressar medo constante de cometer erros.
Quando esses sinais aparecem, gestores devem estar atentos para conversar com o colaborador e entender melhor a origem desses comportamentos.
Impactos no desempenho profissional
Um dos sinais mais objetivos de bullying no ambiente corporativo é a queda significativa e constante no desempenho profissional da vítima.
Isso ocorre porque a vítima com frequência passa a duvidar de suas próprias habilidades, apresentando dificuldade para concentrar-se, tomar decisões e cumprir prazos.
Esse impacto negativo no desempenho costuma ser interpretado erroneamente como desmotivação ou incompetência, agravando ainda mais a situação do colaborador, que muitas vezes sofre represálias ou ameaças veladas de punição pelo seu baixo rendimento.
Por isso, lideranças devem avaliar com cuidado casos repentinos de queda no desempenho e investigar possíveis causas relacionadas ao assédio.
Isolamento e exclusão da equipe
A exclusão deliberada e o isolamento social são sinais claros de bullying no ambiente de trabalho.
Muitas vítimas começam a ser sistematicamente excluídas de reuniões importantes, conversas informais entre colegas e eventos sociais fora do ambiente de trabalho.
Essa exclusão pode ser manifesta de forma sutil, por meio de atitudes como silenciar, ignorar as ideias ou sugestões do colaborador, tornando-o praticamente invisível no grupo.
A vítima pode internalizar esses sentimentos, tornando-se retraída e evitando participar de atividades importantes da empresa.
Para evitar que esse isolamento prejudique o clima organizacional, é necessário observar com cuidado as dinâmicas da equipe e promover diálogos abertos sobre inclusão e respeito mútuo.
Quais são os impactos do bullying no ambiente de trabalho?
Quando o bullying é tolerado ou negligenciado, os impactos negativos afetam não apenas o funcionário diretamente envolvido, mas toda a estrutura organizacional.
Entre os principais prejuízos, destacam-se:
- Adoecimento emocional e queda de produtividade: o assédio moral aumenta de modo significativo o risco de transtornos mentais como ansiedade, depressão e síndrome do burnout, refletindo diretamente na produtividade;
- Aumento do turnover e absenteísmo: ambientes com casos frequentes de bullying registram altos índices de turnover (rotatividade de pessoal) e absenteísmo (faltas ao trabalho). Um artigo da Great Place To Work Canada evidencia que empresas com clima tóxico têm uma tendência maior à saída de funcionários em comparação com ambientes saudáveis;
- Clima organizacional tóxico e perda de reputação: empresas que não combatem o bullying acabam criando uma cultura organizacional negativa e hostil. Como consequência, isso gera perda da reputação da marca empregadora, dificultando a atração de talentos e reduzindo o engajamento dos funcionários.
Como as lideranças e o RH podem prevenir e combater o bullying?

Felizmente, é possível implementar ações para prevenir e combater esse tipo de comportamento nas empresas.
Confira algumas estratégias a seguir.
Criação de canais seguros de denúncia
A criação de canais seguros e sigilosos para denúncia é um tipo de ação que não pode ser negligenciado no combate ao bullying.
A pesquisa “Integridade Corporativa no Brasil 2022”, realizada pela Deloitte em parceria com o Instituto Rede Brasil do Pacto Global, revela que 79% das empresas possuem um canal de denúncias anônimas; e, desse total, 86% utilizam as informações provenientes do canal para aprimorar o programa de compliance.
O canal de denúncia deve garantir anonimato, segurança e confidencialidade das informações, estimulando funcionários a relatar situações abusivas sem medo de retaliação.
Treinamentos de sensibilização e empatia
Programas regulares de treinamento e sensibilização sobre empatia, diversidade e comunicação não violenta são essenciais para a prevenção de casos de bullying.
Os treinamentos devem ser realizados frequentemente e envolver todos os níveis da organização, conscientizando funcionários e gestores sobre as consequências destrutivas do bullying e como cultivar um ambiente saudável e respeitoso.
Políticas claras e ações imediatas em casos de abuso
Implementar políticas organizacionais claras sobre o bullying é essencial para prevenir abusos.
Essas políticas devem incluir definição precisa de comportamentos inaceitáveis, procedimentos internos de investigação, e consequências disciplinares rigorosas para quem comete tais ações.
Além disso, “Campanhas como o Setembro Amarelo e Janeiro Branco são oportunidades importantes para sensibilizar e conscientizar os funcionários sobre saúde mental.”, complementou a coordenadora de marketing da Pontotel, Carla souza.
Estímulo à cultura de respeito e acolhimento
O estímulo constante a uma cultura de respeito e acolhimento é o caminho para evitar que comportamentos negativos se instalem na organização.
Líderes precisam demonstrar, com exemplos diários, que respeitam e valorizam seus colaboradores.
“A empresa precisa alinhar ritos, símbolos e sistemas de gestão que podem influenciar a cultura com as mensagens que deseja reforçar e transmitir, construindo um ecossistema que esteja conectado. Quanto mais conexão e sentido a empresa conseguir gerar para as pessoas, maior o sentimento de pertencimento.”, foi a conclusão da diretora de pessoas e cultura da Sankhya, Mariá Menezes.
Conclusão
O bullying no trabalho é uma realidade séria que deve ser enfrentada ativamente por empresas comprometidas com a saúde e a produtividade dos seus colaboradores.
É responsabilidade das lideranças e dos profissionais de RH identificar com antecedência os sinais dessa prática nociva e estabelecer mecanismos claros para combatê-la.
Investir em uma cultura organizacional pautada por respeito, acolhimento e empatia não apenas previne o bullying como também fortalece a imagem da empresa, garantindo equipes engajadas, produtivas e felizes em seus ambientes profissionais.
Com essas orientações práticas, a empresa estará pronta para criar um ambiente saudável, seguro e, principalmente, livre do bullying no trabalho.
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