Certos comportamentos profissionais têm chamado a atenção de empresas e especialistas em gestão, e um dos mais recentes é o task masking.
Trata-se de uma prática silenciosa, mas com impacto direto na produtividade, no engajamento e na saúde mental dos colaboradores — especialmente entre os profissionais da Geração Z.
O termo ainda é pouco conhecido no Brasil, mas já circula com força no LinkedIn e em portais de RH, levantando discussões sobre bem-estar, liderança e mudanças nas relações de trabalho.
Neste artigo, o task masking será explicado, assim como o motivo de sua popularização, quais táticas são usadas e como os líderes podem atuar para evitar esse comportamento.
O artigo será dividido por meio dos seguintes tópicos:
- O que é task masking?
- Por que a prática é mais comum entre a Geração Z?
- Quais são as táticas do task masking?
- Impacto do task masking no ambiente de trabalho
- Papel da liderança na redução do task masking

Boa leitura!
O que é task masking?
Task masking é o ato de parecer ocupado — sem necessariamente estar produzindo algo relevante ou estratégico, ou seja: uma falsa produtividade.
É quando o colaborador finge estar envolvido em tarefas importantes para evitar cobranças ou parecer improdutivo. Isso pode incluir manter várias janelas abertas no computador, participar de muitas reuniões sem efetiva contribuição, ou responder e-mails com frequência apenas para mostrar atividade.
O comportamento muitas vezes é motivado por insegurança, excesso de pressão, falta de propósito ou uma tentativa de se proteger em ambientes tóxicos ou com baixa confiança entre equipes.
Como esse termo surgiu?
O termo ganhou força em fóruns de carreira e redes sociais profissionais, como o LinkedIn e o Reddit, especialmente nos Estados Unidos. A palavra vem de “mask” (máscara), pois descreve a ação de mascarar a ociosidade com ações que imitam a produtividade.
Essa prática é considerada uma resposta comportamental a ambientes que valorizam presencialismo e ocupação constante, em vez de resultados claros e mensuráveis.
A consultoria Gallup, em seu relatório anual de engajamento no trabalho, apontou que 59% dos colaboradores se sentem como “quiet quitters”, o que pode ser um indicador de task masking em larga escala.
Por que a prática é mais comum entre a Geração Z?
A Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) entrou no mercado de trabalho durante a pandemia ou pouco antes dela.
Muitos desses profissionais começaram suas carreiras remotamente, em um contexto de valorização da autonomia, flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Ao enfrentar culturas mais tradicionais, em que o foco é no controle e na presença física, parte desses profissionais passou a recorrer ao task masking como forma de sobreviver a ambientes que não se alinham com suas expectativas de trabalho.
Trabalho presencial vs. trabalho remoto
O retorno ao modelo presencial ou híbrido aumentou os casos de task masking.
Isso porque muitos profissionais sentem que estão sendo julgados pelo tempo que passam em frente ao computador ou na empresa, e não pela qualidade das entregas.
Um estudo da Microsoft de 2022 apontou que 85% dos líderes não têm confiança na produtividade dos funcionários em home office, mesmo com indicadores positivos de performance.
Esse tipo de desconfiança pode incentivar comportamentos como o task masking — tanto em casa quanto no escritório.
Quais são as táticas do task masking?

As táticas mais comuns do task masking incluem:
- Participar de reuniões sem propósito real;
- Responder e-mails fora do expediente;
- Atualizar tarefas em ferramentas de gestão apenas para parecer ocupado;
- Manter diversas abas de trabalho abertas sem foco real;
- Utilizar mensagens automáticas como “ocupado” no chat corporativo;
- Esticar prazos de tarefas simples para parecer envolvido.
Essas ações podem passar despercebidas por algum tempo, mas, ao longo dos meses, impactam diretamente os resultados da equipe e o clima organizacional.
Impacto do task masking no ambiente de trabalho
Embora o task masking seja, à primeira vista, uma tentativa inofensiva de se proteger da pressão ou de aparentar produtividade, seus efeitos a longo prazo podem comprometer seriamente o desempenho das equipes e a cultura organizacional.
Quando essa prática se torna comum, os impactos vão muito além do indivíduo: afetam o engajamento, a produtividade, o bem-estar e até mesmo a confiança entre colegas e líderes.
A seguir, veja como o task masking interfere diretamente no ambiente corporativo — e por que ele merece atenção das lideranças.
Perda de engajamento e aumento da rotatividade
O task masking é, muitas vezes, um sintoma de desengajamento.
Quando os colaboradores não sentem que seu trabalho tem impacto real ou são constantemente cobrados por produtividade superficial, perdem o senso de pertencimento.
Isso leva à desmotivação e à busca por novas oportunidades — especialmente entre os mais jovens.
Segundo uma pesquisa da Deloitte, 49% dos profissionais da Geração Z planejam deixar seus empregos nos próximos dois anos, e uma das razões é a sensação de que não são valorizados pelo que entregam, mas sim pelo quanto aparentam trabalhar.
Queda real da produtividade
Embora o task masking pareça uma forma de se manter “ativo”, ele representa uma queda real na produtividade.
Colaboradores que se ocupam com tarefas que não geram valor tendem a entregar menos, com menos qualidade e em prazos maiores. Isso impacta o desempenho individual e coletivo.
Burnout
A tentativa constante de parecer produtivo pode gerar exaustão mental.
Manter-se em alerta, com receio de parecer “parado”, pode causar ansiedade, sobrecarga emocional e, em casos mais graves, burnout — que já atinge 30% dos profissionais brasileiros, segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).
Perda de confiança entre colegas e gestores
O task masking gera ruído entre membros da equipe e lideranças.
Quando percebido, esse comportamento pode ser visto como má-fé ou falta de comprometimento, mesmo quando motivado por medo ou pressão. Isso afeta diretamente a confiança — um dos pilares de equipes de alta performance.
Papel da liderança na redução do task masking

Embora o task masking seja um comportamento individual, ele é reflexo de ambientes que falham na criação de relações saudáveis, seguras e produtivas.
A liderança tem o papel de minimizar ou eliminar essa prática.
Valorizar as conquistas dos colaboradores
Reconhecer resultados reais, celebrar conquistas e dar visibilidade às entregas bem feitas ajuda a combater o task masking.
Quando os profissionais percebem que o valor está no que produzem — e não em como aparentam trabalhar — eles se sentem mais seguros para focar no que realmente importa.
Isso pode ser feito por meio de programas de incentivo, feedbacks ou até mesmo simples reconhecimentos para toda a equipe a cada entrega que gera impacto, deixando claro qual foi a ação e o impacto gerado.
Para Bruno Rodrigues, CEO e cofundador da GoGood, “O propósito tem um significado que se conecta com aquilo que você está fazendo. Você consegue materializar isso para você e para os seus liderados. Isso tem um impacto no dia a dia do bem-estar, seja positivo ou negativo.”.
Oferecer flexibilidade
Flexibilidade não significa ausência de regras.
Trata-se de oferecer opções que respeitem diferentes estilos de trabalho, como horários flexíveis ou metas por entrega.
Isso ajuda a reduzir a necessidade de “parecer ocupado” o tempo todo, especialmente para quem trabalha remotamente.
Para colocar isso em prática, lideranças podem adotar políticas de trabalho híbrido ou remoto bem definidas, estabelecer objetivos claros e focar mais em entregas do que em horas logadas.
Além disso, abrir espaço para que os colaboradores sugiram modelos que funcionem melhor para sua rotina pode aumentar o senso de autonomia e pertencimento, reduzindo o task masking por imposição de uma rotina rígida.
Construir um ambiente seguro
Ambientes psicológico e emocionalmente seguros permitem que os colaboradores se expressem sem medo.
Um relatório da McKinsey mostra que empresas com alto índice de segurança psicológica têm maior engajamento e performance.
Para construir esse ambiente, as lideranças podem começar adotando práticas simples, como promover escuta ativa nas reuniões, acolher sugestões sem julgamentos e garantir que críticas sejam feitas de forma construtiva.
Além disso, os líderes precisam ser o exemplo de vulnerabilidade e transparência, mostrando que errar faz parte do processo e que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de maturidade profissional.
Prezar pela comunicação aberta
Feedbacks constantes, clareza nas expectativas e abertura para escuta ativa são alguns dos caminhos mais certeiros para evitar o task masking.
O colaborador precisa entender o que é esperado dele — e sentir que pode pedir ajuda quando necessário, mas para isso é preciso que a liderança esteja preparada para desenvolver uma comunicação aberta com o time.
Conclusão
O task masking é mais do que um novo termo do vocabulário corporativo — é um reflexo de culturas que ainda valorizam mais a aparência de produtividade do que os resultados reais.
Seu crescimento entre a Geração Z é um sinal de alerta para empresas que desejam manter talentos engajados, produtivos e mentalmente saudáveis.
Cabe às lideranças promover ambientes transparentes, com foco em entregas de valor, respeito às individualidades e estímulo à autonomia. Só assim será possível reduzir essa prática e construir um modelo de trabalho mais sustentável para todos.
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