Interim management tem ganhado espaço em empresas de vários países, incluindo o Brasil, que precisam de agilidade para superar desafios e ter resultados rápidos. Afinal, envolve a contratação de profissionais experientes para assumir posições estratégicas.
Segundo o Relatório de Gestão Interina de 2023, quase metade de todas as empresas que contratam gestores interinos (48,7%) é de grande porte, tendo mais de 250 funcionários. Enquanto isso, a maioria das empresas restantes (36,3%) trata-se de PMEs.
O ponto é: seja para momentos de crises, crescimento acelerado ou transições, adotar a gestão interina oferece soluções práticas. Além dessas, porém, há outras nuances acerca desse assunto que merecem atenção especial, como a contratação desse tipo de gestor.
Por isso, para explicá-las mais afundo, este artigo abordará os seguintes tópicos:
- O que é interim management e como funciona?
- Qual é o papel de um gestor interino?
- Quando contratar um gestor interino?
- Qual o perfil de um bom interim manager?
- Como contratar um gestor interino?
- Como garantir o sucesso da liderança interina na empresa?
Tenha uma ótima leitura!
O que é interim management e como funciona?
Interim management, ou gestão interina, é processo de contratar um profissional experiente, por tempo determinado, para assumir um cargo de liderança e lidar com um desafio específico.
Esse gestor interino não entra para “fazer carreira”, mas para entregar resultados rápidos em situações que pedem ação imediata. É o caso de uma crise, uma transição ou uma reestruturação.
Nesse sentido, a diretora de operações Yvonne Diaz pontua: “Os gerentes interinos intervêm quando um líder permanente sai abruptamente ou é convidado a deixar a organização, proporcionando continuidade, enquanto é realizada uma busca por um substituto permanente”.
Um dos grandes diferenciais de uma empresa contratar um gestor interino está na agilidade: enquanto um executivo permanente pode levar meses para ser contratado, o interino costuma estar pronto para começar em poucos dias.
Aliás, em termos de cargos, a Pesquisa Internacional sobre Gestão Interina (2022) ressalta que o “cargo mais procurado pelos clientes que terceirizam serviços de Gestão Interina é o de Diretor Financeiro/CFO, com mais de 9 em cada 10 proprietários de empresas de Gestão Interina (95,92%)”.
Interim management, terceirização ou advisory board: qual a diferença?
Esses três modelos são formas diferentes de contar com apoio externo na empresa, porém, cada um tem objetivos distintos e atua de maneira própria dentro do negócio. A gestão interina, como abordado anteriormente, acontece quando a empresa traz um profissional experiente para assumir temporariamente um cargo de liderança.
Já a terceirização volta-se para tarefas operacionais: contrata-se outra empresa para cuidar de atividades como segurança e tecnologia. Enquanto isso, o advisory board reúne especialistas que orientam a empresa com análises, conselhos estratégicos e ideias para tomada de decisão. Trata-se, nesse sentido, de uma consultoria.
Qual é o papel de um gestor interino
A estratégia de interim management acontece quando o gestor interino entra na empresa para assumir o controle de uma área que está passando por um momento delicado ou de mudança.
Em outras palavras, ele ocupa uma posição de liderança, como a de diretor, e, consequentemente, tem a autoridade para tomar decisões, implementar melhorias e entregar resultados em um prazo definido.
Volker Hüther, executivo financeiro, diz que um “gerente interino é como o super-herói que aparece de repente quando o bat-sinal do escritório dispara, preenchendo o vazio deixado pelo chefe desaparecido”.
Afinal, esse profissional costuma ser chamado quando há urgência: uma liderança saiu de repente, a empresa está passando por uma reestruturação, um projeto importante precisa ser finalizado ou os resultados caíram drasticamente.
Seja qual for o cenário, nas palavras de Joerg Bauer, CFO EMEA na RESRG Automotive, a gestão interina normalmente inclui “avaliação, formulação de estratégias e execução, sendo que esta última pode exceder o escopo típico de consultores”.
Principais responsabilidades de um gestor interino
Quando uma empresa decide implementar a estratégia de interim management, ela espera mais do que só a presença temporária de um gestor interino. O que ela quer é ação, foco e resultados.
Como destaca Anup Mishra, gerente de aquisição de talentos, os gestores interinos são “líderes temporários com um talento especial para tomar decisões difíceis, conduzindo o navio em águas turbulentas”. Além disso, seja fazendo a gestão de crise, reorganizando as coisas ou supervisionando projetos, “eles trazem expertise e uma nova perspectiva”.
Por isso, entre as responsabilidades desse tipo de gestor estão:
- Assumir rapidamente uma posição de liderança;
- Tomar decisões estratégicas com foco em resultados;
- Conduzir mudanças e reestruturações;
- Gerenciar equipes e otimizar processos;
- Garantir a continuidade de projetos importantes;
- Preparar o terreno para a chegada de um gestor fixo;
- Resolver problemas urgentes e pontuais;
- Entregar resultados em curto prazo, dentro do período contratado.
Quando contratar um gestor interino?
Em certas fases da empresa, adotar o processo de interim management é indispensável para manter a estabilidade e garantir que os resultados não parem. É o que costuma acontecer em momentos de transição, crises inesperadas, expansão rápida ou mudanças estratégicas que exigem liderança experiente.
Além disso, fusões, saída repentina de líderes ou vacância temporária também são situações que pedem alguém que assuma o comando com agilidade. Nesse cenário, o time de RH, sendo proativo, deve identificar essas necessidades e, assim, buscar soluções.
Vantagens da gestão interina para a empresa
O interim management traz uma série de benefícios que ajudam a empresa a enfrentar desafios. Um dos maiores pontos positivos é a rapidez para colocar o gestor em ação: diferentemente do profissional que passa por uma contratação tradicional, que pode levar meses, o profissional interino está pronto para começar quase que imediatamente:
Nesse sentido, Shane Shmuel, diretor financeiro, traz que esses profissionais “chegam com um objetivo ou projeto específico. Isso significa que os funcionários existentes não são sobrecarregados além da capacidade, nem sofrem esgotamento. Ainda, ele complementa que os gestores interinos “também trazem um novo olhar e uma nova perspectiva”.
Esses gestores também têm muita experiência e já passaram por situações similares, o que faz com que tragam soluções práticas e que funcionam. Outro diferencial é que a contratação reduz riscos: evita que a empresa tome decisões precipitadas — característica de um RH reativo — ao admitir um executivo fixo de forma apressada.
Quais os sinais de que uma empresa precisa de gestão interina?
Alguns sinais indicam que a empresa deve, quanto antes, optar pela estratégia de interim management. Veja os principais que mostram quando esse apoio faz toda a diferença:
- Ausência ou saída inesperada de líderes-chave;
- Crises financeiras, operacionais ou de imagem;
- Projetos estratégicos parados ou com atrasos;
- Crescimento rápido que exige estruturação imediata;
- Fusões, aquisições ou reestruturações em andamento;
- Dificuldade do RH em encontrar um executivo fixo no curto prazo.
Qual o perfil de um bom interim manager?
Um bom gestor interino precisa ser alguém experiente, que já passou por diferentes desafios e sabe agir rápido quando a situação exige. Ele precisa ter histórico sólido de liderança, ainda mais em momentos de crise ou mudança, porque essas são as situações em que ele mais vai atuar.
Além disso, deve ter autonomia para tomar decisões e a capacidade de se adaptar rapidamente a novos ambientes e equipes. Sobre isso, Mario Marafona, consultor financeiro e de investimento, ressalta aspectos que se conectam ao perfil desse gestor:
“Este profissional, ao contrário de um consultor tradicional, assume funções executivas e a responsabilidade direta pela implementação e entrega de resultados. Pode intervir como CEO, CFO, COO, CTO ou noutras funções de liderança, normalmente durante um período de 3 a 12 meses”
Principais habilidades técnicas e comportamentais
Tecnicamente, o gestor interino tem de dominar a gestão de projetos, processos e estratégias de negócios. Também precisa conhecer ferramentas para analisar resultados, além de ter experiência em conduzir transformações organizacionais.
Axel Buchecker, que atua justamente com serviço de realocação para empresas, explica que, além de uma “visão neutra sobre o problema e/ou desafios”, o interim manager também tem “ampla experiência em diferentes projetos”.
No aspecto comportamental, a resiliência é indispensável. Afinal, ela fará esse profissional lidar bem com pressão e incertezas. Ainda, ter boa comunicação, empatia e saber influenciar pessoas também são habilidades que devem estar presentes no interim management.
Por que o perfil sênior é essencial na gestão interina?
A gestão interina normalmente acontece em momentos críticos, que exigem experiência para evitar erros caros. Por isso, o perfil sênior é essencial: esse profissional já enfrentou crises, reestruturações e processos complexos, logo, sabe exatamente como agir.
Além disso, um gestor sênior tem uma visão estratégica ampla e o peso necessário para influenciar decisões e ganhar a confiança da equipe rapidamente. Essa experiência ajuda a empresa a passar por fases difíceis com mais estabilidade e melhores resultados.
Como contratar um gestor interino?
Para contratar um gestor interino, o primeiro passo é definir claramente o desafio que a empresa quer resolver, e, depois, buscar profissionais com experiência no setor e no tipo de projeto que precisa ser conduzido. Entenda melhor a seguir:
Como funciona o processo de recrutamento para esse cargo?
O processo de recrutamento de um gestor interino começa com um alinhamento claro sobre os desafios da empresa e o perfil ideal. A busca costuma ser ativa, feita por consultorias, redes de contatos ou plataformas especializadas, como a Telos.
Ainda, na contratação, os candidatos passam por entrevistas focadas em experiência prática, perfil comportamental e capacidade de atuação sob pressão. Com o profissional escolhido, define-se o modelo de contrato e as metas para garantir o sucesso.
CLT ou PJ? Quais os modelos de contrato e remuneração para gestores interinos
O gestor interino é um profissional muito qualificado, com ampla experiência e habilidades que levam tempo para serem desenvolvidas na prática, por isso, é comum que ele tenha um custo elevado para a empresa.
No Brasil, a forma mais comum de contratar um gestor interino é como pessoa jurídica (PJ). Esse modelo permite que o contrato tenha tempo e funções bem definidos, além de ajudar a reduzir os custos fiscais para a empresa.
A contratação via CLT, embora ofereça maior segurança trabalhista para o profissional, é menos utilizada justamente por trazer encargos mais altos para a empresa. Além disso, nesse modelo, há menor flexibilidade em contratos temporários.
Como garantir o sucesso da liderança interina na empresa?
Para garantir o sucesso da estratégia de interim management, é preciso integrar o gestor à cultura e aos valores da empresa desde o começo. É um jeito de facilitar a comunicação com os times e alinhar expectativas para adotar as mudanças necessárias.
Como traz Paulo Jorge, sócio-gerente da EasyTalent, há interim managers experientes “em todas as áreas da cadeia de valor, prontos para a sua próxima missão e para colocar a sua empresa um passo à frente da concorrência”, então, após contratá-los, basta a empresa direcioná-los estrategicamente para assegurar o sucesso dessa nova liderança.
Ainda, é importante acompanhar o progresso com reuniões regulares para avaliar resultados e, quando necessário, discutir desafios e ajustar estratégias. Essas medidas já aumentam as chances de trazer transformações positivas na empresa.
Conclusão
O interim management, seja pelos dados apresentados, seja pelo que profissionais das áreas dizem, trata-se de uma solução inteligente para empresas que precisam de agilidade, experiência e foco em resultados.
Como abordado ao longo deste artigo, optar por esse tipo de gestão é, por vezes, a única alternativa que uma empresa tem para garantir a continuidade de suas operações, como em momentos de crise.
Afinal, um gestor interino, por ter perfil sênior, visão prática e atuação direta, assim que é contratado, já está pronto para liderar e entregar valor em pouco tempo, e isso acontece independentemente da forma que a empresa decidir contratá-lo: PJ ou CLT.
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