Microestresse no trabalho: causas e consequências
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Time Pontotel 14 de maio de 2025 Gestão de Pessoas

Microestresse no trabalho: entenda como pequenas ações podem impactar a saúde mental dos colaboradores

Entenda como o microestresse no trabalho pode afetar os colaboradores e o que as empresas podem fazer para evitar esse problema.

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Clientes que pedem várias alterações no projeto, reuniões que poderiam ser um e-mail e mudanças inesperadas no time são algumas situações comuns no dia a dia das empresas. Embora sejam considerados apenas parte da rotina, esses acontecimentos podem ser gatilhos para o chamado microestresse no trabalho.

Diferentemente do estresse tradicional, esse fenômeno não gera consequências imediatas, mas tem efeitos cumulativos. Se não for bem gerido, pode resultar em problemas de saúde mental, queda na produtividade e até mesmo aumento das demissões voluntárias.

Este artigo explicará quais as características do microestresse, quais os seus impactos no ambiente de trabalho e o que o setor de Recursos Humanos (RH) pode fazer para minimizar esses problemas. Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:

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Boa leitura!

O que difere o microestresse da classificação tradicional do estresse no trabalho?

imagem de um homem com as mãos na testa, representando o micro estresse no trabalho

O estresse tradicional no trabalho é fácil de identificar. Ele surge quando o colaborador enfrenta situações desafiadoras, mas pontuais e intensas. Por exemplo, trabalhar com prazos apertados, lidar com conflitos abertos, estar sobrecarregado de tarefas ou enfrentar mudanças organizacionais bruscas. 

Esses eventos provocam reações físicas e emocionais claras, como aumento da frequência cardíaca, ansiedade ou irritação. Já o microestresse é um problema silencioso e cumulativo. Entenda suas características a seguir:

Quais são as principais características do microestresse?

O microestresse no trabalho é caracterizado por pequenas tensões e pressões que se acumulam ao longo do dia. Ele surge em interações cotidianas aparentemente insignificantes, mas que deixam o corpo em alerta. Por exemplo, uma pequena crítica de um colega ou um e-mail inesperado com uma tarefa extra.

O corpo até reage a esses eventos aparentemente insignificantes com o aumento da tensão muscular e a liberação do cortisol (o hormônio do estresse). Porém, a mente não registra conscientemente esses gatilhos. Ao longo do dia, o corpo acumula todas as consequências desses eventos.

Por isso, muitas pessoas se sentem exaustas no final do expediente sem saber exatamente o motivo. Na realidade, elas estão sofrendo os efeitos do acúmulo constante e invisível dos microestresses, o que torna esse problema mais difícil de ser identificado.

Qual a relação entre o estresse no trabalho e a baixa remuneração?

Segundo o Guia Salarial 2025 da Michael Page, a baixa remuneração é a principal causa de estresse no trabalho. Mais da metade dos entrevistados (58,7%) considera que as tarefas exigidas em seus postos de trabalho não correspondem ao salário oferecido pela empresa.

Isso ocorre porque a baixa remuneração gera um sentimento de desvalorização e falta de reconhecimento. Esse cenário pode gerar consequências negativas, como desmotivação, aumento de rotatividade e menor produtividade. 

Processos engessados geram microestresse nos colaboradores?

Sim, processos engessados são rígidos e burocráticos, o que retira a autonomia dos funcionários e elimina a flexibilidade nas tomadas de decisões. Por isso, segundo o Guia Salarial 2025, 37,8% dos entrevistados consideram que a falta de participação nas decisões e controle sobre processos aumenta o estresse no trabalho.

Impactos de um ambiente de trabalho estressante

Um ambiente de trabalho estressante não afeta apenas a saúde mental dos colaboradores. Ele também prejudica a produtividade, o clima organizacional e os resultados da empresa. Confira a seguir outras consequências negativas desse problema:

Para os colaboradores:

Para as empresas:

Como mapear os colaboradores mais afetados pelo estresse no trabalho?

As empresas podem usar diferentes estratégias para mapear os colaboradores mais afetados pelo estresse no trabalho e adotar medidas para minimizar esse problema. Para isso, elas podem conduzir pesquisas de clima organizacional periodicamente e avaliar o desempenho dos colaboradores

Também é importante analisar a frequência dos funcionários, avaliar os indicadores do RH e realizar avaliações de feedback 360 graus. Tudo isso pode fornecer dados que ajudam a identificar padrões de estresse entre os colaboradores.

Existe legislação que regulamenta práticas para empresas lidarem com o estresse?

Sim, a legislação brasileira contém vários dispositivos para proteger os trabalhadores do estresse ocupacional. Um deles é a própria Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que regulamenta o trabalho dos funcionários contratados em regime celetista. 

Além das disposições da CLT, as empresas devem seguir as orientações das normas regulamentadoras (NRs), como a NR-17. Outra legislação importante é a Lei 14.831/2024, que instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental no Brasil. 

Qual a relação entre o microestresse e os riscos psicossociais?

Os riscos psicossociais são fatores presentes no ambiente de trabalho que podem afetar o bem-estar psicológico e social dos trabalhadores. Eles incluem problemas como sobrecarga, assédio moral, pressão por metas excessivas, falta de suporte e conflitos interpessoais.

Esses fatores podem atuar como gatilhos para os microestresses diários. Se os riscos persistirem e o estresse não for gerenciado, com o tempo, o colaborador pode desenvolver problemas mais graves, como depressão e síndrome de Burnout.

Como prevenir os riscos psicossociais?

Para prevenir os riscos psicossociais no trabalho, as empresas devem seguir as orientações da NR-17. Essa norma determina que as condições de trabalho devem ser ajustadas conforme as características psicofisiológicas dos funcionários.

Por isso, as organizações devem investir em estratégias de monitoramento dos sinais precoces de adoecimento mental, como coleta de feedbacks e realização de pesquisas de clima organizacional.

Além disso, elas devem incentivar a participação ativa dos colaboradores para que possam contribuir para a identificação dos riscos psicossociais e a avaliação da eficácia das medidas adotadas. Com base nesses dados, as organizações devem adotar medidas para integrar no seu programa de promoção de saúde mental.

Mudanças na NR-1

A NR-1 é a base das normas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) no Brasil. Ela foi alterada em 2024 para incluir orientações relacionadas aos riscos psicossociais. Segundo o texto, a partir de 26 de maio de 2025, as empresas serão obrigadas a identificar, avaliar e controlar esses riscos. 

Essas informações precisam ser incluídas no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que também é exigido das organizações. Caso contrário, elas podem sofrer penalidades severas, como multas e interdições.

Estratégias que o RH precisa adotar para evitar o microestresse no ambiente de trabalho

O RH pode adotar diversas estratégias para ajudar os colaboradores a lidarem com as sobrecargas diárias e evitarem o estresse cumulativo. O primeiro passo é incentivar os funcionários a reconhecerem as pequenas situações de pressão ao longo do dia

Ao identificar essas situações, o colaborador pode adotar estratégias para lidar melhor com elas. Para apoiar esse processo, o RH pode investir em treinamentos focados em comunicação não violenta (CNV), inteligência emocional e escuta ativa, por exemplo.

O setor também pode promover a criação de um sistema de comunicação claro, no qual colaboradores e líderes tenham conversas estruturadas sobre prioridades e impactos das mudanças.

Outra estratégia importante é incentivar os colaboradores a delegar tarefas sempre que possível e buscar alinhamento com seus gestores. Isso ajuda a evitar a sobrecarga de trabalho e o estresse de lidar com essas situações de forma isolada.

Papel do RH na prevenção do estresse e cuidados com o clima organizacional

O RH pode implementar diversas estratégias que promovem a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores. Além de mapear os funcionários com problemas de estresse, o setor pode desenvolver políticas internas e treinamentos para mitigar o estresse no trabalho, criando uma cultura organizacional mais saudável.

O departamento de Recursos Humanos também pode incentivar a colaboração e a confiança entre os times para fortalecer o clima organizacional e prevenir o estresse. No entanto, é importante lembrar que o setor não pode lidar com isso sozinho, como explica Bruno Rodrigues, CEO e cofundador da GoGood:

As questões de bem-estar são muito, muito complexas para o RH conseguir endereçar sozinho. A primeira dica é que o bem-estar precisa ter uma preocupação global dentro da companhia. O RH precisa envolver a diretoria e precisa ter a capacidade de mostrar a importância desse tema para a diretoria e, de fato, colocar esse projeto para rodar.”

Cuidados com a saúde mental além das prevenções ao estresse no ambiente de trabalho

Manter uma boa saúde mental vai além de evitar situações estressantes. Isso também exige outras ações proativas relacionadas ao estilo de vida, às relações sociais e ao autocuidado. Confira a seguir alguns cuidados que ajudam os trabalhadores a minimizar o microestresse no trabalho e na vida:

  • Definir limites claros entre o trabalho e a vida pessoal;
  • Dedicar tempo a atividades não relacionadas ao trabalho, como lazer e hobbies;
  • Dormir bem;
  • Beber água ao longo do dia;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Praticar exercícios físicos regularmente;
  • Socializar com amigos e familiares;
  • Melhorar a gestão do tempo.

Conclusão

O microestresse no trabalho é composto por pequenos gatilhos diários e aparentemente insignificantes que, quando acumulados, impactam a saúde e o desempenho do funcionário. Diferentemente do estresse convencional, esse fenômeno é difícil de ser percebido.

No entanto, o acúmulo gradual de tensões pode levar a problemas como ansiedade, depressão e até burnout, afetando a produtividade e o bem-estar no longo prazo. Para minimizar e prevenir esses problemas, a legislação oferece dispositivos que orientam as empresas a criar ambientes de trabalho mais saudáveis, como a NR-1.

Além de seguir as orientações legais, a empresa deve contar com o apoio do RH para adotar estratégias que promovam a prevenção e a gestão do microestresse, como treinamentos e políticas internas específicas. Essas ações precisam envolver toda a organização, para que sejam incorporadas à cultura corporativa.

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