A subordinação no trabalho define o vínculo entre empregado e empregador em que há obrigações recíprocas, mas com poder diretivo atribuído a quem assume a posição de comando. Esse conceito está presente desde as primeiras horas do Direito do Trabalho no Brasil, sendo um dos critérios que caracteriza uma relação de emprego.
Entender o que é subordinação é indispensável para que empresas e profissionais harmonizem expectativas, garantam direitos e evitem abusos de poder. A ausência de clareza sobre essa questão pode causar conflitos internos, problemas legais e desgaste nas equipes.
Além de definir obrigações, a subordinação trabalhista exige limites bem desenhados: quando bem aplicada, ela sustenta disciplina, responsabilidade e resultados; quando mal aplicada, pode se transformar em autoritarismo, prejudicando o ambiente de trabalho e a saúde do time.
“Precisamos alinhar o que a pessoa busca em sua carreira com o que a empresa espera dessa pessoa”, afirma Cristina Pereira, coordenadora de operações na Comunitive.
Este texto abordará sobre:
- O que significa subordinação?
- O que caracteriza subordinação no trabalho?
- Quais são os tipos de subordinação?
- Qual a diferença entre subordinação e autoritarismo?
- Como aplicar a subordinação de forma saudável e eficaz?
- Quais são as consequências de uma subordinação mal conduzida?
Continue a leitura para entender tudo sobre subordinação e como criar vínculos empregatícios saudáveis e produtivos!

O que significa subordinação?
A subordinação no contexto trabalhista refere‑se ao dever que o empregado tem de obedecer às ordens e diretrizes do empregador, bem como de sujeitar-se aos controles inerentes à execução do trabalho. Ela é um dos elementos que definem a relação de emprego, segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), combinada com pessoalidade, onerosidade e não eventualidade.
Segundo Maurício Godinho Delgado, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e autor do Curso de Direito do Trabalho, a subordinação é “o estado jurídico em que se coloca o trabalhador em face do empregador, no contrato de emprego, submetendo-se ao poder diretivo deste”.
Portanto, existe a subordinação jurídica, na qual o empregador tem poder de direção e decisão, e o empregado deve cumprir ordens, respeitando limites legais. Entenda melhor com o exemplo abaixo:
“Gestora: João, precisamos que o relatório de desempenho esteja pronto até sexta. Você acha que consegue entregar nesse prazo?
Colaborador: Sim, consigo. Devemos incluir os indicadores do último trimestre ou apenas os dados do mês atual?
Gestora: Boa pergunta. Inclua só os dados do mês atual, mas, se tiver tempo, acrescente uma análise comparativa com o trimestre para enriquecer.
Colaborador: Perfeito. Vou me organizar dessa forma e te envio até sexta.”
Aqui, é possível ver a subordinação de forma equilibrada: o líder define prazos e diretrizes, enquanto o colaborador obedece, mas também participa ativamente com perguntas e sugestões. Isso demonstra respeito à hierarquia sem cair no autoritarismo.
O que caracteriza subordinação no trabalho?

A subordinação se manifesta por meio de diferentes características visíveis na jornada de trabalho:
- O poder de gestãodo empregador, ou de seus representantes, que estipulacomo, quando e onde o trabalho deve ser realizado;
- O empregado tem a obrigação de seguir as instruções, a menos que essas ordens violem a lei ou o contrato;
- A prestação de serviços de forma não esporádica, ou seja, regular ou recorrente;
- A onerosidade, que implica que existe uma remuneração em troca do serviço prestado;
- A pessoalidade, uma vez que o serviço é realizado pela pessoa física, geralmente de forma exclusiva ou com uma clara identificação do empregado.
Compreender essas características ajuda a diferenciar a subordinação legítima de situações abusivas. Dessa forma, é possível analisar os diferentes tipos de subordinação que existem nas relações de trabalho e como cada um deles se manifesta no dia a dia das organizações.
Quais são os tipos de subordinação?
Há distinções de natureza da subordinação que ajudam a entender diferentes formas de exercício da autoridade no trabalho:
- Subordinação jurídica: é a clássica, prevista na CLT e na doutrina, na qual existe poder diretivo, controle, dever de obediência, sob as regras legais;
- Subordinação estrutural: àquela que decorre das condições do ambiente de trabalho ou das formas de contratação (por exemplo, regimes de trabalho intermitente ou adaptado), mesmo que o controle direto seja menor;
- Subordinação técnica e operacional: quando o empregado se submete a métodos, processos, tecnologias ou padrões técnicos definidos pelo empregador ou pela organização, como procedimentos internos, qualidade, prazos etc.
Ao conhecer os diferentes tipos de subordinação, fica mais fácil identificar como esse vínculo se aplica nas relações de trabalho. O próximo passo é distinguir essa prática necessária do autoritarismo, que representa uma distorção do poder de direção.
Qual a diferença entre subordinação e autoritarismo?
A subordinação é um aspecto legal e indispensável dosem contratos formais de trabalho. Já o autoritarismo ocorre quando esse poder de direção extrapola limites razoáveis, tornando‑se opressivo, sem espaço para diálogo ou consideração dos direitos e das necessidades da equipe.
Enquanto a subordinação opera dentro de regras contratuais, legislação e respeito à dignidade, o autoritarismo viola a liberdade, cria medo, humilhação ou insegurança.
A subordinação busca disciplina, eficiência e clareza; o autoritarismo leva à desmotivação, resistência e desgaste emocional.
“Se o colaborador não tem abertura para pedir um dia extra ou para reclamar de algo que não está funcionando, isso se torna um problema. A abertura para feedbacks, positivos ou negativos, é essencial para um ambiente saudável”, reforça Cristina Pereira, coordenadora de operações na Comunitive.
Veja um exemplo de autoritarismo:
“Gestora: João, precisoo relatório de desempenho pronto até amanhã de manhã.
Colaborador: Mas eu já tenho três entregas marcadas para amanhã. Posso organizar os prazos com a equipe para conseguir encaixar o relatório?
Gestora: Não. Apenas faça o que eu pedi.”
Nesse caso, há ausência de diálogo, falta de escuta e imposição de ordens sem considerar prazos ou sobrecarga de tarefas. Isso caracteriza autoritarismo, porque extrapola os limites da subordinação trabalhista e pode levar a desgaste emocional, queda de produtividade e até passivos jurídicos.
Como aplicar a subordinação de forma saudável e eficaz?
Aplicar subordinação com equilíbrio permite que a organização mantenha ordem e desempenho sem gerar um ambiente de trabalho tóxico. Aqui vão práticas eficazes:
Defina regras claras e documentadas
Estabelecer normas, funções, responsabilidades e formas de avaliação por escrito ajuda a evitar ambiguidades. Isso inclui regulamentos internos, códigos de conduta e manuais de boas práticas no trabalho.
Estabeleça comunicação constante e transparente
Deve-se investir em capacitação profissional para líderes e gestores aprenderem a dialogar sobre expectativas, mudanças e feedbacks. Uma comunicação assertiva evita mal‑entendidos e promove confiança.
Dê autonomia e envolva a equipe
Também é importante incentivar a participação nos processos decisórios onde for possível. Autonomia reduz sensação de controle excessivo e aumenta o engajamento de funcionários.
Reconheça resultados e conquistas
Por fim, valorizar as conquistas e os resultados reforça atitudes positivas no ambiente de trabalho. O reconhecimento pode trazer motivação e mostrar que a subordinação não anula o mérito nem limita a iniciativa dos colaboradores.
Quais são as consequências de uma subordinação mal conduzida?

Uma condução inadequada da subordinação pode comprometer o desempenho organizacional e o bem-estar dos colaboradores. Quando mal aplicada, ela reduz engajamento, gera conflitos internos e aumenta a rotatividade. Além disso, práticas autoritárias ou desrespeitosas expõem a empresa a riscos jurídicos e passivos trabalhistas significativos. Entenda melhor:
1. Queda de produtividade e engajamento
Quando os empregados sentem que suas vozes não são ouvidas, ou que estão sob controle excessivo, a motivação no trabalho cai. As pessoas produzem menos quando se sentem desvalorizadas ou sobrecarregadas.
2. Conflitos e rotatividade de equipe
O autoritarismo provoca atrito entre liderados e líderes. Isso aumenta o turnover (rotatividade), gera absenteísmo e pode fragilizar a cultura organizacional.
3. Riscos jurídicos e passivos trabalhistas
Desrespeitar as leis trabalhistas (por exemplo, ordens ilegais, violações de direitos) pode resultar em ações na Justiça do Trabalho, multas, indenizações ou condenações. A CLT exige subordinação, porém limitada ao que for permitido por lei.
Em resumo, a má gestão da subordinação não afeta apenas a motivação e a convivência entre equipes, mas pode comprometer o crescimento sustentável nas empresas. Negócios que não estabelecem limites claros entre autoridade e autoritarismo tendem a enfrentar maiores despesas operacionais, instabilidade interna e desafios jurídicos, o que reforça a importância de uma liderança equilibrada e consciente.
Conclusão
A subordinação no trabalho define o relacionamento de comando, obrigações e controle entre empregador e empregado, sendo requisito legal para a configuração da relação de emprego no Brasil. Caracteriza‑se pela existência de dever de obediência, continuidade, pessoalidade e onerosidade.
Quando aplicada com clareza, transparência, respeito e reconhecimento, a subordinação torna‑se instrumento de boa governança interna, promovendo coesão, performance e segurança jurídica.
Por outro lado, se for imposta de forma autoritária, sem considerar limites legais e humanos, pode causar prejuízos visíveis na produtividade, clima organizacional e gerar riscos judiciais.
Investir em capacitação profissional voltada à gestão de equipes e aplicação adequada da subordinação fortalece a liderança e reduz riscos internos. Cursos, treinamentos e consultorias especializadas oferecem ferramentas práticas para alinhar autoridade e respeito, promovendo ambientes de trabalho mais colaborativos e produtivos.
Além disso, programas que abordam liderança humanizada, comunicação não violenta, gestão de conflitos, inteligência emocional e compliance trabalhista são especialmente eficazes para preparar gestores e equipes na condução equilibrada da subordinação.
Continue acompanhando o blog Pontotel para entender como criar bons vínculos empregatícios e um ambiente de trabalho equilibrado.

O Time Pontotel é composto por especialistas em administração, recursos humanos, direito e tecnologia, com experiência em controle de ponto digital e legislação trabalhista. Nossos recursos vêm de fontes oficiais, como o site do Governo Federal e a CLT. Além disso, passam por uma revisão conjunta do departamento jurídico e de Recursos Humanos. Esse processo assegura dados precisos e atualizados, convertendo alterações legislativas em diretrizes claras para empresas que desejam eficiência e conformidade.
 
         
    


