A empresa sem hierarquia se diferencia por adotar um modelo de gestão horizontal. Como o nome indica, neste modelo, não há uma hierarquia nem a criação de relações de poder que separam chefes e subordinados. 

Embora essa estrutura organizacional exista desde a década de 1960, ela se tornou tendência depois que algumas startups do Vale do Silício e gigantes como Google, Uber e Netflix passaram a utilizá-la. 

Afinal, essas empresas precisam se adaptar rapidamente às mudanças e apresentar soluções inovadoras e criativas continuamente. 

Essas vantagens não são alcançadas facilmente quando a organização adota a estrutura de hierarquia, mas podem ser conquistadas com agilidade a partir da adoção da gestão horizontal.

Mesmo que não sejam startups ou gigantes do setor da tecnologia, as empresas brasileiras também podem ser beneficiadas por essa estrutura organizacional. 

No entanto, é preciso conhecer suas características e avaliar se elas são compatíveis com o funcionamento e propósito da organização.

Pensando nisso, este artigo explicará quais são as características de uma empresa sem hierarquia.

Para isso, serão abordados os seguintes tópicos:

• O que é e como funciona uma hierarquia empresarial?
• O que é uma empresa sem hierarquia? 
• Quais são as características de uma empresa sem hierarquia?
• Quais são os desafios de uma empresa sem hierarquia? 
• Quais são os benefícios de uma empresa sem hierarquia? 
• Qual o papel do RH na implementação de uma empresa sem hierarquia? 

Boa leitura!

O que é e como funciona uma hierarquia empresarial?

A hierarquia empresarial é um tipo de estrutura organizacional mais utilizada nas empresas. Ela define como as atividades, responsabilidades e autoridades são distribuídas na empresa. Para isso, essa estrutura estabelece a ordem e a relação de poder entre os diferentes níveis de gestão e funcionários. 

Por esse motivo, ela é composta por diferentes níveis hierárquicos. Seu nível hierárquico mais relevante é composto pelo próprio empresário ou por profissionais que compõem a alta administração da empresa, como diretores, executivos e CEO (Chief Executive Officer). 

Eles são responsáveis por tomar decisões estratégicas e orientar o trabalho dos profissionais que atuam a nível tático ou administrativo. Por exemplo, gestores, supervisores, entre outras pessoas que devem implementar as estratégias definidas pela alta administração. 

Por sua vez, esses profissionais gerenciam a mão de obra operacional da empresa, formada por funcionários que realizam as tarefas diárias e operacionais. 

Em outras palavras, as decisões importantes, geralmente, são tomadas nos níveis mais altos, enquanto as decisões operacionais são tomadas nos níveis mais baixos.

Essa cadeia de comando e fluxo de informações deve ser estruturada em um organograma, um documento deve orientar várias decisões estratégicas do negócio. Ele pode ser usado, por exemplo, durante a elaboração do plano de cargos e salários, a definição da cultura organizacional, entre outras questões.

Embora seja a mais usada no mundo corporativo, muitas empresas modernas estão adotando estruturas organizacionais mais flexíveis, como a holocracia.

O que é uma empresa sem hierarquia?

Uma empresa sem hierarquia é um tipo de estrutura organizacional em que há pouca ou nenhuma distinção formal de poder e autoridade entre os funcionários. Nesse caso, a tomada de decisões é distribuída e as tarefas são colaborativas. 

Ou seja, ela é caracterizada pela despersonalização e descentralização do poder. Isso cria um sistema de gestão horizontal que substitui a gestão vertical típica da hierarquia empresarial. 

Para que esse modelo de estrutura organizacional funcione, os colaboradores são incentivados a se comunicar abertamente, compartilhando ideias e feedbacks. Eles também são motivados a trabalhar em equipe e adotar uma postura mais colaborativa no seu dia a dia.

Os colaboradores também têm mais autonomia e são incentivados a fazer uma autogestão eficiente, fatores importantes para que eles se adaptem rapidamente às mudanças e gerenciem seu próprio fluxo de trabalho e responsabilidades.

Por conta dessas características, esse modelo pode ser uma boa estrutura organizacional para empresas em que a flexibilidade e a inovação são essenciais para o sucesso do negócio.

Vale lembrar que empresa sem hierarquia não é sinônimo de holocracia. Na verdade, a holocracia é apenas um tipo de gestão compartilhada que pode ser adotada por essa empresa. Além dela, a organização também pode adotar outros modelos de gestão horizontal, como sociocracia e management 3.0.

Quais são as características de uma empresa sem hierarquia?

Assim como outras estruturas organizacionais, as empresas sem hierarquia também têm suas particularidades. Confira a seguir quais são os diferenciais e as principais características desse modelo de gestão.

Gestão e estrutura horizontal 

O sistema de gestão horizontal é a característica mais notável dessa estrutura organizacional. Nesse sistema, os funcionários têm níveis de autoridade semelhantes e compartilham as responsabilidades e os objetivos da empresa. 

Por isso, eles têm mais autonomia nas tomadas de decisões, são incentivados a colaborar entre si e se comunicar de forma mais direta, sem a necessidade de passar por várias camadas de gestão. 

Cultura de confiança e autonomia 

A cultura organizacional de uma empresa sem hierarquia também deve ser diferenciada para criar um ambiente propício à autonomia e ao empoderamento do funcionário.

Para a empresa funcionar sem essa hierarquia, os funcionários são incentivados a se tornarem mais confiantes e tomar decisões independentes. Isso ajuda a criar um senso de propriedade e responsabilidade que estimula a produção de resultados. 

Tomada de decisões colaborativa

Embora tenham mais autonomia de decisão, os funcionários que trabalham nesse tipo de empresa também são incentivados a agir de forma colaborativa. 

Isso significa que eles também terão de trabalhar em equipe para buscar um consenso em relação a alguma ação, iniciativa ou projeto. 

Afinal, muitas decisões são frequentemente tomadas por meio de um processo colaborativo. Por esse motivo, os colaboradores são sempre incentivados a compartilhar suas perspectivas e ideias, prática que facilita a criação de soluções criativas e inovadoras.

Tudo isso é fundamentado na transparência de decisões e processos, bem como no incentivo ao feedback construtivo e contínuo. Essas características garantem uma maior flexibilidade operacional, facilitando sua capacidade de adaptação e resposta às mudanças, tanto internas quanto externas.

Quais são os desafios de uma empresa sem hierarquia?

Apesar de oferecer várias vantagens relacionadas a flexibilidade, criatividade e envolvimento dos funcionários, empresas sem hierarquia também enfrentam desafios. 

Isso porque não é fácil implementar um tipo de gestão que ainda não é muito usado no mercado e que pode ser desconhecido para muitos profissionais. Além disso, a coordenação das pessoas e atividades também têm suas dificuldades. 

Entenda a seguir os principais desafios relacionados a essa estrutura organizacional.

Dificuldades na definição de responsabilidades

Um dos principais desafios desse tipo de empresa é definir as responsabilidades dos funcionários. Na hierarquia empresarial, os limites das funções de cada cargo são mais claros e fáceis de identificar. Já nas empresas que adotam a gestão horizontal, não existe uma estrutura hierárquica clara. 

Por isso, pode ser difícil determinar quem é responsável por quais tarefas ou decisões no negócio. Sem funções claramente definidas, os colaboradores podem assumir mais responsabilidades do que conseguem lidar, gerando uma sobrecarga de trabalho. 

Além disso, problemas de definição de funções também dificultam a responsabilização dos colaboradores por falhas e erros, o que pode prejudicar as correções e a busca por soluções.

Dificuldade na gestão de conflitos

Empresas sem hierarquia também podem ter dificuldade para gerenciar conflitos, uma vez que não existe uma autoridade estabelecida para intervir e tomar decisões. 

Isso pode ser problemático em um ambiente que exige a negociação e a busca por consenso antes das tomadas de decisões. Afinal, esse tipo de ambiente pode levar ao aumento das tensões e desavenças pessoais, especialmente se não houver processos claros para lidar com desacordos.

Necessidade de equilibrar autonomia e colaboração

Conforme explicado, os funcionários têm mais autonomia para tomar decisões. Ao mesmo tempo, eles são incentivados a colaborar com a equipe. O problema é que nem todos os colaboradores sabem como gerenciar e equilibrar essas duas formas de atuação no seu dia. 

Nesse cenário, encontrar o equilíbrio entre garantir a liberdade aos funcionários e manter uma estrutura operacional eficiente pode ser um desafio.

Para superar esse desafio e as dificuldades anteriores, as empresas que adotam a gestão horizontal precisam implementar sistemas eficientes de comunicação, bem como protocolos claros para tomada de decisões e resolução de conflitos. 

Além disso, elas devem investir na construção de uma cultura forte, que suporta a autogestão e a colaboração. Essa cultura também deve incentivar o desenvolvimento de habilidades interpessoais e de liderança. 

Melhorar o processo de recrutamento e contratar profissionais alinhados a essa cultura também é essencial para superar esses desafios.

Quais são os benefícios de uma empresa sem hierarquia?

O modelo de gestão horizontal da empresa sem hierarquia tem ganhado adeptos e admiradores não só por conta das suas características, mas também pelas suas vantagens. 

Algumas delas já foram mencionadas, como a flexibilidade e a capacidade de criar soluções criativas e inovadoras. Além desses benefícios, esse modelo também aumenta o engajamento e a motivação dos colaboradores.

Entenda a seguir por que a gestão horizontal proporciona essas vantagens.

Estímulo à criatividade e inovação

Por não ter hierarquia e estimular a autonomia e a colaboração dos funcionários, a empresa cria um ambiente em que as pessoas se sentem mais confortáveis para compartilhar ideias, feedbacks e perspectivas. 

Os profissionais também são encorajados a experimentar e aceitar falhas como parte do processo de criação. O resultado disso é a formação de um ambiente que facilita o desenvolvimento de soluções mais criativas e inovadoras.

Maior engajamento e motivação dos colaboradores

Ao oferecer mais liberdade e autonomia no trabalho, as empresas também estimulam o engajamento e a motivação dos funcionários. Isso porque eles se sentem mais à vontade para experimentar e implementar seus projetos. 

Além disso, os colaboradores tendem a sentir um maior senso de propriedade e responsabilidade pelo seu trabalho nesse ambiente. Outros fatores que contribuem para esses benefícios são o estímulo à confiança mútua e o respeito, o que pode melhorar os relacionamentos interpessoais e a moral dos funcionários. 

Adaptação rápida às mudanças

Por fim, a gestão horizontal assegura mais flexibilidade nas operações da empresa. Afinal, essa estrutura organizacional permite a comunicação direta e sem barreiras hierárquicas, além de promover a inovação contínua. 

Por conta dessas características, a organização reage com mais agilidade e eficiência às mudanças no mercado ou no ambiente de negócios.

Qual o papel do RH na implementação de uma empresa sem hierarquia?

O trabalho estratégico do setor de Recursos Humanos (RH) é essencial para a implantação e manutenção da gestão horizontal na empresa. Isso porque o setor pode adotar diferentes estratégias para tornar mais suave e eficiente o processo de transição para esse modelo organizacional. 

Essas estratégias incluem definir políticas internas que estimulam a autonomia e colaboração, criar protocolos de gestão de conflitos, promover treinamentos focados em autogestão e autoliderança, entre outras iniciativas.

Ao mesmo tempo, o RH também pode adotar práticas para assegurar a eficácia contínua desse modelo. O setor pode, por exemplo, investir em estratégias para promover uma cultura organizacional com base em colaboração, autonomia, confiança e respeito mútuo. 

Afinal, esses valores são fundamentais para criar um ambiente de trabalho sem hierarquias, que seja funcional e eficiente. Para isso, o RH deve comunicar efetivamente os valores da empresa e garantir que estes sejam incorporados em todas as práticas de trabalho.

O setor ainda deve adaptar processos como avaliação de desempenho, recrutamento e progressão na carreira para alinhá-los com a estrutura sem hierarquia. Isso é essencial para formar equipes com maturidade e capacidade de executar suas funções mesmo na ausência de hierarquia.

Quando essas atividades são realizadas de forma eficiente, o RH não apenas facilita a adoção de uma gestão horizontal, mas também assegura a sustentabilidade e continuidade desse modelo de gestão.

Conclusão

Embora a empresa sem hierarquia ainda gere desconfiança entre os adeptos da hierarquia empresarial, ela pode ser uma boa estratégia de negócio. 

Conforme explicado, esse tipo de empresa incentiva uma cultura que empodera e responsabiliza os colaboradores pelas decisões e ações organizacionais. 

Isso descentraliza o poder e as tomadas de decisões, colocando os funcionários no papel de protagonistas corporativos. Como resultado, os profissionais se sentem mais motivados e engajados e conseguem criar soluções mais criativas e inovadoras.

Esses benefícios podem fazer a diferença em empresas que atuam em setores mais dinâmicos e em rápida evolução, como tecnologia e comunicação. Assim, elas conseguem inovar e se adaptar rapidamente, garantindo um diferencial competitivo significativo. 

Contudo, é importante criar um RH estratégico para que a adoção e continuidade desse modelo de gestão ocorra com sucesso na empresa. Dessa forma, será mais fácil criar uma cultura de confiança e estimular os colaboradores a abraçar esse modelo de trabalho.

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